domingo, 30 de janeiro de 2011

Diário de Bordo

Às vezes é difícil aceitar as coisas como elas são.
Aqui, há duas incontornáveis: o lixo e as casas por terminar.
Não tenho dúvidas de que se a paisagem estivesse salpicada por casinhas pintadas de branco com uma risca colorida seria bem mais apelativa. Causaria um impacto bem diferente. A par disso, também se o lixo pelas ruas fosse menor ou inexistente seria um lugar mais agradável.
Mas, apesar destes senãos que fazem parte do cenário, há muitas outras coisas que compensam: para onde quer que se olhe lá está ele, esse gigante azul que se deita com o céu na cama do horizonte; a musicalidade no ar que puxa pelo corpo e os sorrisos e humildade estampados no rosto de quem nos rodeia.
Terra de descontracção e alegria: os ingredientes da liberdade!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Diário de Bordo

Após as primeiras impressões começam a vislumbrar-se pequenos paraísos no meio do aparente caos.
“Com o correr dos anos, observei que a beleza, tal como a felicidade, é frequente. Não se passa um dia em que não estejamos, um instante, no paraíso.” Jorge Luís Borges

Primeiras Impressões

Ruído: demasiado ruído.
Cidade barulhenta. Barulhenta porque em época de campanha tudo parece um circo: um carro a passar, um café partidário ou gente nas ruas. Esperamos que a partir de 6 de Fevereiro possamos finalmente desfrutar dalgum silêncio - esse precioso e desvalorizado ser.
Cidade feia. Feia porque à falta de dinheiro não se acaba o que se começa. Edifícios inacabados povoam a paisagem. Ferros como que espetando o Céu e um cinzento a invadir os olhos onde quer que se passe.
Cidade suja. Suja porque há lixo espalhado pelas ruas, carros abandonados.
Cidade jovem. Jovem porque centenas de crianças enfeitam as ruas, dezenas de adolescentes percorrem as calçadas.
Cidade alegre. Alegre porque em cada rosto abre-se um sorriso, em cada esquina escuta-se uma melodia.
Cidade estranha. Estranha porque embora o Sol ainda estivesse escondido entre as nuvens está calor no pico do Inverno. Um calor invasivo que entra nos poros e percorre o sangue. Estranha porque a natureza entra em cada bocadinho de civilização. Não aqueles hectares tratados a que gostamos de chamar natureza, mas sim aquela, a selvagem que entra de rompante sem pedir licença, sem se acomodar aos bocadinhos reservados.
Cidade prometedora. Prometedora porque está cheia de gente jovem, alegre e com vontade de descobrir todo o mundo de oportunidades que esta terra oferece.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Diário de Bordo

Depois de todas as despedidas vem a última: a despedida da família.
Supostamente, essa seria a mais dolorosa, embora possa depender de pessoa para pessoa.
A família são aquelas que pessoas que não escolhemos; aquelas pessoas que fazem parte da nossa vida, quer queiramos ou não.
Acredito que a primeira grande despedida da família rumo a um mundo novo custa sempre. Pode não custar no momento, mas no dia-a-dia serão algumas pequenas coisas que nos rodeavam das quais sentiremos mais falta. A maioria das pessoas que já passaram por essa mudança dizem que é uma questão de adaptação e que a cada dia vai-se tornando mais natural aceitar essa inevitável separação.
É um momento tão ansiado como temido. Será o corte último com o laço que nos prende à infância?

sábado, 22 de janeiro de 2011

Diário de Bordo

"O essencial é invisível para os olhos."
O Principezinho de Antoine de Saint-Exupery

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Futilidades: o drama da mala!

Bom, ora aqui está um assunto com pano para vestidos e vestidos e vestidos: a mala!
O que levar e como organizar o espaço numa mala com limite de peso e volume para uma viagem de meses?
Mais uma vez recorrer à tão amiga Coughlin’s Law: “Less is more.” que é como quem diz: levar apenas o essencial.
E o que é o essencial?

