terça-feira, 27 de julho de 2010

Big Fish

Este é um daqueles filmes que nos fazem acreditar. Acreditar em sonhos, acreditar em milagres, acreditar na alegria, acreditar que tudo é possível, acreditar que o que almejamos apenas de nós depende e da nossa maneira de ver as coisas.
Podemos ser o que quisermos, como quisermos, onde quisermos, quando quisermos.
Não há limites para a imaginação. A criatividade ajuda-nos a tornar as coisas como queremos que elas sejam.
É um filme cheio de força e fantasia. Um filme positivo sobre pessoas, as relações entre pessoas, nomeadamente as relações entre familiares, sobre o sentido da vida, sobre cada um dos momentos únicos, especiais e irrepetíveis que nos preenchem. É um filme de histórias.
Gabriel Garcia Marquez começa a sua autobiografia dizendo: “ A vida não é a que cada um viveu, mas a que recorda e como recorda para contá-la.”
E a maneira como a vida é contada neste filme é verdadeiramente inspiradora!

Diálogos

Mr. Black: Why does everybody feel so lonely?
Mr. White: That’s just like the Euromillions. I wish I knew the answer!
Mr. Red: People think too must. They should live more.

The American History X

The American History X. You have to say it out loud: The American History X!
Um filme sobre o racismo, a xenofobia, o preconceito, os pressupostos, a ignorância.
“É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.” Este filme espelha bem esse conceito de Einstein.
Há determinados sentimentos que nos são incutidos de pequeninos de forma muito subtil e até mesmo inconsciente. Ficam tão intrinsecamente implementados que temos determinadas sensações ou pensamentos quando ocorrem situações particulares ou nos deparamos com algo ou alguém que nos desperta essas emoções.
Muita gente odeia (ou diz que odeia) franceses, alemães, espanhóis, chineses, coreanos, ciganos, etc etc etc.
Efectivamente, desde os atentados do 11 de Setembro de 2001 em Nova Iorque que muitas pessoas olham os árabes ou as pessoas de feições árabes de outra forma e inconscientemente sentem medo se vêem alguém que aparente uma dessas etnias. Com o boom chinês e a crise económica, o sentimento geral em relação aos chineses ou à aparência asiática, é negativo.
Eu odeio a falta de civismo. Odeio a ignorância. Odeio a intolerância. É difícil tentar abrir a mente de alguém. É difícil porque a pessoa tem de querer ter a mente aberta estendendo o olhar mais além.
Escutar os outros e tentar olhá-los com a visão límpida de que cada caso é um caso… É difícil mas generalizar não é solução. Temos de ver as pessoas por aquilo que elas são e não pela profissão que têm ou pelo seu aspecto.
Este é um daqueles filmes que nos faz reflectir sobre tudo isso e essencialmente sobre olhar mais além as pessoas que nos rodeiam libertando-nos de qualquer ideia pré-concebida.

Diálogos

Mr. Black: What is love?
Mr. White: You have to feel it.

sábado, 24 de julho de 2010

Inception

O extraordinário nos filmes deste género é que não há limites para os cenários. Não há limites para os cenários porque na mente tudo vale. Tudo pode acontecer. O único limite é a imaginação.
Trata-se dum filme que mostra a extracção ou implante de ideias na mente de alguém. A ideia é vista como a mais poderosa força, porque é da ideia que nasce o nosso eu. É da ideia que surge aquilo em que nos vamos transformar. E a maneira de aceder à fragilidade da mente de alguém com todas as suas possibilidades acessíveis é durante o sono.
O sono é um dos actos mais íntimos do ser humano. O que se passa na nossa mente durante o sono é um fenómeno que designamos por sonhos e dos quais nem sempre nos recordamos. A nossa memória conscientemente pode não se lembrar mas o nosso inconsciente capta as emoções vividas durante o sono e é daí que nasce a premissa deste filme.
Christopher Nolan tem vindo a surpreender desde Memento quer com a sua realização impar, quer com argumentos admiráveis, que no caso de Batman conseguiram reavivar um super Herói há muito esquecido. A par da grandiosa realização temos um leque de actores impecavelmente talhados para os respectivos papéis. DiCaprio prova mais uma vez porque é um dos melhores actores da sua geração. Cottilard mostra que é sem dúvida uma das melhores actrizes actuais. Caine em mais uma parceria com Nolan. Watanabe sempre impecável. E especial atenção a uma incrível Ellen Page.
A ideia subjacente a este filme é uma experiência original ao recôndito universo da mente humana.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Filosofia

