quarta-feira, 6 de julho de 2011

Podemos Escolher Ser Felizes?

Há dias deixei uma sábia frase de Anais Nin sobre o incessante movimento a que todos estamos sujeitos ao longo do percurso e sobre a vontade que temos em eleger um estado e permanecer nele.
A propósito dessa escolha, surge a questão se é possível escolhermos ser felizes.
Para tentar responder a uma questão desta envergadura é, antes de mais, necessário compreender o que é a felicidade. A felicidade não será um estado permanente a que se aspira, mas sim pequenos momentos de intensidade.
O que caracteriza então a sensação de felicidade?
Diria que o principal ingrediente seria a uma certa sensação de liberdade que só conseguimos sentir em determinados momentos ou situações ou com determinadas pessoas.
A liberdade pura transmitir-se-ia por uma ausência de dependência de tempo e de bens materiais. No mundo em que vivemos é extremamente difícil que não nos sintamos com frequência escravos duma ou outra coisa. Daí que o estado de felicidade se traduza em pequenos cumes numa vivência.
Quando se aspira à felicidade plena e permanente, aspira-se na realidade a um estado de serenidade. Para atingir esse estado de serenidade ou paz interior é, acima de tudo, necessário aceitar o mundo tal como este se nos apresenta. Aceitar cada experiência que nos atravessa tal como ela é. Vivê-la intensamente, despojados daquele desejo de que a mesma permaneça. Porque cada experiência é isso mesmo: uma experiência, ou seja, não permanecerá no tempo e espaço; apenas ficará na nossa mente, no nosso ser, como parte intrínseca de quem somos.
É frequentemente difícil a aceitação deste facto.
As incertezas que acompanham a caminhada no mundo actual aliadas ao frenesim diário e à frequente ausência de auto-conhecimento transmitem sensações de angústia e, por vezes, até incapacidade face ao que nos acontece. Essas angústias e receios levam-nos a desejar a tal permanência num determinado estado.
A única maneira de nos libertarmos dessa sensação é aceitação. A aceitação é a chave de tudo. A aceitação leva-nos a conhecermo-nos melhor a nós próprios e ao mundo que nos rodeia e, consequentemente, leva-nos a que a caminhada diária seja feita com tranquilidade.
E a melhor maneira nos tornarmos mais tolerantes, mais conscientes do mundo que nos rodeia é viajar. Pode ser uma viagem através dum livro, dum filme, da nossa própria mente. Viajamos com o olhar, com as sensações que nos atravessam.
As viagens são pontos de encontro connosco próprios.
“People are as happy as they make up their minds to be.” Abraham Lincoln

2 comentários:

  1. De conversas inspiradoras surgem bons posts. :) Na realidade acho que se feliz depende de nós e de tudo o que nos rodeia. Daí mudarmos de acordo com o que nos envolve, sejam pessoas, locais ou acontecimentos. A busca da nossa essência é algo interminável, logo nunca atingimos o topo da pirâmide, pelo menos não de uma forma constante, apenas por momentos. Acho que a certa altura da vida, todos precisamos de um retiro género "Into the Wild", a idade não interessa, pode ser a qualquer altura. E acho que a minha altura é mesmo esta...uma viagem de 6 meses onde mudou muita coisa, suponho que tenha acontecido com toda a gente, e o fim de tudo isto assusta, mais do que assustar o que se impõe agora: "E agora? Que quero fazer? Onde quero estar?"...

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  2. Gostei muito. E sim, podemos escolher ser felizes.

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