segunda-feira, 26 de setembro de 2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Infinity In The Palm Of The Hand


"To see a World in a Grain of Sand
And a Heaven in a Wild Flower,
Hold Infinity in the palm of your hand 
And Eternity in an hour.

A Robin Redbreast in a Cage
Puts all Heaven in a Rage.
A dove house fill’d with doves and pigeons
Shudders Hell thro’ all its regions.
A Dog starv’d at his Master’s Gate
Predicts the ruin of the State.
A Horse misus’d upon the Road
Calls to Heaven for Human blood.
Each outcry of the hunted Hare
A fiber from the Brain does tear.

He who shall train the Horse to War
Shall never pass the Polar Bar.
The Beggar’s Dog and Widow’s Cat,
Feed them and thou wilt grow fat.
The Gnat that sings his Summer song 
Poison gets from Slander’s tongue.
The poison of the Snake and Newt
Is the sweat of Envy’s Foot.

A truth that’s told with bad intent
Beats all the Lies you can invent.
It is right it should be so;
Man was made for Joy and Woe;
And when this we rightly know
Thro’ the World we safely go.

Every Night and every Morn
Some to Misery are Born.
Every Morn and every Night
Some are Born to sweet delight.
Some are Born to sweet delight,
Some are Born to Endless Night. "
William Blake

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Beauty And The Beast


Um dos melhores filmes de animação de sempre. Aquele que é a par de Aladdin o filme que marcou a minha infância.
Este é não só um dos trabalhos mais bem conseguidos da Disney, como uma das mais belas histórias de todos os tempos.
Qualquer criança que veja este filme irá apaixonar-se pelas músicas e imagens que povoam esta obra-prima. Paixão essa que permanecerá muito para além da infância.
A vida que todos os objectos do castelo encantado ganham é uma delícia para os sentidos e à medida que vamos descobrindo aquele que se esconde por trás da figura de monstro vamos compreendendo que as aparências iludem e muito (contrate esse perfeito com a personagem de Gaston).
Bela é uma das primeiras personagens femininas cheias de força e personalidade (ponto esse que se veio a acentuar anos mais tarde com personagens como Mulan, com o filme do mesmo nome, ou Tiana do The Princess And The Frog).
Quer pela lição de vida, quer pela magia do filme, quer pela refrescante abordagem à protagonista feminina, trata-se dum filme imperdível para pessoas de todas as idades.
Deixo-vos a mais fantástica sequência do filme (que vi vezes e vezes sem conta - tantas que ainda hoje a minha mãe se recorda desta música): o jantar de Bela, em que Lumière faz as honras da casa num faustoso e delirante momento dançante:

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Gostava De Saber


Gostava de saber porquê que deixámos o Sr. Sócrates sair calmamente, como se não tivesse contas para pagar.
Gostava de saber porquê que deixamos o Sr. Jardim fazer o que lhe apetece sem prestar contas a ninguém.
Gostava de saber porquê que não punimos civil e criminalmente estes e tantos outros senhores que andam a esmifrar o que resta de nós.
Gostava de saber porquê que teremos de pagar contas que não são nossas.
Gostava de saber porquê que o público vai pagar contas que são privadas.
Gostava de saber porquê que toleramos o intolerável.
Gostava de saber quando faremos nossa a frase de Luther King: “Ninguém nos pisará se não dobrarmos as costas.”

You Do Something To Me


"After silence, that which comes nearest to expressing the inexpressible is music. "
Aldous Huxley

Midnight In Paris

Volta e meia Allen surpreende-nos com um filme duma categoria extraordinária.
À semelhança de Match Point, pode-se dizer que Midnight In Paris é um desses, que ao fugir ao habitual registo, se torna uma lufada de ar fresco.
A base Woodiana permanece, mas a magia da história transporta-nos para outra época, em que vamos descobrir um pouco mais sobre o amor, a vida, a arte e, no fundo, sobre nós próprios.
O filme vai sendo atravessado pelos mais lendários personagens (desde Hemingway a Dali), ao som da  magnífica música de Porter (com os espantosos You Do Something To Me ou Let’s Do It), no seio da encantadora Cidade Luz.
O imaginário é frequentemente povoado por outros locais e outros tempos, quando na verdade, o presente é ele próprio uma dádiva, se decidirmos olhar a chuva com a perseverança de quem ama.

Deveríamos considerar seriamente investir em Allen para filmar as nossas deliciosas cidades, de modo a eternizar Portugal e utilizar esta gigantesca máquina de marketing.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Saudades de Cabo Verde

Quase que voltámos a Cabo Verde: uma tarde carregada de boicotes e imprevistos; uma noite recheada de gargalhadas...
Foi sentida a ausência dos que não puderam estar presentes, mas bebemos um copo por todos eles ;)
Alguns (dos poucos) momentos registados:





















quinta-feira, 15 de setembro de 2011

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Pensamento do Dia

I wish we could be like HAL.

All This Time

All this time: um dos melhores álbuns de sempre, musicas incríveis de momentos memoráveis.

All this time still in my ears...

domingo, 11 de setembro de 2011

A Nossa Marca

Portugal já teve melhores dias, como parecem dizê-lo os noticiários diários. Cada nova notícia é quase uma certeza que os gloriosos anos dourados de Portugal estão há muito idos.
Este ano, como alguns sabem, estive a fazer uma viagem pela Ásia e, por muito que me custe admitir (não sou particularmente fã do designado desporto rei) Portugal é conhecido pelos nomes que pululam o futebol. Refiro-me concretamente a Cristiano Ronaldo e José Mourinho. Em países como India, Tailândia, Cambodja e Vietname, muitas das pessoas que se cruzaram no meu caminho e consequentemente colocavam a pergunta da praxe: “Where are you from?”, reconheciam o nome Portugal como o país destas estrelas desportivas internacionais.
De facto, é de louvar uma arte que consegue alcançar culturas tão diversas e tão distantes geograficamente. Dir-me-ão que hoje está tudo à distância dum click (como aliás já o referi anteriormente) e que a distância geográfica não é relevante. Embora uma parte da afirmação seja verdadeira, quando se viaja para o outro lado do mundo, percebemos que não é bem assim.
Por essa razão é admirável a capacidade que o futebol tem de levar a nossa cultura até povos tão diferentes e distantes de nós.
A música, tal como o futebol, contribui um pouco para a nossa marca no mundo.
Adorava que um dia também o cinema e a literatura conseguissem chegar a tantas e tantas pessoas que reconhecessem de imediato Portugal como a terra de Pessoa, Camões, Lobo Antunes ou Saramago. (Aconteceu-me um episódio brilhante em Nova Iorque, quando identificaram o meu país como o berço de Saramago, situação essa que muito orgulhosa me deixou.) Espero que venham muitas mais assim.
Portugal é um país magnífico, cheio de potencial. Estamos a atravessar uma fase difícil, mas não é a primeira e certamente não será a última. Sempre nos mantivemos fortes ao longo de séculos de existência e somos os melhores em muitos campos, nomeadamente a nível científico e tecnológico. Acho sinceramente que deveríamos ser bombardeados com notícias do tipo “Sabia que…” com todas as novidades boas do nosso querido país, em todo o lado: televisão, rádio, imprensa, transportes públicos. Porque a atitude que mantivermos é crucial para alcançar o rumo.