Uma vez perguntámos à nossa Professora da Primária qual era a melhor coisa que ela tinha feito. Ela respondeu-nos que era o curso. O curso porque é uma coisa que ela fez e já ninguém lhe tira. É o conhecimento adquirido. É algo que fica sempre connosco.
Mais tarde quando tive uma disciplina de nome complicado finalmente compreendi o que isto queria dizer. A importância do conhecimento e a sua irreversibilidade com A Alegoria da Caverna de Platão. Depois de abrirmos os olhos já não há volta a dar. Já não podemos fingir que não vemos. O que outrora era inexistente para a nossa mente é agora claro como água, faz parte de nós.
Hypatia no Ágora quando lhe perguntam em quê que acredita responde: “Eu acredito na filosofia.” Acho que a religião de Hypatia era a incessante busca do conhecimento, a sabedoria!
O conhecimento é precioso. E a melhor maneira de consolidar o conhecimento é questionar tudo o que se nos apresenta como certo. A dúvida leva à descoberta e a descoberta leva ao conhecimento.

Rotundas

Ainda na sequência do post anterior, não poderia deixar uma pequena palavra em honra das rotundas…
Sim as rotundas são o terror!!! Portanto, quem circula na faixa da direita supostamente vai sair na primeira. Quem circula na faixa da esquerda vai contornar a rotunda, conforme demonstrado na figura seguinte:

Percebeu caro condutor anónimo que faz questão de percorrer toda a rotunda pela faixa exterior impedindo sistematicamente a saída dos restantes veículos???

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Civismo? O que é isso de civismo?

Vivemos num país onde o civismo não é algo que abunda.
Tal é notório em qualquer lugar: nas filas de espera, nos serviços de atendimento, mas é particularmente saliente na estrada.
Na estrada vê-se se realmente há ou não civismo.
E tipicamente, neste pequenino cantinho à beira-mar o civismo é bastante reduzido.
Ora são pessoas que acham que a estrada é toda de Suas Excelências e param em qualquer lugar dificultando ou até mesmo impedindo a circulação dos restantes veículos.
Ora é gente que se coloca na faixa da esquerda (sim aquela via onde é suposto serem feitas as ultrapassagens) e se vão a passear a si próprios e ao seu popó nessa faixa não tendo qualquer consideração por quem vem atrás (sim! Sim! Há mais popós atrás de si!), sendo que muitas vezes o condutor de trás dá uns sinais de luz ou até mesmo buzina e o Senhor da frente ainda se acha cheio de razão prosseguindo tranquilamente o seu passeio.
Ora é gente que não sabe estacionar e dá um toquezinho no carro do lado, da frente e de trás mas acha que um beijinho não é nada, mal se nota e o condutor do veículo estacionado nem vai reparar naquela pequena raspadela que até fica tão bem num carro novinho em folha.
Ora são pessoas que vendo alguém conhecido no carro do lado parece que não descansam até chamarem a atenção do condutor, nem mesmo que para isso chamem a atenção de todo o trânsito ou até mesmo provoquem um acidentezinho porque dessa forma de certeza que o condutor conhecido se vai aperceber da sua presença.
Ora é gente que se mete sorrateiramente numa fila longa como se estivesse mais do que no direito de ocupar aquele lugarzinho (Pois! Pois! E os outros que vêm atrás do sorrateiro que abrandem para o menino entrar na fila!).
E, claro, não podia deixar de falar das pessoas que se acham o Schumacher das estradas excedendo largamente o limite máximo e realizando manobras perigosas como se as vias fossem um filme de acção.
Podia continuar a enumerar mil e uma situações em que não existe qualquer tipo de respeito por um local público que todos partilham. Situações tão ridículas como perigosas. No entanto, percorrendo tantos e tantos quilómetros todos os dias, ainda acho sempre surpreendente quando me aparece um azelha armado em Fangio.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Diálogos

Mr. Black: How do you trust a liar again?
Mr. White: You don’t.

