quinta-feira, 31 de março de 2011

Diário de Bordo


"It's a hell of a thing, killin' a man. Take away all he's got, and all he's ever gonna have."

quarta-feira, 30 de março de 2011

Diário de Bordo



"Wishful crystal
Water covers everything in blue
Coolin' water

Wishful sinful
Our love is beautiful to see
I know where I would like to be
Right back where I came

Wishful, sinful, wicked blue
Water covers you
Wishful, sinful, wicked you
Can't escape the blue

Magic risin'
Sun is shinin' deep beneath the sea
But not enough for you and me and sunshine
Love to hear the wind cry

Wishful sinful
Our love is beautiful to see
I know where I would like to be
Right back where I came

Wishful, sinful, wicked blue
Water covers you
Wishful, sinful, wicked you
Can't escape the blue

Love to hear the wind cry
Love to hear you cry, yeah, yeah"

Robbie Krieger

terça-feira, 29 de março de 2011

Diário de Bordo

Hoje trago-vos algo de fazer crescer água na boca.
Gulosos ou não, ninguém vai ficar indiferente a esta delícia.
Um site deslumbrante e um conceito apetitoso nascem das mãos dum talentoso artista, que nos traz obras de arte para acompanhar aquelas ocasiões especiais que são sempre polvilhadas com um doce momento:

http://cake-it.net/Cake_it/cake-it.html
“Baking dreams happen!”

Nham!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Diário de Bordo

Já muito se escreveu sobre esse gigante, mas não há palavra, fotografia ou filme que demonstre a imensidão do mar.
O seu poderoso balançar e a doçura com que as ondas acariciam a areia de cada vez que regressam, como se retornassem ao lar.
Todas as pessoas que cresceram junto à costa têm uma inegável relação especial com o mar. Faz-lhes falta estar longe dele, como se esmorecessem na sua ausência.
As ilhas são lugares pequenos, remotos, mas onde quer que se olhe ele espreita com o seu ondular inquieto, entranhando-se nas pessoas. Essa será a principal vantagem duma ilha pequena: poder repousar os olhos no mar, em qualquer lugar que se esteja.
Por vezes questiono-me como será a vida de alguém que jamais viu o mar, ou que apenas o vê na doçura das férias. Para alguém que cresceu na costa daquele cantinho à beira mar é difícil de imaginar como será uma existência sem o seu constante murmúrio.
A cor deste mar é diferente, como se o imenso gigante estivesse mais tranquilo, repousado, mais cristalino, espelhando o azul do céu em vários tons límpidos, deste lado.
E de todos os mares, não há nenhum com mais histórias para contar do que o Mar Português, tão bem descrito pelo mais genial poeta de sempre:

Mar Português
"Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu."

em “A Mensagem” de Fernando Pessoa

quinta-feira, 24 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Diário de Bordo

Toda a gente está intimamente ligada à sua terra natal (não onde nasceu, mas onde viveu a infância e cresceu), porque as paisagens, os cheiros e as sensações que nos assomam são parte intrínseca do nosso ser.
Recordo-me que a minha avó tinha duas enormes laranjeiras no pátio de entrada e, talvez seja por isso, que adoro as paisagens da Andalucia, adoro o cheiro a laranja e por muitas e sofisticadas flores que veja, a flor de laranjeira continua sempre a ser a mais especial.
Aquele pátio faz ainda parte do meu imaginário e recordo-me da tristeza que senti quando ambas foram cortadas. Eram árvores enormes, majestosas. As suas copas frondosas ofereciam uma sombra agradável. Parece que ainda ouço as folhas a dançar ao som do vento e vejo as laranjas a cair inesperadamente, estatelando-se no duro chão do pátio.