The Voice

Pensamento do Dia

Já não me lembrava do frio das noites do Porto.

sábado, 10 de setembro de 2011

One Day


Lone Scherfig, a mesma realizadora que nos havia trazido o singular An Education, realiza One Day, um daqueles filmes com a capacidade de nos fazer debruçar sobre a nossa própria existência.
Imperdível!

"O Estado Sou Eu"

Sim: esta frase parece saída dum regime absolutista, mais concretamente dum regime francês de há uns séculos. Mas a frase não podia ser mais transparente e mais aplicável a um estado ideal.
Num estado ideal a liberdade individual termina onde começa a liberdade de outrem. Assim sendo, o ideal seria cada pessoa governar-se a si própria e prescindir dum Governo que o faça. Diz-se que o Governo o faz para o bem comum, para regular o espaço comum dos indivíduos, mas se cada cidadão se regulasse a si próprio, haveria necessidade dum dito Governo?
A questão é: será uma utopia que cada um consiga definir quais os limites entre a liberdade duns e doutros e que essa definição seja concordante?

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Trocando em Miúdos

Portugal e Cabo Verde

Entrevista - Jorge Carlos Fonseca, Presidente da República de Cabo Verde
"Cabo Verde e Portugal podem fazer mais ao nível cultural e empresarial"

Jorge Carlos Fonseca toma hoje posse como presidente da República de Cabo Verde. Em entrevista, defende que o seu país deve aumentar mais rapidamente o ritmo do crescimento económico.
Jorge Carlos Fonseca surpreendeu na segunda volta das eleições presidenciais cabo-verdianas ao derrotar Manuel Inocêncio, o candidato apoiado pelo PAICV, o partido no governo.

Em entrevista por escrito ao Negócios, diz que o turismo, a hotelaria, as Obras Públicas e a consultoria são boas oportunidades de investimento no seu país. E promete ser "uma mais-valia na governação" de Cabo Verde.

Como é que perspectiva o relacionamento entre Portugal e Cabo Verde?
O relacionamento, nos últimos anos, entre Cabo Verde e Portugal merece uma nota muito positiva, embora esteja consciente de que podemos trabalhar ainda bastante no sentido de aprofundar mais intensamente os nossos laços. Ao nível político, diplomático ou institucional, o nosso relacionamento encontra-se perfeitamente maduro. Mas podemos fazer mais ao nível cultural, empresarial e também no que toca à integração das nossas comunidades. O bom relacionamento com Portugal é algo que procurarei estimular permanentemente durante o exercício do meu mandato.

O investimento português em Cabo Verde está estagnado? Em que áreas pode ser incrementado?
O investimento português em Cabo Verde é sempre bem-vindo. Sabemos que o actual contexto económico-financeiro não é o mais propício para o investimento. A situação de crise em Portugal é conhecida, mas estou convicto de que o governo português e as empresas portuguesas serão capazes de encontrar o rumo mais adequado para sair da crise. Quanto às áreas, eu julgo que as oportunidades existem de forma diversificada e abrangente. Do turismo à hotelaria, às obras públicas, passando por consultorias especializadas em diversos domínios, as oportunidades existem.

Está satisfeito com o nível de desenvolvimento do país? Em que sectores considera necessário reforçar a aposta?
Cabo Verde desenvolveu-se bastante nos últimos 20 anos, mas há ainda um longo caminho a percorrer. Quero que deixe de ser um país subdesenvolvido no mais curto período de tempo. Para isso, precisamos de aumentar o ritmo de crescimento económico - actualmente é de 4% ao ano - ao longo de um período relativamente prolongado no tempo. Só assim conseguiremos aumentar o emprego e garantir um país melhoras gerações vindouras. O governo deve ser responsável por definir esses sectores, mas o que posso dizer é o seguinte: devemos ser capazes de aproveitar a capacidade de investimento das nossas comunidades imigrantes, elas serão a alavanca principal de investimento em Cabo Verde nos próximos anos.

Que papel Cabo Verde deve desempenhar na CPLP? Concorda com a adesão plena da Guiné Equatorial à CPLP?
Cabo Verde pode desempenhar um papel importante ao nível do diálogo político e diplomático. Tenho uma ideia pessoal relativamente à CPLP: entendo que ela deve ser mais uma Comunidade de Povos do que uma Comunidade de Países ou Estados. Questões como a livre circulação de pessoas não deve ser excluída no espaço dessa comunidade... Por que não abrir a discussão a esse assunto? Quanto à Guiné Equatorial, devo dizer com toda a frontalidade que devemos encarar à nossa relação com os países africanos de forma totalmente descomplexada, nunca olvidando a nossa especificidade, o nosso modo de estar no mundo, com os nossos valores e princípios. Se a Guiné Equatorial reunir Condições objectivas, condições políticas, de regime, que lhe permitam aderir à CPLP, não vejo porque o assunto não possa ser discutido e decidido abertamente. Neste momento, julgo que não existem condições objectivas, designadamente ao nível da utilização da língua portuguesa, quer por parte da população, quer por parte da administração do Estado, mas igualmente no que toca a pressupostos atinentes a valores, princípios e ideário minimamente comuns que pudessem favorecer uma tal solução.

Como é que será o seu relacionamento com o governo, levando em linha de conta que o PAICV apoiou outro candidato?
O meu relacionamento será de cooperação leal. Trabalharei em estreita cooperação com o governo naquilo que seja o cumprimento do seu programa eleitoral, legitimamente sufragado pelos cabo-verdianos em Fevereiro deste ano. Não sou o presidente da oposição. Sou um presidente actuante, atento ao país real, empenhado no crescimento económico do meu país e na melhoria objectiva, palpável e mensurável da qualidade de vida dos cabo-verdianos. A minha equidistância é absoluta, quer em relação ao partido do governo, quer em relação aos partidos da oposição.
Mas tal não pode significar alheamento perante os desafios e problemas. Exercerei uma magistratura de influência, política e moral, activa, no quadro das competências que a constituição confere ao presidente da República. O que deve traduzir-se, sempre que necessário, numa mais-valia para a governação. Uma voz, de qualquer modo, diferente, autónoma, construtiva.


Portugal é o principal fornecedor

Em 2010, o investimento português em Cabo verde cresceu 184,8% face a 2009, situando-se nos 30,9 milhões de euros. A construção absorve a fatia de leão dos Investimentos, representando 43,5% do total. A par deste aumento de IDE (investimento directo estrangeiro), o valor em causa está ainda muito distante dos 56,345 milhões de euros que foram contabilizados no ano de 2006. Em termos de balança comercial, Portugal tem sido, nos últimos cinco anos - de 2006 a 2010 -, o primeiro fornecedor de Cabo verde, tendo as exportações atingido os 263,4 milhões de euros.
2011-09-09 08:17
Celso Filipe, Jornal de Negócios

Pensamento do Dia


"Querer-se livre é também querer livres os outros."
Simone de Beauvoir

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Destruição

"Os amantes se amam cruelmente
E com se amarem tanto não se vêem:
Um se beija no outro, reflectido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.