Into The Wild

Ora aqui está mais uma obra-prima cinematográfica!
Porquê? Uma realização impecável. Um protagonista perfeito. Uma história comovente e selvagem, tão real como a vida. Uma jornada incrivelmente corajosa e imprevisível. A melhor banda-sonora de sempre!
A todas estas maiores valias acrescente-se o facto do filme ser baseado na história verídica de Christopher McCandless que em 1990 enveredou numa apaixonante jornada que o filme tenta reproduzir.
Há pessoas que marcam a vida de quem encontram. Há pessoas que têm uma sede de viver incrivelmente inspiradora. Há pessoas que sendo socialmente afáveis e de fácil convívio possuem uma natureza íntima solitária e uma tristeza intrínseca aparentemente inexplicável que possivelmente advirá da certeza de que tudo é incerto excepto a efemeridade de tudo.
Este filme é absolutamente imprescindível na bagagem de qualquer cinéfilo. Eu diria até que é imprescindível na bagagem de qualquer ser humano.
Inspirador nas imagens, nos diálogos, em todos os momentos. É um filme maior do que a própria vida!

Christopher McCandless (1968 - 1992)

terça-feira, 20 de julho de 2010

Frutos de Sombra

Creio que o grande mal da cultura ocidental é a solidão.
As pessoas rodeiam-se de diversos meios de comunicação para estarem sempre em contacto com o mundo. Mas no meio de tantos tarifários tentadores, no meio de tanta rede social, no meio de tudo à distância dum click, no meio do fácil e rápido, as pessoas sentem-se sozinhas. Vivemos simultaneamente em contacto com todo o mundo e afastados de tudo.
Nunca antes foi tão rápido atravessar continentes, nem nunca antes foi tão fácil ver ou ouvir alguém do outro lado do planeta. No entanto, ao invés de nos sentirmos mais preenchidos sentimos um enorme vazio. Uma solidão esmagadora que nos invade.

“Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.”
Eugénio de Andrade (1923 - 2005)

Ouvimos mas não escutamos, vemos mas não observamos… As pessoas querem estar em contacto. Não conseguem estar sozinhas. Não conseguem sair do ritmo frenético em que se viciaram. Não conseguem parar! Desfrutar da sua própria companhia. É a fast society em que vivemos. Tudo está perto mas estamos a oceanos de distância uns dos outros. Por as pessoas não conseguirem estar sós são invadidas por uma enorme solidão.
É a sociedade de plástico em que é mais importante termos fotos giras para mostrar aos outros no facebook, do que realmente estarmos nesses instantes a 100%; é mais importante fazermos um casamento em grande e expormos toda a festa, do que termos certeza de quem somos e estarmos certos do que queremos. E no meio de tudo isto continuamos a sentir-nos terrivelmente sós. Ansiamos pela companhia de alguém. Como se alguém nos fosse completar ou salvar-nos desta letargia em que lentamente nos afundamos.
Depositamos expectativas, ânsias, desejos num hipotético alguém. E nas entranhas fundas do olhar de cada um há uma réstia de esperança.
Conseguimos pequenas doses de compreensão ou cumplicidade. Essas esporádicas doses são a droga dos conformistas e a tortura dos insatisfeitos. Queremos sempre mais, mais, mais!
Será possível sentirmo-nos satisfeitos?
Foda-se o facebook! Fodam-se todas as redes sociais! Foda-se quem olha mais para o umbigo do vizinho do que para o seu. Foda-se quem se preocupa com o que os outros fazem. Fodam-se os preconceitos e os preconceituosos. Foda-se quem finge que não vê. Fodam-se os que têm a mania das grandezas. Foda-se quem acha que é melhor do que os outros. Foda-se quem acha que somos o dinheiro que ganhamos.
FODA-SE!!! Tough day hã?!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

