terça-feira, 31 de maio de 2011

Regresso à Infância

Bom, depois do top 5, não poderia deixar de revisitar a minha infância e relembrar todos os filmes marcantes desses tempos.
Talvez por todas essas películas de animação que vi em criança, o cinema virou uma grande paixão (isso e os meus pais adorarem a sétima arte e levarem-me religiosamente todas as semanas, desde o momento em que eu consegui ler legendas).
Recordo-me de vários: O Livro da Selva, Cinderela, Branca de Neve e os Sete Anões, A Bela Adormecida, A Pequena Sereia, O Rei Leão, apenas para citar alguns da Disney.
Para mim, os melhores filmes Disney continuam a ser Aladino e A Bela e O Monstro. Tudo nesses filmes é mágico, desde os personagens à lição de moral, passando pelas músicas, os cenários e o guarda-roupa. Todos os vimos vezes sem conta e, de certeza que ainda hoje nos lembramos da maioria das músicas.
Os - já mais recentes - A Idade do Gelo e Shrek são referências imperdíveis, mas o meu preferido de todos é o Monstros e Companhia. A história mais original que já vi e a melhor lição de moral de todos os tempos.
O extraordinário em todos estes filmes é que pensar neles, recordar determinadas cenas, é como voltar à infância. Um dia destes, passavam A Bela e O Monstro num canal local e lá estava eu, de novo com 7 ou 8 anos, no sofá, a acompanhar aquelas canções, onde o castelo encantado dava vida a cada objecto que o habitava.
Mais um dos magníficos poderes do cinema: a capacidade de nos levar à infância.

Candidato a melhor comédia do ano???

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Top 5

Um destes dias perguntaram-me quais os cinco filmes que eu escolheria. - Obviamente que me lembrei logo do Cinco Noites Cinco Filmes da RTP2, que muitos de nós estão a tentar trazer de volta ao pequeno ecrã.
Bom, mas como escolher com apenas os dedos duma mão os filmes da minha vida?
Há títulos que estão inquestionavelmente no topo: The English Patient, The Thin Red Line, The Shawshank Redemption.
Só que após o top 3 vinha o número quarto e o número cinco. Os primeiros que pronunciei foram Almost Famous e Big Fish, mas depois lembrei-me do Into The Wild e esse estaria – garantidamente - em quarto.
Então tenho quatro filmes. Qual será o quinto?
Se considerar todos os filmes mais antigos que vi não poderia deixar de reservar o lugar em falta no pódio para Det Sjunde Inseglet (O Sétimo Selo) ou o Cool Hand Luke ou, ainda, o Cat On A Hot Tin Roof. Ou o Out of Africa ou The Long Hot Summer ou The Prize.
Tinha todo o universo de Kubrick para escolher, sobretudo A Clockwork Orange e Full Metal Jacket.
Teria ainda os mais marcantes de Almodovar como Carne Tremula ou Los Abrazos Rotos.
Vários de Hitchcock: Frenzy, Rear Window, Dial M for Murder, apenas para citar alguns.
Os Tarantino: Reservoir Dogs, Kill Bill (ambos), Jackie Brown ou Inglorious Bastards (curiosamente não consideraria Pulp Fiction).
O colossal cinema de David Fincher, sobretudo Seven e Fight Club.
Teria ainda outro tipo de filmes, diametralmente opostos, como Casino Royale ou Jeux D’Enfants, já para não falar de grandes clássicos como Godfather ou Braveheart.
Se entrasse no magnífico universo da ficção científica títulos como Alphaville, Blade Runner ou Artifical Intelligence estariam certamente no topo.
E nas comédias vêm-me logo à cabeça Sunday In New York ou Nothing To Lose.
São tantos que fica difícil escolher. O mais provável é que no meio deste tipo de listas, muitas obras-primas fiquem perdidas para trás, no meio de numerosos títulos que nos assomam, sendo que o estado de espírito do momento condiciona - inevitavelmente - os nomes de que nos recordamos.
Bem, de todos os que referi para número 5, acho que o que prevaleceria no topo seria O Sétimo Selo de Bergman.