Amantes são meninos estragados
Pelo mimo de amar: e não percebem
Quanto se pulverizam no enlaçar-se,
E como o que era mundo volve a nada.

Nada, ninguém. Amor, puro fantasma
Que os passeia de leve, assim a cobra
Se imprime na lembrança do seu trilho.

E eles quedam mordidos para sempre.
Deixaram de existir, mas o existido
Continua a doer eternamente."

Carlos Drummond de Andrade

Amor - Pois Que É Palavra Essencial

"Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

Ao delicioso toque do clitóris,
já tudo se transforma, num relâmpago.
Em pequenino ponto desse corpo,
a fonte, o fogo, o mel se concentraram.

Vai a penetração rompendo nuvens
e devassando sóis tão fulgurantes
que nunca a vista humana os suportara,
mas, varado de luz, o coito segue.

E prossegue e se espraia de tal sorte
que, além de nós, além da prórpia vida,
como ativa abstração que se faz carne,
a idéia de gozar está gozando.

E num sofrer de gozo entre palavras,
menos que isto, sons, arquejos, ais,
um só espasmo em nós atinge o climax:
é quando o amor morre de amor, divino.

Quantas vezes morremos um no outro,
no úmido subterrâneo da vagina,
nessa morte mais suave do que o sono:
a pausa dos sentidos, satisfeita.

Então a paz se instaura. A paz dos deuses,
estendidos na cama, qual estátuas
vestidas de suor, agradecendo
o que a um deus acrescenta o amor terrestre."

Carlos Drummond de Andrade

Ausência

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."
Carlos Drummond de Andrade

A Sensualidade dos Anos 80

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Falam de Nós na Cidade

"Falam de nós na cidade
Porque dizem que te ofereço
Coisas de que não disponho,
Como se fosse maldade
Dar-te os olhos para berço
E os cabelos para sonho.

Dizem que quando eu me deito
Contigo, uma lua negra
Vem fazer o casamento.
Como se fosse defeito
Saber que a vida não chega
Para o nosso sentimento.

Lá porque o nosso passeio
É uma fuga das grades
Que em cada gesto partimos.
Dão um nome muito feio
Àquelas intimidades
Em que ficando, fugimos.

Dizem que este desatino
É a maldita lembrança
Do pecado original?
Eu só sei que isto é destino
E mesmo que seja herança
É legado natural.

Porque é virtude tocar-te
Tu és mais puro que um deus
Purificas o que afagas.
Meu amor só de afagar-te
A minha mão chega aos céus
E sou mais forte que as pragas."

Natália Correia

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Saudade

"Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido."

Pablo Neruda

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

The End Of A Wonderful Journey



On bended knee is no way to be free
Lifting up an empty cup, I ask silently
All my destinations will accept the one that's me
So I can breathe...

Circles they grow and they swallow people whole
Half their lives they say goodnight to wives they'll never know
A mind full of questions, and a teacher in my soul
And so it goes...

Don't come closer or I'll have to go
Holding me like gravity are places that pull
If ever there was someone to keep me at home
It would be you...

Everyone I come across, in cages they bought
They think of me and my wandering, but I'm never what they thought
I've got my indignation, but I'm pure in all my thoughts
I'm alive...

Wind in my hair, I feel part of everywhere
Underneath my being is a road that disappeared
Late at night I hear the trees, they're singing with the dead
Overhead...

Leave it to me as I find a way to be
Consider me a satellite, forever orbiting
I knew all the rules, but the rules did not know me
Guaranteed

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Ho Chi Min City

Motas aos milhares atravessam as ruas de Ho Chi Min, numa sintonia perfeita e milimétrica com os peões ou restantes veículos.
A terra do rio Mekong é, à semelhança dos países vizinhos, dum verde vibrante que invade o olhar a cada relance.
O rio, apesar da chuva característica desta época, mantém a sua imponência e o seu movimento.
Relativamente perto da cidade é possível visitar os Cu Chi Tunnels, verdadeiras cidades subterraneas utilizadas durante a guerra. Para alem destes dois passeios é possível realizar qualquer outro, bastando para isso contactar qualquer um dos inúmeros agentes de viagem que povoam a cidade. Salienta-se apenas que as distancias aqui são bastante diferentes daquilo que consideramos perto, demorando cerca de 3h para percorrer 150 a 200km.
Respira-se um certo american style na cidade, sobretudo no estilo das fachadas.
Um lugar interessante e cheio da imparável energia que caracteriza o formigueiro das cidades do Oriente.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sempre Bom Recordar...

Lost in Translation

Há sempre algo que se perde nas traduções. Dominar os idiomas é um grande dom. Apesar de expressões universais, há sempre pormenores que escapam na passagem dum para outro idioma. 
Recordo a pelicula com este nome de Sofia Coppola (que vi apenas uma vez no cinema e do qual não ficou o enamoramento que sentia pelo seu filme anterior). Talvez porque, nesse filme, como em muito na vida, há algo subjacente que fica por dizer e o silencio (tal como o sao com mais frequencia as palavras) também pode ser cruel.

Pensamento do Dia

"Twenty years from now you will be more disappointed by the things you didn't do than by the ones you did do. So throw off the bowlines. Sail away from the safe harbor. Catch the trade winds in your sails. Explore. Dream. Discover."
Mark Twain

The Killing Fields

Mais um lugar, testemunha das enormes aberrações que os seres humanos infligem uns aos outros. Espécie estranha esta que não se cansa de perseguir e chacinar o seu semelhante. Alemanha, Uganda, Cambodja ou Ruanda, são apenas alguns dos exemplos mais recentes. Quem diria agora que a passividade deste jardim, o sossego destas arvores, testemunharam alguns dos actos mais atrozes de que há memória. Ate mesmo a imponência das arvores foi usada como arma de destruição de vidas. Abominável.
Fica um momento de reflexão sobre estes actos e todas as vidas que aqui foram ceifadas. Será o poder assim tão importante? Será que temos uma necessidade intrínseca de destruir e arruinar a vida que nos rodeia, em prol de ilusões? 

Angkor Wat

Um dos locais mais fascinantes em que já estive. Vestígio duma civilização poderosa e enigmática, este local é frequentemente associado ao filme tomb raider. O meu filme de referencia para este local é, sem duvida, in the mood for love de Wong Kar Wai.

In The Mood For Love é um daqueles filmes que persistem na memória, quer pelas belíssimas imagens, quer pela estimulante banda-sonora, quer pela atípica história de amor.

In The Mood For Love é um estado de espírito que simultaneamente é corajoso (de alguém que quer e está disposto a arriscar, porque amar é a forma última de redenção) e vulnerável (porque quem está disposto a entregar a alma, arrisca-se a perder a única coisa preciosa que tem).