The English Patient

Já não sei se adoro as paisagens áridas do filme ou se essa minha paixão nasceu depois de o ver.
Colossal! Uma das melhores adaptações cinematográficas dum gigante da literatura. O filme supera o livro de tão belo que é. Cada gesto, cada expressão, cada diálogo são esmagadores. Todo o filme é feito de deliciosos pormenores acompanhados pela divina banda-sonora.
A intensidade do filme cresce a cada instante.
O olhar perdido do protagonista passa pelo desprezo, paixão, desespero e tristeza. Uma tristeza infinita espelhada num rosto disforme cuja única alegria são memórias de momentos passados a sobrevoar o deserto sob um sol escaldante.
Há algo de mágico no deserto. Um intimismo naquelas ondas de areia que delimitam onde inicia e termina o Céu.
A par do deserto andam as imagens duma Itália num pós-Segunda Guerra. Uma Itália de aldeias rústicas com pequenos jardins e lindas igrejas.
O filme tem cenas inesquecíveis: quando é anunciado o fim da Guerra, a música funde-se com as imagens de forma perfeita; um diálogo terno e esclarecedor e uma certeza amarga no regresso à gruta dos nadadores para cumprir uma derradeira promessa; um Natal escaldante; um tão desejado banho de chuva; uma tempestade de areia absolutamente apaixonante e tantas outras impossíveis de descrever. Todas estas sequências são perfeitamente encaixadas na melodia.
Este é daqueles filmes aos quais vou querer voltar sempre. É um daqueles filmes eternos que não nos cansamos de ver e rever vezes sem conta.
Poucos filmes ficam na memória de forma tão marcante como esta obra-prima.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Viajar Sempre

Há dias falei sobre a forma de viajar sem sair do sítio, a forma de viajar sem nos mexermos, a forma de viajar só com o movimento dos olhos: os livros! O som também nos leva a viajar! A força da música, tal como os livros assemelha-se a uma grande viagem. Mas hoje vou falar sobre viagens. Viagens verdadeiras. Aquelas em que fazemos mala e partimos rumo ao horizonte. Vou falar sobre sair da nossa querida pátria e partir à aventura, na descoberta duma nova cultura, dum novo país, duma nova cidade…
Poucas coisas conseguem ser tão enriquecedoras num espaço de tempo tão pequeno como uma viagem. É como se em meia dúzia de dias crescêssemos imenso até nos sentirmos gigantes. Nessa meia dúzia de dias tudo é novidade. Tudo nos fascina. Tudo entra pelos nossos olhos como se nunca tivéssemos observado antes. Tudo é absorvido como se não houvesse amanhã. Uma simples praça, uma singela fonte ou uma banal esplanada tornam-se algo excepcional quando andamos a viajar. Uma paisagem diferente, um ambiente novo, hábitos estranhos, tudo isto nos faz sentir como uma criança num parque de diversões.
Uma viagem é feita de descobertas. De prazeres. Uma viagem é vivida da mesma maneira que deveríamos viver o dia-a-dia. Sabemos que vai passar e sabemos que para desfrutar temos de levar um dia de cada vez sem pressa de viver mas com uma fúria de tirar proveito de cada dia como se fosse o último, na iminência da despedida de tudo o que é novo e foi nosso por momentos, daquela que foi a nossa casa durante a tal meia dúzia de dias.
Sophia de Mello Breyner resumiu numa simples frase o que é isto de viajar: “Viajar é olhar.”
Qualquer viagem é um meio de conhecermos o mundo que nos rodeia, de percebermos o quão vasto e variado é o mundo em que vivemos. E é nessa interacção com o mundo, nesse reflexo espelhado, que a viagem se torna uma jornada ao interior de nós próprios, aos esconderijos mais recônditos do nosso ser.
As viagens abrem-nos os horizontes. Despem-nos de preconceitos e libertam-nos de fronteiras. Fazem-nos perceber que as únicas fronteiras somos nós próprios e os únicos aduaneiros somos nós também.
As viagens fazem-nos valorizar o nosso lar, a nossa pátria, o lugar onde nos sentimos em casa. Fazem-nos ter a certeza de que “Home is where the heart is.”.