Cinéfilos: desafio-vos a deixarem o vosso top 5 cinematográfico.

domingo, 29 de maio de 2011

Diário de Bordo: Cinema na Praia

http://www.expressodasilhas.sapo.cv/pt/noticias/detail/id/23290

Pensamento do Dia


"The first principle is that you must not fool yourself - and you are the easiest person to fool."
Richard Feynman (11/05/1918 - 15/02/1988)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Diário de Bordo: Momentos



Fomos enviados para a terra de vento.
Não sabendo o que nos esperava,
Embarcámos numa aventura
Que marcaria a nossa juventude.
Entre strelas e kizombas
Cresceu a amizade.
Ficaram momentos de alegria
E a sensação de liberdade.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Harvard College Class Day

Pensamento do Dia

"Calamitosus est animus futuri anxius." Seneca

As Minhas Fugas das Prisões de Veneza por Giacomo Casanova: Excertos

“… é uma solidão que desespera; mas só se pode sabê-lo depois de se passar pela experiência. A partir de então compreendi como se enganam aqueles que atribuem ao espírito do homem uma certa força: tal força é apenas relativa e o homem que a si mesmo se estudasse com rigor encontraria em si somente debilidade. Compreendi que, embora só raramente aconteça que o homem atinja a loucura, é contudo verdade que tal coisa não é difícil. O nosso juízo é como a pólvora, que sendo embora fácil de inflamar só se inflama quando se lhe pega o fogo; ou como um copo que nunca se partirá a não ser que o partam.”

“ Um homem que dorme tranquilamente na prisão, não está na prisão durante o seu doce sono, e o escravo enquanto dorme não sabe que o é, tal como os reis enquanto dormem não governam. Há-de portanto considerar aquele que o acorda como um carrasco que vem privá-lo da sua liberdade e mergulhá-lo de novo na miséria. Acrescente-se que vulgarmente o prisioneiro que dorme sonha que está em liberdade e que essa ilusão lhe faz as vezes da realidade.”

“ Os espíritos fortes que dizem que a oração não serve para coisa nenhuma, não sabem o que dizem: sei que depois de rezar a Deus me achava sempre com mais força. Mais não é preciso para reconhecer a utilidade da oração. Há quem pretenda que esse aumento de força é um efeito natural da matéria tornada mais vigorosa pela confiança que ela obteve por via da oração, e que tal acontece sem que Deus tome parte no processo. Respondo que, uma vez que se admite Deus, Deus toma parte em todas as coisas. Os que têm uma religião dispõem de muitos recursos que os incrédulos não têm. Os primeiros compreendem pouco do que se passa, mas os segundos não compreendem absolutamente nada.”

“… a verdade está escondida num poço, mas quando lhe vem o capricho de se mostrar, toda a gente fica surpreendida e fixa sobre ela os olhares, porque surge completamente nua, é mulher e é bela.”

“O homem erra ao atribuir a si mesmo mérito por aquilo que fez de bom e erra duplamente ao caluniar a fortuna pondo na conta dela os males que lhe acontecem. A minha história mostrará que tomos somos imbecis quando procuramos longe de nós as causas de tudo o que de sinistro nos acontece: directa ou indirectamente, encontrá-las-emos todos em nós mesmos.”

“O maior alívio que pode ter um homem atormentado é sentir a esperança de em breve sair do tormento. Contempla o feliz instante em que verá o fim da sua desgraça; persuade-se de que tal instante não demorará muito a vir e seria capaz de tudo fazer para saber a hora precisa em que esse instante chegará. Mas não há ninguém que possa saber em que instante se dará um facto que depende da vontade de um outro, a menos que lho haja dito esse outro. Porém, o homem que se tornou impaciente e cujas forças se foram esgotando acaba por acreditar que é possível, por algum meio oculto, descobrir o dito momento. Deus, diz ele, tem que saber quando chegará esse momento, e Deus pode permitir que a hora desse instante me seja revelada por um sortilégio. Logo, que o curioso faz este raciocínio, não hesita em consultar a fortuna, disposto ou não a julgar infalível tudo o que esta possa dizer-lhe.”