A maneira do oriente aceitar a vida e cada episódio que sucede duma maneira serena e com uma tranquilidade superior, são objecto de admiração e reflectem a ordem e harmonia com que vêm a vida e os elementos. Este aspecto é particularmente notório na belíssima sequência final quando em Angkor Wat ele faz daquelas paredes um túmulo de segredos e lá deposita o seu coração.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Time To Close

Nham!!!

Experiência deveras interessante a prova de insectos... Logo que possivel um vídeo a (com)provar.

How much?

É uma das frases mais ouvidas nesta cidade, em que consumismo desenfreado convive lado a lado com meditação e despojamento.

Pensamento do Dia

Estou mesmo viciada em agua de côco geladinha.

domingo, 21 de agosto de 2011

Massagem Tailandesa

Há casas de massagens a cada passo. Há para todos os gostos, desde a vigorosa thai massage ate a clássica e sempre saborosa massagem nos pés. Esta modalidade, para alem de muito divulgada, é bastante acessível, sendo que cada massagem aos pés (com a duração de meia-hora) custa o equivalente a cerca de 2euros. A melhor maneira de terminar, mais um intenso dia, em que os pés pedem (ou desesperam) por um mimo.

PING PONG Show

Desengane-se quem pensa que se trata duma efectiva partida de PiING PONG. Este show é bem mais particular do que isso. Desde fumar, escrever, abrir garrafas de coca-cola ate expelir bananas, fitas ou líquidos anteriormente aglutinados: tudo pode ser testemunhado pela audiência. O expoente máximo é o final em que o público é brindado com algo mais convencional, mas digno de verdadeiros ginastas. Um espectáculo interessante, surreal e estranho, apenas possível de presenciar em alguns locais do mundo.

Pensamento do Dia

O segredo é deixar o rio fluir livremente e aceitar o movimento.

Chatuchak Market

Chatuchak market: aos sábados e domingos este curioso e variado mercado pode oferecer quase tudo. Desde insectos com fins gastronómicos até às mais originais pecas de decoração, passando por roupa e acessórios. Uma maneira divertida (porém estafante) maneira de passar o sábado.

Vistos: Cambodja e Vietname

Voltando aos vistos, conforme referi antes, decidimos tratar dos de Camboja e Vietname cá. O de Camboja, supostamente, pode ser feito on arrival (depois confirmo) e custa cerca de 25 dólares americanos. O do Vietname tratamos ca. Com tres dias de intervalo custa cerca de 3000bah; de um dia para o outro custa cerca de 4000bah. A particularidade deste visto é que eles só deixam entrar no pais a partir da data de entrada que se coloca no visto e os 30 dias de visto começam a contar a partir dessa data, mesmo que a pessoa entre no país após a data referida.

sábado, 20 de agosto de 2011

Sitting Budha

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A Estrada da Fé

As religiões são algo fascinante. Como afirmou Gandhi, no fundo são caminhos diferentes que levam ao mesmo sítio: a fé, o amor, a paz interior.
Ao percorrer os inúmeros templos desta cidade não posso deixar de me debruçar sobre a religião onde nasci e os respectivos locais de culto. Onde nasci respira-se sofrimento, como caminho para a libertação. É árduo o caminho da redenção, certeza esta visível - sobretudo - na expressão das estatuas. Por ca, transpira uma paz e serenidade. Tal é visível nas imagens de meditação que nos rodeiam, exprimido - sobretudo - num olhar de reflexão interior das estatuas, um olhar debruçado sobre do próprio.
Apesar dessas diferenças há algo inegável que as une: a fé.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pensamento do Dia

"A invencibilidade esta na defesa; a possibilidade de vitoria esta no ataque."
Sun Tzu em A Arte da Guerra

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

The New World

Uma mae e sempre uma mae: aqui ou do outro lado do mundo, querera sempre o melhor para o seu rebento, colocara a seguranca dele sempre a frente da sua.
Tal como o dinheiro subjuga todos: ocidentais e orientais (todos escravos do consumismo), somos parecidos, similares; quase iguais.
Achamos que as respostas que procuramos estarao do outro lado do mundo, no exotismo de outras civilizacoes, na crenca de outros povos, nas palavras de outras gentes; mas as respostas estao connosco, estao sempre dentro de nos. Mas e tao dificil escutarmos o silencio no frenesim que nos rodeia. E tao dificil conseguirmos chegar as profundezas, quando ha uma enorme agitacao que nos puxa para o ruido.
Um novo mundo pode ser a oportunidade do despertar para uma parte de nos, porque (ja o disse antes) ao viajarmos por outros locais viajamos tambem por nos proprios.
Este aspecto e contraditorio com o anterior, mas e nesta dicotomia que esta a resposta.




Hello Bangkok

Luzes, sons, gente! Meia-noite e parece meio da tarde... Lojas de massagens e saloes de beleza ombreiam com bares e restaurantes e estao tao ou mais pululados do que os primeiros. Uma vida incrivel, cidade carregada de movimento.
Apesar da chuva respira-se energia e ferias pelas ruas, junto ao nosso adoravel hostel (nap park, para quem estiver interessado em vir ca e ficar numa das principais zonas).
Mais do que em Las Vegas, ou ate mesmo Nova Iorque, ha a sensacao de que estamos no centro do mundo.
Brutal!

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Alvida India

A chuva brinda-nos ao despedirmos-nos da Índia. Levamos connosco cheiros, sabores, sons: pedaços dum mundo místico, completamente diferente da realidade que sempre havíamos conhecido. Este pais trata-se dum continente, quer pela sua dimensão, quer por todo o modo de vida adoptado, simultaneamente tão longe e tão perto do nosso. Creio que o que torna a Índia tão especial e a maneira como abraça todos os credos e estilos de vida, permitindo que tudo e todos florescam de forma natural. Jamais esquecerei a enternecedora maneira como fomos recebidas em casa da Garima, por toda a sua família. Foi uma experiência maravilhosa poder privar com seres humanos tão generosos e simpáticos. Obrigada! Fica a promessa e a vontade de voltar para ir conhecer as cidades que ficaram pelo caminho, nomeadamente Amritsar e Varanasi e, claro, o Sul deste grandioso pais.
Phir milenge!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Misticismo da Musica

Como referi anteriormente, o poder da musica e inegavel e inacreditavel, para quem a toma por apenas um conjunto de sons.
Para alem de conseguir provocar os mais diversos estados de espirito, a musica tem o dom de nos transportar para outras epocas.
O que fica, sobretudo, desta viagem, sao os sons carregados de misticismo que se escutam por todo o lado. Desde encantadores de cobras a musica classica indiana, estas melodias preenchem-nos o espirito e fazem-nos sentir mais proximas dos marajas e toda a grandiosidade dos locais que testemunhamos.
A musica acompanhar-nos-a e sempre que ouvirmos estes acordes, voaremos de imediato para o exotismo destas paragens.

Independence Day

Hoje e o dia da independencia da India, comemorado desde 1947. Respira-se uma atmosfera de alegria.
Apesar da chuva as pessoas enchem as ruas, embora o habitual frenesim da cidade esteja mais calmo, visto ser feriado.
E um momento muito especial, poder estar em Delhi nesta data marcante e partilhar com todos os indianos os festejos associados a este dia.