Pedra no Chão

"O meu deus desconhecido é realmente aquele misterioso, oculto e não definido sentimento de alma que a leva às aspirações de uma felicidade ideal, o sonho de oiro do poeta.
Imaginação que porventura não se realiza nunca. E daí quem sabe? A culpa é talvez da palavra, que é abstracta de mais. Saúde, riqueza, miséria, pobreza, e ainda coisas mais materiais, como o frio e o calor, não são senão estados comparativos, aproximativos. Ao infinito não se chega, porque deixava de o ser em se chegando a ele.
Logo o poeta é louco porque aspira sempre ao impossível. Não sei. Essa é uma disputação mais longa.
Mas sei que as presentes Folhas Caídas representam o estado de alma do poeta nas variadas, incertas e vacilantes oscilações do espírito , que, tendendo ao seu fim único, a posse do ideal, ora pensa tê-lo alcançado, ora estar a ponto de chagar a ele - ora ri amargamente porque reconhece o seu engano - ora se desespera de raiva impotente por sua credulidade vã.
Deixai-o passar, gente do mundo, devotos do poder, da riqueza, do mando, ou da glória. Ele não entende bem disso, e vós não entendeis nada dele.
Deixai-o passar, porque ele vai onde vós não ides; vai, ainda que zombeis dele, que o calunieis, que o assassineis. Vai, porque é espírito, e vós sois matéria.
E vós morrereis, ele não. Ou só morrerá dele aquilo em que se pareceu e se uniu convosco. E essa falta, que é a mesma de Adão, também será punida com a morte.
Mas não triunfeis, porque a morte não passa do corpo, que é tudo em vós, e nada ou quase nada no poeta."
Almeida Garrett (1799 - 1854)


"Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias."
Eugénio de Andrade (1923 - 2005)

domingo, 11 de julho de 2010

A Despedida

Ontem fiz uma viagem inesquecível. Fui ver os Pearl Jam e provavelmente este foi um dos melhores concertos deles de sempre. Ir a um concerto é como viajar para um local onde o tempo não existe. É como partir para bem longe. A música tal como os livros tem esta força.
Adorava reproduzir aqui e partilhar cada um dos momentos do concerto.
O início foi espectacular! Adorei ouvir "the longest title of the Pearl Jam catalogue" ao vivo.
A primeira parte da Better Man foi inteiramente cantada pelo público. Foi um momento único. Deve ser extremamente gratificante para a banda ver tanta gente a cantar as suas canções.
Eddie pediu a todos os surfistas presentes ontem que apanhem uma onda por cada um dos elementos dos Pearl neste longo e belo Verão que vamos ter pela frente.
Quando cantaram a Portugal Portugal foi a loucura, sobretudo no final quando Eddie diz que quer arranjar um cantinho para viver cá!
A partir da Even Flow foi sempre sempre a subir!
Ficou o gosto triste vindo da boca de Vedder de que tão cedo não voltam e este foi um concerto de despedida. Partiam hoje cedo para ver as respectivas famílias ao fim de três semanas na estrada, terminando a tournée com aquele que segundo Vedder é o melhor público de todos.
Por todas estas e mais mil e uma razões este concerto foi absolutamente incrível e ficará para sempre na memória de todos os que puderam testemunhar ontem que os Pearl Jam são sem dúvida uma das bandas mais acarinhadas pelo público português e uma das melhores e menos despretensiosa banda de todos os tempos.
Mais uma vez OBRIGADA PEARL JAM por iluminarem a vida de quem tocam com as vossas músicas e nos proporcionarem instantes únicos como cada um dos bocadinhos que vivemos ontem.



quarta-feira, 7 de julho de 2010

Geleia da Avó

Já Nietzsche falava sobre a importância da música: “Sem a música a vida seria um erro.”.
Em Seattle nasceram inúmeras bandas marcantes, nasceu um movimento denominado grunge e nasceu aquela que é para mim uma das melhores bandas de sempre.
Já nem sei muito bem o que grunge significa porque os Pearl Jam evoluíram dentro do seu próprio estilo. Creio que levaram o conceito mais além e a cada novo álbum a sua música vai sendo cada vez mais intimista.
Poucas bandas conseguem ter uma legião de fãs tão diversa como os Pearl Jam. As suas músicas tocam gerações distintas e pessoas completamente díspares.
O carinho que o público português dispensa aos Pearl coaduna-se com o bem-estar que a banda parece sentir sempre que vem cá, pela afabilidade das pessoas, a boa comida e claro as praias maravilhosas, nas quais podem cavalgar nas ondas dando vida a outra das suas grandes paixões.
As músicas são absolutamente apaixonantes, marcando quem as ouve e ao vivo as emoções vão ao rubro, como no momento inesquecível em que ofereceram um cavaquinho a Vedder em 2006 ou ainda no mesmo concerto, neste momento memorável:



À melhor banda de sempre Obrigada pelas vossas canções! Espero que continuem a voltar muitas vezes porque realmente se há algo que dá sentido à vida é a música e a vossa é absolutamente extraordinária.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Sleeti!