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Pensamento do Dia

"A água é a única bebida para um homem sábio." Henry David Thoreau

A Água

Ainda no tema Água deixo um poema escandaloso (e algo obsceno, não recomendável a pessoas mais susceptíveis de se sentirem melindradas) desse controverso poeta de nome Manuel Maria Barbosa du Bocage que descreve como ninguém a universalidade da água:

"A Água"

“Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.

Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.”

Bocage (15/09/1765 - 21/12/1805)

terça-feira, 24 de maio de 2011

Diário de Bordo: A Água

Já todos ouvimos que a água é fonte vida.

É algo que, no geral, temos tão presente, que nem nos apercebemos da sua vitalidade.

A água é o bem mais precioso que existe.

É tão vital para nós como o ar que respiramos.

Sem água secamos, mirramos, morremos.

Das mais brilhantes invenções do Homem, os sistemas de saneamento foram, possivelmente, o melhor. É extremamente confortável – eu diria até mesmo fundamental –, mas infelizmente grande parte da população mundial não tem acesso a esse “luxo” e quem o tem não lhe dá o devido valor até esta falhar.

"Enquanto o poço não seca, não sabemos dar valor à água." Thomas Fuller

Não é assim de estranhar que o comunicado infra tenha sido um susto para muitos de nós:

EMPRESA DE ELECTRICIDADE E ÁGUA-SARL

COMUNICADO

A Electra, informa aos seus clientes e público em geral na cidade da Praia que, devido a trabalhos de interligação da Rede Nova ao sistema de Distribuição de água existente, executados no âmbito do 3.º Plano Sanitário da Praia, estará impossibilitada de Produzir e Distribuir Água à Capital, durante o período de 23 de Maio a 28 de Maio de 2011.

Assim, vimos alertar aos nossos estimados clientes para a necessidade de, durante os dias que antecedem esse trabalho imprescindível, terem o cuidado de armazenarem água para cobrir o défice do período crítico acima mencionado.

A ELECTRA apela à compreensão dos seus clientes e público em geral, pedindo sinceras desculpas pelos transtornos provocados.

ELECTRA, S.A.R.L

Felizmente, esta ausência temporária é um mal necessário para garantir melhorias substanciais na rede de saneamento. Um pequeno passo, que fará uma enorme diferença.

A superfície do nosso planeta é constituída por 70% de água. Embora grande parte seja salgada, graças aos avanços da ciência e tecnologia, a água está disponível para quase todos, se forem utilizados métodos adequados para a obter. Para tal, são por vezes necessários investimentos avultados, pelo que não é de estranhar que apenas cerca de 46% da população africana possua água potável.

De acordo com dados das Nações Unidas, mais de um bilião de pessoas não tem acesso a água segura para beber, higiene pessoal e uso médico, sendo que estes números representam cerca de 20% da população mundial.

A falta de água e consequente falta de higiene são um dos principais problemas que muitos países enfrentam para conseguirem progredir.

Foi desenvolvido um programa para ajudar as pessoas a terem acesso a água potável:

http://www.wateraid.org/uk/

Outra pessoa que dá um enorme contributo para esta causa é o admirável Ryan Hreljac:

http://www.ryanswell.ca/

A água é vida, mas realmente apenas quando nos falta valorizamos aquilo que parecemos ter à mão tão facilmente, á distância dum click numa torneira. Talvez seja boa ideia recordarmos isto de todas as vezes que estivermos prestes a deixar a torneira correr ininterruptamente.

A influência do tempo na vida das pessoas

É incrível (eu diria até mesmo apoteótica) a influência que o tempo tem na vida das pessoas.

Poderia estar a falar do tempo que todos temos contado (e bem contado) enquanto andamos por cá, mas refiro-me ao tempo que os elementos atmosféricos provocam.