Jaisalmer - Delhi

Dezanove horas de comboio: no comments!

Jaisalmer

Jaisalmer: e uma cidade junto ao deserto de thar.
Trata-se dum adorável local no topo duma colina, cujas ruelas no interior da fortaleza são dum encanto deslumbrante.
A primeira parte do deserto de Thar assemelha-se ao nosso Alentejo. Depois, começam as voluptuosas dunas. A viagem de camelo foi quebrada por uma enorme chuvada (algo inédito no deserto e um fenómeno lindissimo).

Saudades da Sopa da Mama?

A gastronomia indiana e para estômagos fortes. E fácil ficar enjoado de constantes e intensos cheiros. Tudo e extremamente condimentado e as especiarias adornam qualquer prato - ate mesmo a mais singela Sandwich.

Jodhpur

Jodhpur: a cidade azul.
E fácil de perceber esta alcunha do topo do forte da cidade. Este local alberga tres palácios sendo uma das construções mais bem preservadas da Índia, na qual se consegue compreender melhor a magnificiencia do reino dos marajás.
E frequente que o céu fique enfeitado de papagaios de papel.
Uma das cidades mais deliciosas que visitei.

Jaipur

Jaipur: a cidade rosa e uma das cidades mais visitadas da India. Urbanisticamente e uma cidade bem organizada (pelo menos em comparacao com as anteriores).
Esta recheada de templos, palacios e museus.
A principal atracao da cidade e o City Palace (vulgarmente definido como Palacio dos Ventos). Trata-se duma grandiosa construção. Outro dos principais pontos de interesse e um dos locais mais típicos que visit'amos foi o Galwar Bagh (ao qual também se referem como Templo dos Macacos). Este local fica situado numa colina, sendo que no topo se tem uma deslumbrante vista da cidade, junto ao templo do sol.
O nosso guia era um adorável indiano que nos conduziu no seu tuk tuk ao longo das movimentadas ruas da cidade.
O momento alto foi o passeio de elefante. O receio inicial, face ao enorme tamanho dos animais, foi ultrapassado assim que nos aconchegamos no seu dorso, sendo este um momento magico e inesquecível.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Agra


Meios de Transporte... Pormenores

E importante referir que nos comboios nao ha qualquer tipo de indicacao das estacoes, por isso convem estar sempre atento e perguntar as pessoas, quando se aproxima a hora da paragem.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Meios de Transporte

Depois de experimentarmos o famoso riquexo (experiencia deveras interessante e capaz de acelerar os espiritos mais tranquilos), agora nao largamos o adoravel tuk tuk.
O comboio e um dos meios de transporte mais caracteristicos e utilizados, embora a maioria das principais cidades tambem possua ligacoes de camioneta.
Escusado sera dizer que os automoveis tambem pululam pelas ruas.
E tambem frequente vermos cavalos e camelos. Os elefantes sao tambem um pequeno - grande - meio de deslocacao (que se tudo correr bem, experimentaremos amanha).

Pormenores

Alguns pormenores importantes de referir:
- Os espiritos mais sensiveis deverao vir preparados. Usualmente as casas de banho indianas tratam-se dum buraco no chao (embora na maioria dos hoteis e locais turisticos possuam a nossa tipica sanita);
- Nao existe papel higienico: existem umas torneirinhas (uma especie de mini chuveiro) para as pessoas se lavarem;
- Normalmente os chuveiros sao fixos e nao possuem divisoria do restante compartimento;
- E comum e frequente ver imensas pessoas a dormir pelo chao das ruas, sobretudo em grandes metropoles como Delhi ou Jaipur;
- Tipicamente os indianos comem com a mao direita (a mao esquerda e considerada impura, pois e a mao com que se lavam), para alem disso a comida e extremamente condimentada e os sabores picantes sao uma constante em tudo, ate mesmo nalguns sumos;
- E usual que as pessoas se descacem a entrada de templos e a entrada dos lares indianos;
- A primeira coisa que os indianos perguntam e de que pais somos. E tambem comum perguntarem a profissao do pai e se somos ou nao casadas;
- As criancas estao por todos os locais, sobretudo os turisticos (muitas vezes e necessario ter cuidado, pois tratam-se de habeis carteiristas).

Massagem Indiana

Hoje fomos experimentar uma massagem a base de oleos quentes.
Foi uma experiencia intensamente relaxante: uma massagem de corpo inteiro que durou cerca de hora e meia.
Sem duvida, a melhor maneira de comecar o dia.

Agra - Jaipur

A India e composta por 22 estados. Partimos de comboio para um dos mais celebres: o Rajastao. Jaipur e a capital deste estado.
A viagem de comboio durou cerca de 5 horas (293km). Mas foram feitos, confortavelmente e em animada cavaqueira.
A paisagem que nos acompanhou foi magnifica.

O Pais dos Pes Descalcos

As mulheres da India gostam de se arranjar. As mulheres casadas usam lindos e coloridos saris e um bindi a ornamentar a fronte. Os saris sao de tecidos nobres, com luminosas aplicacoes ou geometricos padroes. As mulheres solteiras vestem-se de forma mais casual. Esta situacao e notoria numa grande cidade como Delhi. Ja em cidades mais pequenas, e mais comum ver todas as mulheres vestidas de sari. Nao se veem pernas, nem ombros (escondidos pela indumentaria), apenas as barriguinhas espreitam - atrevidas - dos saris. E raro verem-se saltos altos (apenas ocasionalmente pelas jovens, quando saem a noite). Tipicamente sao usadas sandalias rasas ou pes descalcos.


It's not very far...

As distancias na India sao muito diferentes de Portugal, quer pela dimensao so pais, quer pelos imprevistos que aparecem a cada passo. Para comecar, o transito e caotico e ficar parado durante minutos interminaveis (com buzinas a ladearem-nos) e bastante comum. Para alem disso, e vulgar encontrar a estrada alagada (na epoca das chuvas) ou animais a atravessarem-se no caminho (sobretudo adoraveis e ruminantes vaquinhas). A acrescer a estes pontos, temos o tamanho deste gigante, para o qual 10km se assemelham a 1km dos nossos.
E sobretudo pelo tempo de deslocacao que se compreende a apoteotica diferenca das distancias num pais e noutro.

Agra

Agra e a cidade da celebre joia do palacio. Ha dois edificios magicos ligados por uma historia de amor intemporal. O amor e uma inspiracao. Torna o mundo mais belo, porque as pessoas ficam cheias de vontade de embelezar o mundo e os seus proprios olhos o veem o mundo que os rodeia duma maneira mais bonita.
Prova disso e o mausoleu que foi erguido como representacao dum enorme amor e devocao - tendo esta deslumbrante obra arquitectonica celebrizado toda a India. Estou a falar, como todos sabem, do Taj Mahal.
Para alem desta perola radiante, temos tambem o Forte de Agra, com a sua admiravel imponencia e robustez. Esta cidade e relativamente pequena e apesar do formigueiro de turistas, a confusao nas ruas e substancialmente menor do que em Delhi.
As pessoas sao simpaticas e brindam todos com um delicado sorriso. O chao encharcado e a prova da imprevisibilidade da chuva. O verde invade o olhar a cada passo, como se o arvoredo se quisesse apoderar de cada recanto.
Ao deixar esta joia, levamos a sensacao de que apenas o amor resiste ao tempo e apresenta-se-nos sob todas as formas.