Diário de Bordo

RETRATO DE MÓNICA
"Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da «Liga Internacional das Mulheres Inúteis», ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda a gente, gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.
Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mónica. Mas são só a sua caricatura. Esquecem-se sempre ou do ioga ou da pintura abstracta.
Por trás de tudo isto há um trabalho severo e sem tréguas e uma disciplina rigorosa e constante. Pode-se dizer que Mónica trabalha de sol a sol.
De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que possui, Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.
A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais. Mas a santidade é oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias.
Isto obriga Mónica a observar uma disciplina severa. Como se diz no circo, «qualquer distracção pode causar a morte do artista». Mónica nunca tem uma distracção. Todos os seus vestidos são bem escolhidos e todos os seus amigos são úteis. Como um instrumento de precisão, ela mede o grau de utilidade de todas as situações e de todas as pessoas. E como um cavalo bem ensinado, ela salta sem tocar os obstáculos e limpa todos os percursos. Por isso tudo lhe corre bem, até os desgostos.
Os jantares de Mónica também correm sempre muito bem. Cada lugar é um emprego de capital. A comida é óptima e na conversa toda a gente está sempre de acordo, porque Mónica nunca convida pessoas que possam ter opiniões inoportunas. Ela põe a sua inteligência ao serviço da estupidez. Ou, mais exactamente: a sua inteligência é feita da estupidez dos outros. Esta é a forma de inteligência que garante o domínio. Por isso o reino de Mónica é sólido e grande.
Ela é íntima de mandarins e de banqueiros e é também íntima de manicuras, caixeiros e cabeleireiros. Quando ela chega a um cabeleireiro ou a uma loja, fala sempre com a voz num tom mais elevado para que todos compreendam que ela chegou. E precipitam-se manicuras e caixeiros. A chegada de Mónica é, em toda a parte, sempre um sucesso. Quando ela está na praia, o próprio Sol se enerva.
O marido de Mónica é um pobre diabo que Mónica transformou num homem importantíssimo. Deste marido maçador Mónica tem tirado o máximo rendimento. Ela ajuda-o, aconselha-o, governa-o. Quando ele é nomeado administrador de mais alguma coisa, é Mónica que é nomeada. Eles não são o homem e a mulher. Não são o casamento. São, antes, dois sócios trabalhando para o triunfo da mesma firma. O contrato que os une é indissolúvel, pois o divórcio arruína as situações mundanas. O mundo dos negócios é bem-pensante.
É por isso que Mónica, tendo renunciado à santidade, se dedica com grande dinamismo a obras de caridade. Ela faz casacos de tricot para as crianças que os seus amigos condenam à fome. Às vezes, quando os casacos estão prontos, as crianças já morreram de fome. Mas a vida continua. E o sucesso de Mónica também. Ela todos os anos parece mais nova. A miséria, a humilhação, a ruína não roçam sequer a fímbria dos seus vestidos. Entre ela e os humilhados e ofendidos não há nada de comum.
E por isso Mónica está nas melhores relações com o Príncipe deste Mundo. Ela é sua partidária fiel, cantora das suas virtudes, admiradora de seus silêncios e de seus discursos. Admiradora da sua obra, que está ao serviço dela, admiradora do seu espírito, que ela serve.
Pode-se dizer que em cada edifício construído neste tempo houve sempre uma pedra trazida por Mónica.
Há vários meses que não vejo Mónica. Ultimamente contaram-me que em certa festa ela estivera muito tempo conversando com o Príncipe deste Mundo. Falavam os dois com grande intimidade. Nisto não há evidentemente, nenhum mal. Toda a gente sabe que Mónica é seriíssima toda a gente sabe que o Príncipe deste Mundo é um homem austero e casto.
Não é o desejo do amor que os une. O que os une e justamente uma vontade sem amor.
E é natural que ele mostre publicamente a sua gratidão por Mónica. Todos sabemos que ela é o seu maior apoio; mais firme fundamento do seu poder."
Contos Exemplares Sophia de Mello Breyner Andresen

Diário de Bordo

"Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te."

Eugénio de Andrade

terça-feira, 22 de março de 2011

Diário de Bordo

Já falei anteriormente do poder da música e de como o tempo passa de maneiras diferentes mediante o que se está a fazer.
Hoje, venho apenas reforçar essas ideias e referir que a música consegue fazer com que o tempo galope, em vez de se arrastar, sobretudo quando se está num local onde o ritmo é bem diferente do nosso.
A música consegue pôr um sorriso ou uma lágrima em caras inexpressivas.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Diário de Bordo

A lua vestiu-se de luz para receber a Primavera.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Diário de Bordo

Educação

Acho surpreendente como é que algumas pessoas que supostamente teriam educação ou pelo menos tiveram todas as condições para a ter, são completamente mal educadas e rudes com os outros.
Muitas vezes refugiam-se no desleixo e numa falsa noção de descontracção para se justificarem. Descontracção é bem diferente de falta de consideração. Descontracção é bem diferente de ausência de responsabilidade.
Esse fenómeno é por demais evidente num local onde o nível cultural é menos elevado do que o do nosso país (cujo o nível de cultura não é já de si famoso). O que sucede é que em vez de as pessoas com um nível superior tentarem elevar as outras acontece exactamente o oposto. Infelizmente, estou convencida que isso apenas ocorre com o povo português, que apesar de todas as suas grandes virtudes, não pode ser perfeito.
É indignante e uma vergonha para o nome do nosso povo esta ausência de responsabilização permanente que sucede em países ditos mais descontraídos.