Mais do que possamos imaginar o clima influencia a nossa vida por completo. É decisivo na roupa que vestimos, no percurso que decidimos tomar, na escolha dos destinos de viagem ou na época do ano em que escolhemos fazer viagens, nas condições dos locais onde determinados eventos tomam lugar e até mesmo nas nossas variações de humor. (Note-se que os dois pontos mais importantes que o tempo influência: colheitas e fenómenos naturais, não serão explorados, devido à óbvia dependência que todos nós como seres humanos temos desses factores.)

Bom, voltando aos restantes pontos, apesar de muitos não parecerem relevantes, possuem uma influência maior do que imaginamos nas nossas vidas. Começa logo pela maneira como nos adornamos, que embora possa parecer fútil é duma importância vital. Quantos de nós já não passamos um dia inteiro com arrepios de frio, porque a temperatura já estava mais baixa do que esperávamos e a roupa que vestimos nessa manhã não era propriamente um agasalho e quantos de nós já não passamos um dia a arder de calor, porque de manhã e ao fim do dia está frio, mas a meio está uma daquelas tardes solarengas, insuportavelmente quente - logo no dia em que decidimos vestir aquela camisola de gola alta, sem uma peça mais leve por baixo…

Quanto ao último ponto, muitos dirão que as variações de humor dependem unicamente do seu portador, no entanto (embora inicialmente eu também fosse desta opinião e obviamente o portador possua uma grande parte de responsabilidade nisso), sou forçada a concordar que as condições climatéricas têm uma influência mais do que considerável no estado de espírito das pessoas. Não é por acaso que em lugares de temperaturas elevadas e sol constante as pessoas vivem a um ritmo diferente e têm uma visão mais relativa e diária da vida e do que lhes sucede. A chuva, embora fonte de vida, tem nas pessoas (não por ela própria, mas sim pela obstrução que as nuvens provocam aos raios do astro rei) um efeito algo melancólico e tristonho nas pessoas. Creio que só se consegue valorizar a sua luz especial perante a sua escassez (assunto que será abordado com maior ênfase no próximo post).

Diário de Bordo: Foto-Reportagem Boa Vista

Deserto de Viana

Stª Mónica

Boa Esperança

Chaves

Igreja de Fátima

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A Lei de Newton

Newton foi um brilhante cientista que deixou o seu contributo à Humanidade com (entre muitas outras coisas) três leis fundamentais. A primeira delas é particularmente interessante, a designada lei da inércia.

Ora bom, o brilhantismo desta descoberta é que para além da sua aplicação aos corpos em movimento ou em repouso, constata-se no dia-a-dia que é igualmente aplicável às mentes.

Ou seja, a mente duma pessoa activa tenderá a manter-se no activo e a mente de alguém inactivo tenderá a manter-se parada.

Interessante também é a influência desta mesma lei na tomada de decisões das pessoas. Uma pessoa habituada a tomar decisões - mesmo que pequenas decisões diárias, importantes para o prosseguimento do dia-a-dia - tenderá a ser uma pessoa mais atenta e eficaz. Uma pessoa não habituada a tomar pequenas decisões será naturalmente uma pessoa indecisa e lenta, com dificuldade em fazer pequenas escolhas.

O grande problema dos indecisos é o tempo que desperdiçam nas mais pequenas tarefas, bem como a consequente falta de consideração pelos outros, seja nos que os acompanham a um determinado local onde a decisão é inevitável, os que esperam pacientemente na fila atrás de si ou ainda a pessoa que os atende. A falta de consideração, não sendo consciente, é existente. É a mesma que a dos ditos descontraídos ou adeptos do “go with the flow”, que no meio das suas pequenas indefinições deixam pessoas penduradas, prazos incumpridos ou tarefas por completar.