A leitura é um acto íntimo que se faz em solidão. Pode eventualmente ser partilhado, mas para mim a leitura é sempre algo muito pessoal. Embora a palavra escrita possa ser lida em voz alta, creio que as personagens ou o enredo como o idealizámos passa como um filme no palco da nossa mente. E, por essa razão, é sempre um acto solitário.
As palavras são a plataforma para transportar todo o rebuliço que aconteceu na nossa cabeça.
Escrever assemelha-se muito à leitura. É um acto muito privado. É a tentativa de transpor todas as ideias para o papel e expô-las ao mundo.
A literatura é a arte pela qual tenho mais carinho, uma vez que a podemos exercer em qualquer lugar. É como viajar sem sair do sítio. Um livro na nossa mão é como um passaporte para os locais mais exóticos, as situações mais rocambolescas ou as personagens mais estranhas. Entre a nossa mão e o nosso olhar é estimulada a imaginação que nos levará a um filme mental em que tudo pode acontecer.
É essa eterna e insaciável possibilidade de tudo que me atrai tanto na literatura. Os árabes dizem que “Um livro é como levar um jardim no bolso.” E de facto é. É até mais do que isso. É a possibilidade de criar um jardim à nossa volta em qualquer lugar. É a possibilidade da nossa própria mente se tornar um fértil jardim de todo o tipo de plantas.
Já não me lembro quando começou esta minha paixão interminável pela leitura, mas sei que desde então os livros se tornaram grandes amigos. Sempre presentes em qualquer altura ou circunstância. Sempre comigo em todos os momentos prontos para me distraírem e me levarem por uma viagem surpreendente a cada palavra. E a cada frase, a cada parágrafo, é como se entrasse num novo mundo. Um mundo onde não há limites para a imaginação.
O poder das palavras é inacreditável. As palavras são capazes de tudo. Daí o desmedido poder da escrita e da literatura.
As palavras são de extrema relevância na nossa vida.
É através delas que nos expressamos. É através delas que escutamos os outros e tentamos compreender aquilo que nos querem transmitir.
As palavras podem ser o nosso alento quando deixamos de acreditar. As palavras podem destruir num segundo algo que se construiu com cuidado e carinho durante tanto tempo. As palavras podem ser a maneira de nos redimirmos por actos insensatos.
Os grandes oradores perduram na nossa memória tanto pelos actos como pelas palavras que os acompanharam. Um discurso pode mudar o mundo. Pode dar esperança. Pode fazer renascer a fé.
As palavras conseguem com que as pessoas acreditem. Conseguem com que as pessoas se tornem melhores. Conseguem mudar os actos das pessoas.
A linguagem é um universo em si próprio e por cada idioma é como se um novo mundo de possibilidades se nos abrisse.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Casino Royale