Pensamento do Dia

Fugidios momentos que não conseguimos agarrar: serão eternidade?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

As Angustiantes Incertezas Locais

As pessoas, a língua, a moeda, as ruas, os cheiros, a comida, o estilo de vida, as telecomunicações, as tomadas de energia, o trabalho, a roupa, os hábitos, o calçado, os animais, os insectos (nalgumas regiões este animais merecem parágrafos inteiros), o clima, as mil e uma coisas que povoam o nosso dia-a-dia e que poderão ser improváveis ou até mesmo impossíveis de encontrar…
A nossa reacção face a todas estas imprevisibilidades, variantes e factores, que nos influenciarão significativamente nos meses seguintes…
E a mãe de todas as incertezas: onde e como será o nosso lar?

sábado, 15 de janeiro de 2011

Diário de Bordo

Há um momento em que chegam as inevitáveis despedidas. Pessoas desfilam pelos nossos olhos e ouvidos. Pessoas que tanto nos marcaram e temos como tão preciosas. Pessoas que fazem parte de nós. Pessoas que levamos connosco. Aquelas pessoas a quem chamamos de amigos.
Alguém disse que quem tem um amigo tem tudo. Não podia estar mais de acordo. Um amigo é a certeza de que na maior tempestade encontraremos rumo. É a certeza de que no mais gélido Inverno acenderemos uma calorosa fogueira. É a certeza de que na mais recôndita escuridão surgirá um raio de luz. E é a certeza de que os momentos radiosos brilharão ainda com mais força.
As despedidas podem ser momentos dolorosos. Gosto de acreditar que isso depende da maneira como as encaramos. O melhor é não dramatizar. Acho sempre que custa menos se nos formos despedindo lentamente, quando a partida ainda parece estar longe. Assim, nem parece real. Nem parece que estamos a deixar (momentos de galhofa; horas de conversa; visitas ao cinema; intermináveis cafés; saídas fugidias; sonoras gargalhadas) em stand-by, como se os fossemos retomar de seguida, como sempre o fazemos.
“Just: smile and wave!”
Até já!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Diário de Bordo

Há momentos em que nem se acredita na partida. Parece tudo tão longínquo e indefinido. Porém, chega um instante em que os preparativos práticos tomam lugar e aquilo que parecia uma miragem, começa a ganhar contornos. No início, contornos esbatidos, que vão ganhando forma à medida que cada nova acção concreta acontece.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Diário de Bordo

Das sensações que abraçam o viajante, antes do seu incessante movimento, podemos contabilizar a emocionante expectativa que se apodera de si, a excitação da aventura num novo mundo, a bicuda curiosidade pela descoberta e uma certa nostalgia antecipada de tudo o que fica para trás, aquilo a que se pode chamar um leve cheirinho do que virá a transformar-se em saudade.
Podemos também vislumbrar um certo medo pelo desconhecido e (aliado a isso) uma certa frustração por tudo o que se quer simultaneamente deixar e levar.
Por todas estas razões, a bagagem do viajante é pesada. Está carregada de elementos que fazem parte de si e que – quer queira ou não – irão consigo para o outro mundo.
Mas é justamente essa bagagem - intrínseca ao viajante - que fará com que cada passo dessa caminhada ganhe forma e o olhar em frente seja tão imprescindível como o ar que se respira.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Pensamento do Dia

Sempre que vivemos um momento decisivo, sentimo-nos esmagados com a sua grandeza.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Let Me Tell You About Winds

Diário de Bordo

A viagem começa muito antes de zarpar. Há vários preparativos a considerar, antes de partir à aventura. A descoberta de um novo mundo exige sempre uma adequada preparação.
O mais importante ponto – eu diria até mesmo fundamental – é ter o espírito aberto ao leque que se abrirá, porque em cada nova viagem há vários universos paralelos de possibilidades a descobrir.
Assim, também o diário de bordo precede a partida. A expectativa ou iminência dum futuro rico é um dos melhores momentos da viagem - que não sendo ainda real no plano físico, já o é (e muito) no psicológico.
Como tal, cada sensação deverá ser – devidamente – desfrutada, antes do incessante movimento do viajante o tornar uma nova pessoa.