Delhi - Agra

A viagem Delhi Agra foi uma enorme aventura. Imicialmente, previa-se que saissemos as 9h da manha, horario esse adiado pela subita boleia que nos iam dar. Apos mais um passeio por Delhi durante a manha, arrancariamos perto das 12h. Previsivelmente foram surgindo diversos acontecimentos e a saida da cidade teve lugar ja perto das 14h. O que seria uma viagem de cerca de 3h de carro; demorou perto de 5h - em grande parte devido ao transito intenso a entrada de agra. Ao longo desta deslocacao pudemos vislumbrar diversas localidades tipicas, nomeadamente Mathura, onde se encontra um importante templo do Deus Krishna. Chegamos finalmente a Agra, ja perto do por do sol, com o cansaco da viagem no corpo. Antes do hotel, ainda passamos num lar indiano. As pessoas sao duma amabilidade irreal e duma enorme e delicada simpatia. A nossa boleia deiou-nos finalmente no hotel, sendo que ainda os esperava  um transito caotico na viagem de regresso). O hotel fica mesmo perto da joia de agra - que esperamos ver ansiosamente (note-se que este texto foi escrito na noite de 7 de Agosto). Este sera, talvez, o mais internacional dos monumentos indianos. ao nascer do sol la estaremos, junto a joia do palacio.
(A ausencia de pontuacao podera ser uma constante ao longo da viagem, mediante os teclados.)

domingo, 7 de agosto de 2011

Delhi








Delhi

Delhi e uma cidade com uma aura muito própria, uma aura que paira pela cidade impedindo nos de ver o sol - essa e a aura provocada pelo incessante e impaciente movimento (frenético e barulhento) das ruas, vulgarmente designado por poluição. Por ca, mulheres de sari e riquexos misturam-se com todo o tipo de lojas e cores. Há um certo consumismo desenfreado no ar, bem como um misticismo que atravessa quem observa. O transito e absolutamente e inacreditavelmente . Os cheiros são fortes tal como os sabores. O dia começa com pão branco sem sal demolhado num caldo de coco e numa bombástica sopa de picante. Qualquer refeição ca deixa a garganta a arder. O ar e abafado e pesadíssimo. Os cheiros são duma intensidade atroz, invadem as narinas selvaticamente. O acolhedor lar que nos recebe parece um palácio com sinuosas e interminaveis escadarias e o primeiro impacto passou pelo nariz. As portas são enormes e ornamentadas com relevos. Uma das divisões esta repleta de belíssimos e brilhantes saris a arejarem.  O nosso quarto e uma espécie de sótão. A canalização e concebida para pessoas versáteis.  Muitas das pessoas são vegetarianas e quase todos comem com a mão direita, uma vez que a mão esquerda e considerada impura. O hinduísmo e uma religião fascinante, tendo dado origem a alguns dos mais interessantes credos. Existem três deuses principais Vishnu (deus protector) Brahma (deus criador) e Shiva (deus destruidor). Para alem disso existem outras divindades curiosas, nomeadamente Ganesha ou Krishna, com historias deliciosas. Existem representações destes deuses por toda a casa e em diversos locais ao longo das ruas.
Logo que possível serão publicadas fotos.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Waiting for QR234

Doha - aeroporto: local interessante. Temos a loiraca com ar de nórdica e acompanhante dum lado, a senhora com o cabelo tapado em tecido preto a trocar a fralda ao puto mesmo no centro da praça de refeições, temos a senhora de burka mais ao fundo a observar disfarçadamente tudo o que se passa, temos as tripulações atarefadas a atravessarem o hall, temos os quatro jovens árabes de branco e, claro, temos as três tugas no centro de tudo isto a alimentarem-se e a comentarem o que se passa a volta.

Smile and Wave

Bom antes de pisar Delhi ainda temos de pisar Milão (local onde nos encontramos neste momento) e Doha (para quem não saiba - como eu - fica no Qatar). Assim, e tendo em conta as horas de voo (se tudo correr bem chegaremos a Delhi as 8h da manha hora local (2h30 em Portugal)), caso para dizer "just smile and wave"... Este post foi escrito em Milão mas por ausência de net de borla no aeroporto ou com pagamento acessível de forma rápida sem registo, bem como locais com computadores disponíveis, não foi possível publicar o post mais cedo. Louvados sejam os filmes series e jogos disponíveis nos aviões. E sempre bom rever um clássico como o cat on a hot tin roof sobretudo nas nuvens, afinal estamos mais perto das estrelas e do azul celeste dos olhos de newman.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

A Lei de Newton

Voltando mais uma vez a Newton e às suas sábias leis, constata-se que tendo um corpo em inércia ou um corpo em movimento tendência para permanecer no estado em que se encontra, a dificuldade está nos momentos de transição: o início do movimento e - pior - o regresso à inércia.

Pensamento do Dia

"I believe in philosophy."
Hypatia (Rachel Weisz) - Agora

Educação = Futuro?

Há cerca de um ano deixei a sugestão dum esclarecedor e enriquecedor livro de Sir Ken Robinson: The Element How Finding Your Passion Changes Everything.
A original visão de Sir Ken Robinson sobre as angustiantes e estimulantes questões que tornam a existência humana fascinante, continuam a surpreender.
Será a educação a chave de tudo? Até que ponto podemos efectivamente "formar" seres humanos?

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

All Faces Of The Same Man

Insisto nesta obra-prima.
O cinema tem a capacidade de aplacar os espíritos mais inquietos.



What's this war in the heart of nature ?                   
Why does nature vie with itself?
The land contend with the sea?
ls there an avenging power in nature?
Not one power, but two?
                
l remember my mother when she was dying   
Looked all shrunk up and gray.
l asked her if she was afraid.          
She just shook her head.  
l was afraid to touch the death l seen in her.
I heard people talk about immortality,
but I ain't seen it.
l wondered how it'd be when l died.
What it'd be like to know that this breath now
was the last one you was ever gonna draw.
l just hope l can meet it the same way she did.
With the same... calm.
Cos that's where it's hidden -
the immortality l hadn't seen.