Todas estas pequenas consequências são causadas pela poderosa lei da inércia. É assim forçoso ou até mesmo fundamental que tal como os corpos, as mentes sejam exercitadas, sob pena de não restarem muitos neurónios acordados.

domingo, 15 de maio de 2011

The Thin Red Line

Na iminência dum novo filme de Terrence Malick, o poeta-realizador, é imprescindível recordar um dos filmes que mais me marcou. Era o ano de 1998, era apenas uma teen, but still esta foi uma das películas que melhor guardei. É imperativo revê-la 13 anos depois e regressar a toda aquela densidade, aquela barreira invisível entre a luz e a sombra, a vida e a morte.
"I seen another world. Sometimes I think it was just my imagination"

sábado, 14 de maio de 2011

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Pensamento do Dia

"A prayer for the wild at heart kept in cages." Tennesse Williams

quarta-feira, 11 de maio de 2011

The Crystal Ship


"Before you slip into unconsciousness
I'd like to have another kiss
Another flashing chance at bliss
Another kiss, another kiss

The days are bright and filled with pain
Enclose me in your gentle rain
The time you ran was too insane
We'll meet again, we'll meet again

Oh tell me where your freedom lies
The streets are fields that never die
Deliver me from reasons why
You'd rather cry, I'd rather fly

The crystal ship is being filled
A thousand girls, a thousand thrills
A million ways to spend your time
When we get back, I'll drop a line"

Jim Morrison

sábado, 7 de maio de 2011

Diário de Bordo: A Estrada

"Inútil falar destes tempos
melhor
é fazer
acções
fáceis
de
novo
espuma branca das ondas
por mais que me esforçe
durante dias só sei escrever sobre
a espuma branca das ondas
à tardinha espuma branca das ondas
perguntaram-me se sei ler nos olhos das pessoas
o que lhes vai na cabeça:como
poderei?Quem poderá?
O ser humano é astucioso
quem tem olhos ternos
pode ter o coração de ferro
só o brilho refulgente dos olhos bons
interessa
a estrada ah a estrada!"
Vasco Martins

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Det Sjunde Inseglet by Bergman

Um dos melhores filmes que já vi, dum dos melhores realizadores de todos os tempos, merecia um elogio completo e extenso.
Mas, para já, fica apenas uma das sequências (que diz muito mais do que o que eu poderia tentar dizer):

Tailândia VS Cambodja

Na sequência do já longo conflito que se vive nas fronteiras de Cambodja e Tailândia, venho partilhar convosco, um de vários artigos que li sobre o tema:

http://www.akp.gov.kh/?p=3195

“É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Olhares Sussurrados I

Num lugar solarengo -

Que escalda -

Ela também existe,

Ateando com ardor

Tudo o que toca,

Até as chamas se propagarem.

Talvez mais disfarçada

Ou até mesmo escondida,

Mas sempre presente.

É comum a homens e deuses:

Ninguém lhe escapa,

Pois assalta os desprevenidos

Nos momentos de lucidez.


O sossego do olhar

Contempla a admiração

De quem passa pela estrada

E se perde na canção,

Que atravessa as paredes da casa.

Num colorido vibrante -

Que desperta a atenção

De quem segue na calçada -

Está viva a memória

Do herói dum povo forte,

Que lutou até à morte

Pelo seu nobre ideal.


A placidez da paisagem

Traz à memória aventuras

De histórias passadas

No azul ondulante,

Onde se quedam navios

Encalhados pelo destino,

Condenados a permanência forçada

Numa terra de vento,

Na cidade que dá nome

À menina do mar.


Meninos de terra

Meninos de vento

Meninos feitos de força -

Aquela força de quem não conhece o amanhã.

O engenho nasceu da necessidade

E a cada novo querer,

Há mil portas que se abrem na mente

E olhos que vêem o mundo duma nova maneira -

Aquela maneira que é servente dos propósitos da vontade.

Meninos feitos de força -

Aquela força de quem sabe viver com pouco,

Porque para viver basta

A liberdade na mão

E o sorriso no olhar.


Quem manda é ela,

Neste vale limpo

Em que invade a terra.

Apenas ela decide

Se dá luz a estes seres

Ou os deixa secar em pavor.

Ela é escassa e vadia:

Nem sempre aparece

Quando a chamam;

Define a rota

Que decide tomar,

Alheia a tudo o que atravessa.

Mas espelha em si

Cada testemunha

Que a vê passar.