Torn

quinta-feira, 17 de março de 2011

Diário de Bordo

"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ..."
Alberto Caeiro

Dedicado à V.

Diário de Bordo

quarta-feira, 16 de março de 2011

Diário de Bordo

"Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe
de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos
nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver."

Alberto Caeiro

Diário de Bordo

"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Ricardo Reis

Diário de Bordo

terça-feira, 15 de março de 2011

As Palavras

"São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?"

Eugénio de Andrade

segunda-feira, 14 de março de 2011

Diário de Bordo

A Língua Portuguesa

A Língua Portuguesa é uma relíquia viva.
É língua oficial de Portugal, Brasil, Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe. É também língua oficial de Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial (com o Francês e o Espanhol), de Timor Leste (com o Tétum) e de Macau (a par do Chinês). É bastante falado em Andorra, Luxemburgo, Namíbia e Paraguai.
A Língua Portuguesa é falada por cerca de 190 milhões de pessoas na América do Sul, 16 milhões de pessoas em África, 12 milhões de pessoas na Europa, 2 milhões de pessoas na América do Norte e 330 mil pessoas na Ásia.
É um dos principais idiomas mundiais, Língua Materna de Pessoa, Camões, Saramago, Eugénio de Andrade, Lobo Antunes, isto para dizer apenas alguns dos meus preferidos, porque como estes, tantos outros génios que se manifestaram e nos deliciaram nesta maravilhosa Língua.
Por todas estas razões é-me difícil compreender como é que alguém que tem oportunidade de aprender esta verdadeira lenda viva, teima em agarrar-se a idiomas que nem mesmo entre si se entendem. Cada território tem o seu dialecto, como é natural. Creio que todos deverão ser preservados e devidamente aprendidos, quando há bases sólidas para tal, como é o caso do Mirandês. No entanto, antes de mais é importante saber falar correctamente a Língua Materna e oficial do país em que se nasce. Apenas dessa forma uma nação poderá evoluir rumo a um futuro próspero. Deve preservar-se os dialectos tradicionais que nos acompanham desde tempos imemoriais (e trabalhá-los para que de facto as pessoas se compreendam e não haja uma profunda degeneração da Língua), mas sem descurar aquela que é o veículo para nos fazermos ouvir no mundo.
Por todas estas razões, considero ser fundamental e enriquecedor que se invista no ensino e prática da Língua Portuguesa.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Tourada


A verdadeira música ibérica!

Diário de Bordo


S. Vicente

Diário de Bordo


Kurt@Santo Antão

Gelados

O cinema não é a única coisa da qual sinto falta, já devorava uns quantos geladinhos…
Pelas ilhas de Barlavento encontrei duas gelatarias, sendo que uma era um verdadeiro manjar com inúmeros e variados sabores. Quando provei o meu gelado de quatro sabores, parecia que nunca tinha comido nada assim, que nem uma criança toda lambuzada. Soube-me tão bem. Que delícia!
De facto, os gelados são uma daquelas maravilhas para os sentidos: um pequeno luxo.
E, agora que me deliciei com um geladinho de ananás de supermercado (nada de especial) imagino aqueles sabores intensos que certas casas com nomes impronunciáveis oferecem ou o simples, mas magnífico gelado de menta.
Nham!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Diário de Bordo


Santo Antão

Diário de Bordo

Psst Psst

Há um fenómeno nesta terra. Onde quer que uma mulher vá está sujeita ao Psst Psst, como se esse som gutural representasse algum tipo de chamamento sedutor. É como se o instinto predador achasse que esse é o modo certo de cativar a atenção.
Já não ouvia o fenómeno desde o secundário e nos últimos dias escutei-o infinitas vezes.

Diário de Bordo