Don't Wear Fear




"Don't be shy just let your feelings roll on by
Don't wear fear or nobody will know you're there
Just lift your head, and let your feelings out instead
And don't be shy, just let your feeling roll on by
On by

You know love is better than a song
Love is where all of us belong
So don't be shy just let your feelings roll on by
Don't wear fear or nobody will know you're there
You're there

Don't be shy just let your feelings roll on by
Don't wear fear or nobody will know you're there
Just lift your head, and let your feelings out instead
And don't be shy, just let your feeling roll on by
On by, on by"

Aspetos Práticos

Para além dos pontos anteriormente mencionados, é necessário também ter em consideração alguns aspectos práticos fundamentais:

Diferença horária
Índia: + 5h30
Tailândia, Cambodja e Vietname: +7h

Dinheiro
Índia: rupias
Baht tailandês
Cambodja: riel
Vietname: dong
Nestes três últimos os dólares americanos são vulgarmente aceites.
A rede VISA é comummente utilizada em qualquer um destes países.

Telemóvel
Frequência telefónica: 900 e 1800MHz (Convém arranjar um telemóvel que funcione com as frequências locais).
Indicativos:
Índia: +91
Tailândia: +66
Cambodja: +855
Vietname: +84

Tomadas
Quanto a tomadas, este site poderá ajudar:

domingo, 31 de julho de 2011

The Thin Red Line

Sons e imagens dum dos mais belos poemas de sempre:

"I seen another world. Sometimes I think it was just my imagination."

The Tree Of Life

Terrence Mallick traz-nos mais uma belíssima obra-prima com o seu Tree Of Life.
Esta película, à semelhança de The Thin Red Line ou The New World, trata-se dum poema visível e audível.
No entanto, nesta obra Mallick vai mais longe e a linha de seguimento é praticamente inexistente, alternando uma história específica com imagens de infinita beleza que nos levam ao questionamento do nosso próprio percurso, do sentido do todo, da casualidade do mundo e do poder da natureza.
A luz que nos guia e que existe em cada um de nós é também ela um reflexo da fugacidade de tudo, que o Homem, como ser pensante, tem dificuldade em aceitar - recusa essa certeza, inerente à sua natureza. A permanência é quase uma necessidade intrínseca da condição humana. E a libertação é alcançada pela aceitação da árvore da vida.

I Wanna Race With The Sundown


"I wanna shake, i wanna wind out
I wanna leave this mind and shout
I've lived all this life
Like an ocean in disguise
I don't live forever
You can't keep me here...
I wanna race with the sundown
I want a last breath that i don't let out
Forgive every being
The bad feelings, it's just me
I won't wait for answers
You can't keep me here...
I wanna rise and say a-goodnight
I wanna take a look on the other side
I've lived all these lives
It's been wonderful at night
I will live forever
You can't keep me here..."

Expectativas?

Tenho a dizer que a minha queridíssima cidade está cada vez mais dinâmica. A noite do Porto está cada vez mais viva, desde os concertos ao ar livre no Palácio de Cristal (dos quais tive o prazer de ver Aurea esta noite) passando pelas sessões de cinema fora de sítio, mais um sem número de bares, iniciativas acontecimentos e, acima de tudo, muita gente.
Tanta oferta cultural, aliada ao frenesim de convívios a pôr em dia, não me tem permitido dedicar-me à leitura de informações sobre cada um dos locais a visitar como gostaria.
Por outro lado, o parco ou ausente conhecimento dos locais, permite que não sejam criadas ideias pré-concebidas dos mesmos. Ideias essas que vêm - indubitavelmente - acompanhadas de expectativas.
Considerando que sempre quis fazer esta viagem, não se pode dizer que não pensei nos locais, nas pessoas, nos sabores, nos cheiros, nas paisagens, em tudo o que vou encontrar. No entanto, a panóplia de acontecimentos que tem vindo a tomar lugar é impeditiva de deixar a mente divagar demasiado ou de investigar um pouco mais sobre os locais.
A vontade de ir é imensa, mas as mil sensações que me assaltam, derivadas das vivências mais recentes, nem me têm deixado pensar que é uma realidade que em menos de cinco dias estarei do outro lado do mundo. Parece algo longínquo e um pouco surreal e nem mesmo a início do aconchegamento da mochila me conseguiu convencer.

sábado, 30 de julho de 2011

E agora: o que levar?

Tendo em conta que vamos andar um mês de mochila às costas por países culturalmente diferentes do nosso, é necessário reunir uma lista do que se vai levar.
A ideia é levar o mínimo indispensável, mas considerar que poderemos não ter a facilidade que temos cá em encontrar determinadas coisas.
Assim na lista estão os seguintes artigos:
- Protector solar (fundamental!);
- Palhinhas (é sempre mais seguro);
- Papel higiénico (mais vale prevenir…);
- Roupa leve e confortável (dois pares de calças/calção e tops);
- Sapatilhas e havaianas;
- Bikinis (claro; não podemos deixar de nos banhar no Pacífico);
- Gel desinfectante para mãos;
- Casaco;
- Écharpe (para nos prevenirmos quando tivermos de esconder ombros ou cabeça);
- Toalha;
- Chapéu;
- Óculos de sol;
- Escova de dentes e mini pasta dentífrica;
- Repelente de insectos;
- Comprimidos de enjoo;
- Máquina fotográfica (pequena, leve, resistente e versátil);
- Bloco de notas, para registar as palavras que nos assaltam ao contemplar a paisagem.
Estes são os objectos que nos garantem um mínimo de à vontade e segurança (para além da hidratação: creme de rosto e olhos e, claro, um bom batom).

Vistos e Vacinas

Depois dos voos (ou a par dos mesmos) outro assunto fundamental são os vistos.

Índia:
- Preço: 52€;
- Para além do preenchimento do formulário é necessário fornecer duas fotografias.
O visto é obtido na Embaixada da Índia em Lisboa e demora cerca de 3 a 5 dias úteis.

Tailândia:
- Não é necessário visto quando a estadia no país não excede os 30 dias.

Cambodja:
- Preço: 50€.
Vietname:
- Preço: 97€.
Estes dois vistos são obtidos fora de Portugal, tipicamente através de agências. Após falarmos com pessoas que já haviam viajado pela Ásia, optámos por tratar destes vistos quando chegarmos à Tailândia.

Quanto a vacinas:
Para entrar na Índia é necessário ter a vacina da febre amarela em dia.
Para o Cambodja é recomendável prevenir malária e cólera.
Para o Vietname é recomendável prevenção contra tétano, difteria, febre tifóide e hepatites A e B.

Voos

Pesquisar voos e conjugar preço com escalas não é nada fácil. Após uma intensa pesquisa decidiu-se contactar uma agência, que nos forneceu um excelente itinerário a um preço consideravelmente mais baixo do que estávamos a conseguir nos sites.
Para além disso, as transportadoras aéreas que a agência nos proporciona são mais fidedignas do que as que havíamos pesquisado.

Viagem de Sonho

Depois da minha primeira grande viagem de sonho (Egipto) eis que se segue a minha outra grande viagem de sonho: Ásia.
Desde pequenina que sonhei com faraós, pirâmides, rainhas de olhos de negro e templos apoteóticos. A par desse sonho aparecia também um sonho de construções colossais adornadas por caracteres estranhos, terras de histórias místicas, ruas pululadas de gente, aromas intensos no ar e paisagens cortantes.
Chegou, finalmente, o momento de dar vida a esse outro sonho, de conhecer as terras do oriente.
Infelizmente, por falta de duas coisas das quais somos escravos hoje (tempo e dinheiro) a viagem será de apenas um mês e os países escolhidos serão apenas quatro: Índia, Tailândia, Cambodja e Vietname.
Lançados os pontos desta fascinante viagem, há um longo caminho a percorrer.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Les Pas


Les feuilles ne sont pas morts, elles sont endormis.
Un jour elles vont libérer le monde.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Parabéns Pearl!