Fotografia: Vanda Marques

Texto: Natália Costa

Thumbing My Way

Man of Hour

Light Years

terça-feira, 3 de maio de 2011

Diário de Bordo: Olhares Sussurrados in Expresso das Ilhas

Para grande pena minha, depois de ter percorrido grande parte da cidade não encontrei nenhum sítio onde me digitalizassem uma página em A3 (excepto claro entidades privadas que possam ter esse tipo de máquina). Assim sendo, deixo apenas o que se conseguiu digitalizar da publicação, sendo que posteriormente irei colocar cada uma das fotos.
(Por lapso falta um R na publicação)

A Verdadeira Dimensão

Este livro do músico e poeta cabo-verdiano Vasco Martins é uma verdadeira relíquia, é das melhores coisas que já tive o prazer de ler.
Trata-se dum livro em prosa carregado de palavras e frases poéticas, sobre a vida do homem cabo-verdiano, mas, no fundo, sobre a vida de cada um de nós: a dicotomia mar/terra (bastante característico de ilhéus e de gentes de países costeiros), a solidão, a velhice, a amizade, o desejo, a partida, a saudade, a ligação aos elementos, o sentido, a verdade.
É uma obra que abrange o Homem com todos os seus dilemas, medos e preocupações interiores duma maneira fluida e apaixonante.
Recomendo vivamente a leitura desta pérola sobre a verdadeira dimensão do Homem.
Deixo-vos alguns excertos:

O entardecer existe em qualquer parte do mundo, mas é na ilha que de facto existe o repouso das coisas vivas e das coisas mortas. No entardecer da ilha, espera-se calmamente pela brisa, pela noite.

(…) a morte não me faz medo. Há muito aprendi a viver lado a lado com ela, as noites são solitariamente longas. A angústia de existir já não me atormenta, porque a angústia de existir é sobretudo o medo incomensurável da morte. Mas ao envelhecermos a natureza trabalha o pensamento e as células para aceitarmos as coisas tal como elas são. O homem tem medo da morte desde o dia em que acreditou que poderia haver outro mundo, e no fundo sabe que esse mundo não existe, nunca existiu.

Não me importo que partas, mas tenho medo que tu o faças sem preparação nenhuma, sem saberes o que irás encontrar nesses caminhos longínquos e imprecisos. Deves partir se é essa a tua necessidade interior. Tenho medo de começares a ver o mundo como eles querem que tu o vejas, e que percas essa sensibilidade ingénua que trazes contigo tão naturalmente, que percas o sentido de observar o voo do passarão. Lembra-te sempre do voo do passarão, ele há-de ajudar-te nos momentos difíceis da tua vida.

(…) era o seu riso cristalino que o endoidecia mais, um riso de vida.

(…) o que para lá existe talvez não seja o que ensinei, talvez não exista nos livros. Há outras coisas mais, aprenderás a vivê-las e compreendê-las, estou seguro disso. O mundo está em ti mesmo.

Comer Bem é Mais Barato

Aqui ficam as informações sobre uma iniciativa que promete dar que falar (e que comer):
http://www.comerbememaisbarato.com/

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Diário de Bordo: Os Melhores Petiscos da Praia

O Retrato de Dorian Gray Sem Censura

A todos nós que adoramos esse génio da literatura que é Oscar Wilde, parece que vamos ter de reler uma das suas maiores obras:
http://www.publico.pt/Cultura/o-retrato-de-dorian-gray-de-oscar-wilde-pela-primeira-vez-sem-censura_1491954

domingo, 1 de maio de 2011

Diário de Bordo: Praias Perdidas


"Na praia despia-se e deitava-se nu na areia, o sol penetrava-lhe profundamente nos poros, esse sol da ilha que aquece tudo de repente. Ficava estendido na areia quente sentindo a brisa do mar fecundando-o, os olhos fechados pensando em nada, deixar o mundo rodear de manso ouvindo o bater do próprio coração."
A Verdadeira Dimensão de Vasco Martins

As loucas noites da queima