É raro os filmes de acção terem verdadeiro conteúdo ou serem marcantes. Claro que há sempre uma ou outra cena ou uma ou outra expressão (“Iupicaiei mother fucker!”) dos quais nos recordamos, mas não o filme ou o enredo como um todo.
Casino Royale é a meu ver um dos so called action movies que nitidamente se destaca. As aventuras dum agente especial designado 007 apaixonaram plateias ao longo de diversas décadas, mas nunca a saga teve um filme tão marcante, completo e explicativo como este.
Casino Royale mostra-nos a transformação em 007 e a consequente evolução da personagem até se tornar o Bond que conhecemos. Mostra-nos o processo de auto-conhecimento da personagem. Processo esse que se chama de vida e que, por essa razão, torna esta personagem tão mais próxima da realidade do que qualquer um dos outros Bond.
As sequências de acção deste filme são alucinantes. Repare-se que Bond é completamente esmurrado. Cai e magoa-se. Aparece com arranhões e visivelmente estafado. Os actos sucedem-se a um ritmo vertiginoso. Chamo particular atenção para a interminável perseguição inicial.
Os diálogos são desafiantes. Bond é duro, mas sensível. Presunçoso, mas generoso. Afectado, mas divertido. Nunca uma conversa num comboio foi tão envolvente ou uma tentativa de pacificação após um determinado momento traumatizante foi tão terna e sensual.
O desenrolar do todo é cativante. A acção desenvolve-se num crescendo até que é atingido um final tragicamente apocalíptico no universo da personagem, que mudará Bond para sempre.
A banda-sonora acompanha todo o alucinante ritmo da trama, sendo suave nos momentos íntimos e carregada nas cenas de acção.
Por todas estas razões este é a meu ver um daqueles filmes imperdíveis e talvez um dos melhores filmes de acção de sempre.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Confiar ou não confiar?

Confiança é fundamental.
Tem de haver sempre algo ou alguém em quem possamos confiar. Algo ou alguém em que acreditemos. Algo ou alguém pelos quais sintamos que vale a pena. Algo ou alguém que nos mostrem o caminho para não nos sentirmos perdidos.
Algo que nos mova. Que nos dê sentido. Que nos faça acreditar que tudo é possível. Que nos faça crer que há coisas que não se explicam.
Alguém a quem possamos contar as nossas histórias. De quem saibamos com o que contar. Com quem possamos rir-nos genuinamente em uníssono. Com quem possamos dividir os nossos sórdidos segredos.
Os segredos se são segredos devemos guardá-los para nós. Só assim permanecerão segredos. Mas o ser humano tem uma ânsia insaciável de partilhar tudo. Sobretudo segredos. É tão revigorante partilhar um segredo com um amigo. O segredo deixa de ser nosso. O segredo deixa de ser segredo, mas é como se dali nascesse uma cumplicidade bilateral por termos a quem o contar. É como se nos sentíssemos menos sozinhos por termos pegado em algo só nosso e partilhá-lo. É um bocadinho como abrir uma caixinha de surpresas porque a partir dali tudo pode acontecer. A perspectiva que temos sobre o nosso segredo será alterada para sempre. Primeiro porque deixou de ser o nosso segredo. Segundo porque a nossa perspectiva será influenciada pela visão da pessoa com quem o partilhamos. Terceiro e último porque por vezes, na análise conjunta, descobrimos um pequeno pormenor que não tínhamos vislumbrado anteriormente.
Eu continuo a acreditar que há coisas que não se partilham. Coisas que se guardam apenas para nós. Coisas das quais abdicamos um bocadinho de ser quem somos se as partilharmos. Porém, o entusiasmo da partilha trai-nos muitas vezes. É tão bom partilhar!
Para partilhar tem de haver confiança. Para haver confiança tem de haver algo inexplicável. Não é tempo ou experiência ou sabedoria.
Por muito tempo que passe há pessoas nas quais nunca confiaremos. A passagem do tempo apenas consolidará a confiança que temos em alguém ou eventualmente, destruirá essa confiança. E a confiança uma vez perdida é irrecuperável. Fica sempre uma leve dúvida no ar. Os olhos nunca mais observarão com a inocência perdida. A inquietação provocada por uma ínfima pontinha de desconfiança é suficiente para provocar a maior tempestade. Que o diga Desdemona…
Também não é a experiência que nos faz ou não confiar em alguém. A experiência poderá ajudar a discernir se a pessoa tem ou não carácter ou permitir avaliar com maior rapidez o potencial duma determinada situação.
O que nos leva a confiar é algo que não se explica. Algo em que acreditamos mas não sabemos o que nos levou a isso. É algo que se sente.
Confiar em alguém coloca-nos numa posição vulnerável mas só nessa posição conseguimos alcançar o júbilo da partilha que nos leva à cumplicidade.
Acima de tudo é imprescindível que tenhamos confiança em nós próprios. Porque dessa forma sentimo-nos fortes e capazes de tudo.

Josh All The Way