Este Verão está recheado de boas notícias musicais: primeiro o novo álbum de Chico e agora um documentário sobre aquela que é uma das maiores bandas de todos os tempos (e aquela pela qual tenho mais carinho): Pearl Jam.
Na comemoração dos 20 anos de lançamento do álbum Ten, surge um documentário sobre a banda.
Pelo trailer:
http://aeiou.expresso.pt/documentario-sobre-pearl-jam-trailer=f664540
promete.
Para além disso é realizado por Cameron Crowe um realizador que está à vontade no mundo da música, tendo começado o seu percurso como jornalista da revista Rolling Stone, vivência essa que inspirou um dos seus melhores filmes: Almost Famous (brevemente um pequeno comentário a esta obra-prima), um belíssimo retrato do universo musical duma geração.
Mais informações relativas à estreia:
http://hitnarede.com/2011/07/pearl-jam-twenty-assista-ao-trailer-oficial-do-filme-documentario-em-comemoracao-aos-20-anos-da-banda/
Mal posso esperar!!!
Will the waiting drive me mad? ;)

The Long Road

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pensamento do Dia

"Perché tutto rimanga com'è che bisogna che tutto cambi." 
Falconeri - Il Gattopardo - Giuseppe Tomasi di Lampedusa

sábado, 23 de julho de 2011

Silêncios e Espantos

"Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Morei numa casa velha,
À qual quis como se fora
Feita para eu Morar nela...
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- Quis-lhe bem como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego.
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De montes e de oliveiras
Ao vento suão queimada
( Lá vem o vento suão!,
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão...)
Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem fôr,
Na tal casa tosca e bela
À qual quis como se fora
Feita para eu morar nela,
Tinha, então,
Por única diversão,
Uma pequena varanda
Diante de uma janela
Toda aberta ao sol que abrasa,
Ao frio que tosse e gela
E ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda
Derredor da minha casa,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos e sobreiros
Era uma bela varanda,
Naquela bela janela!
Serras deitadas nas nuvens,
Vagas e azuis da distância,
Azuis, cinzentas, lilases,
Já roxas quando mais perto,
Campos verdes e Amarelos,
Salpicados de Oliveiras,
E que o frio, ao vir, despia,
Rasava, unia
Num mesmo ar de deserto
Ou de longínquas geleiras,
Céus que lá em cima, estrelados,
Boiando em lua, ou fechados
Nos seus turbilhões de trevas,
Pareciam engolir-me
Quando, fitando-os suspenso
Daquele silêncio imenso,
Sentia o chão a fugir-me,
- Se abriam diante dela
Daquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela,
Em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Na casa em que morei, velha,
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casas que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
À qual quis como se fora
Tão feita ao gosto de outrora
Como as do meu aconchego...
Ora agora,
?Que havia o vento suão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Que havia o vento suão
De se lembrar de fazer?
Em Portalegre, dizia,
Cidade onde então sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
?Que havia o vento suão
De fazer,
Senão trazer
Àquela
Minha
Varanda
Daquela
Minha
Janela,
O documento maior
De que Deus
É protector
Dos seus
Que mais faz sofrer?
Lá num craveiro, que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Poisou qualquer sementinha
Que o vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Achara no ar perdida,
Errando entre terra e céus...,

E, louvado seja Deus!,
Eis que uma folha miudinha
Rompeu, cresceu, recortada,
Furando a cepa cansada
Que dava cravos sem vida
Naquela
Bela
Varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tosca e bela
Á qual quis como se fora
Feita para eu morar nela...
?Como é que o vento suão
Que enche o sono de pavores,
Faz febre, esfarela os ossos,
Dói nos peitos sufocados,
E atira aos desesperados
A corda com que se enforcam
Na trave de algum desvão,
Me trouxe a mim que, dizia,
Em Portalegre sofria
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for,
Me trouxe a mim essa esmola,
Esse pedido de paz
Dum Deus que fere ... e consola
Com o próprio mal que faz?
Coisas que terei pudor
De contar seja a quem for
Me davam então tal vida
Em Portalegre; cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros,
Me davam então tal vida
- Não vivida!, sim morrida
No tédio e no desespero,
No espanto e na solidão,
Que a corda dos derradeiros
Desejos dos desgraçados
Por noites do tal suão
Já varias vezes tentara
Meus dedos verdes suados...
Senão quando o amor de Deus
Ao vento que anda, desanda,
E sarabanda, e ciranda,
Confia uma sementinha
Perdida entre terra e céus,
E o vento a trás à varanda
Daquela
Minha
Janela
Da tal casa tôsca e bela
À qual quis como se fôra
Feita para eu morar nela!
Lá no craveiro que eu tinha,
Onde uma cepa cansada
Mal dava cravos sem vida,
Nasceu essa acáciazinha
Que depois foi transplantada
E cresceu; dom do meu Deus!,
Aos pés lá da estranha casa
Do largo do cemitério,
Frente aos ciprestes que em frente
Mostram os céus,
Como dedos apontados
De gigantes enterrados...
Quem desespera dos homens,
Se a alma lhe não secou,
A tudo transfere a esperança
Que a humanidade frustrou:
E é capaz de amar as plantas,
De esperar nos animais,
De humanizar coisas brutas,
E ter criancices tais,
Tais e tantas!,
Que será bom ter pudor
De as contar seja a quem for!
O amor, a amizade, e quantos
Mais sonhos de oiro eu sonhara,
Bens deste mundo!, que o mundo
Me levara,
De tal maneira me tinham,
Ao fugir-me,
Deixando só, nulo, vácuos,
A mim que tanto esperava
Ser fiel,
E forte,
E firme,
Que não era mais que morte
A vida que então vivia,
Auto-cadáver...
E era então que sucedia
Que em Portalegre, cidade
Do Alto Alentejo, cercada
De serras, ventos, penhascos, oliveiras e sobreiros
Aos pés lá da casa velha
Cheia dos maus e bons cheiros
Das casa que têm história,
Cheia da ténue, mas viva, obsidiante memória
De antigas gentes e traças,
Cheia de sol nas vidraças
E de escuro nos recantos,
Cheia de medo e sossego,
De silêncios e de espantos,
- A minha acácia crescia.
Vento suão!, obrigado...
Pela doce companhia
Que em teu hálito empestado
Sem eu sonhar, me chegara!
E a cada raminho novo
Que a tenra acácia deitava,
Será loucura!..., mas era
Uma alegria
Na longa e negra apatia
Daquela miséria extrema
Em que vivia,
E vivera,
Como se fizera um poema,
Ou se um filho me nascera."
José Régio