sexta-feira, 15 de julho de 2011

Saudade!

As ilhas são lugares ingratos.
Lugares de passagem para muitos e de permanência para uma minoria que observa o mundo a chegar e a partir continuamente nas suas fronteiras oceânicas e celestes.
Cabo Verde tem esse sentimento de saudade em comum com milhares de outras ilhas espalhadas pelo mundo e, em particular, com as também vulcânicas ilhas dos Açores.
Uma terra de alegria, descontracção e, acima de tudo, música.
Uma terra de ritmos e melodias que parecem expressar tão bem aquilo que não se consegue dizer por palavras. Mornas e coladeiras visitarão para sempre o imaginário de quem passa por esta terra.
Tudo o que deixamos para trás, permanecerá cá dentro com enorme carinho: a irmandade da tartaruga, as banquinhas do sucupira, o bolo de banana da Chantelle, as noites dançantes no Fogo D’África, os serões musicais no 5al da Música, a simpatia da D. Antónia, a delicadeza da D. Alia, o exotismo do restaurante indiano, o gratinado de peixe do Mediterrâneo, os gelados do Ártica, o charme do Kapa, as tardes de domingo com música ao vivo no Kebra, as horas de almoço na piscina, os mergulhos no mar, as viagens pelo interior de Santiago, as idas ao Tarrafal, as intermináveis praias da Boa Vista, os deslumbrantes vales de Santo Antão, a singularidade de S. Vicente, o cheiro e sabores do Fogo, o céu repleto de estrelas tão próximas, o som do mar da esplanada do bar do hotel, a aridez da terra e o seu cheiro forte, penetrante, intenso.
Um misto de vontade de regressar e vontade de ficar.
Quem traz a música consigo, traz tudo.

3 comentários:

  1. Parece que a palavra que mais ouço neste momento é saudade, mesmo antes de partir já sabemos que a vamos sentir! O aperto no coração cada vez que se ouve e se diz "hoje vai 1 embora", "amanhã vai mais um" ou "amanhã vou eu". Foram 6 meses que vamos recordar sempre, a saudade passa com o tempo e ficam todas as recordações, as memória e essas vão ser sempre nossas!

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  2. Acho que ninguém o descreve tão bem como Miguel Sousa Tavares: "E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu para sempre."

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  3. Uma bela descrição destes fantásticos 6 meses..só falta mesmo as caipirinhas do Sovaco de Cobra.

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