sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
"Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar."
Alberto Caeiro
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar."
Alberto Caeiro
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"No lugar dos palácios desertos e em ruínas
À beira do mar,
Leiamos, sorrindo, o segredo das sinas
De quem sabe amar.
Qualquer que ele seja, o destino daqueles
Que o amor levou
Para a sombra, ou na luz se fez a sombra deles,
Qualquer fosse o voo.
Por certo eles foram mais reais e felizes."
Álvaro de Campos
À beira do mar,
Leiamos, sorrindo, o segredo das sinas
De quem sabe amar.
Qualquer que ele seja, o destino daqueles
Que o amor levou
Para a sombra, ou na luz se fez a sombra deles,
Qualquer fosse o voo.
Por certo eles foram mais reais e felizes."
Álvaro de Campos
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Henry e Anais
O título do filme era Henry and June, mas quem sobressai verdadeiramente na história da literatura são Henry Miller e Anais Nin.
Um homem selvagem, duro, cru, até mesmo cruel.
Uma mulher com sede de aventura e de sensualidade.
Ambos se encontram no amor às palavras, a paixão pela literatura.
A escrita dela é bem diferente da dele. Ele é muito directo e rude. Ela é delicada e subtil.
Ambos tocaram a vida um do outro, influenciando o que cada um escreveu e a maneira como o fez.
Esse grande filme de Kaufman - que é Henry and June - debruça-se sobre a vida do escritor Henry e da sua segunda esposa e musa inspiradora June. Esse período coincide com a época em que Anais e Henry se conhecem. No filme ela é esplendidamente interpretada por Maria de Medeiros.
Desde o momento em que se cruzam, estes dois autores ficam entrelaçados; sendo tal bastante notório numa deliciosa compilação de cartas que Henry escreveu a Anais.
A obra que cada um deixou é um marco incontornável da literatura, tendo sido abertas muitas fronteiras e quebrados muitos tabus.
Um homem selvagem, duro, cru, até mesmo cruel.
Uma mulher com sede de aventura e de sensualidade.
Ambos se encontram no amor às palavras, a paixão pela literatura.
A escrita dela é bem diferente da dele. Ele é muito directo e rude. Ela é delicada e subtil.
Ambos tocaram a vida um do outro, influenciando o que cada um escreveu e a maneira como o fez.
Esse grande filme de Kaufman - que é Henry and June - debruça-se sobre a vida do escritor Henry e da sua segunda esposa e musa inspiradora June. Esse período coincide com a época em que Anais e Henry se conhecem. No filme ela é esplendidamente interpretada por Maria de Medeiros.
Desde o momento em que se cruzam, estes dois autores ficam entrelaçados; sendo tal bastante notório numa deliciosa compilação de cartas que Henry escreveu a Anais.
A obra que cada um deixou é um marco incontornável da literatura, tendo sido abertas muitas fronteiras e quebrados muitos tabus.
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sábado, 18 de dezembro de 2010
“I went to the woods because I wanted to live deliberately,
I wanted to live deep and suck out all the marrow of life,
To put to rout all that was not life and not when I had come to die
Discover that I had not lived.”
Henry David Thoreau (12/07/1817 - 06/05/1862)
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terça-feira, 14 de dezembro de 2010
sábado, 11 de dezembro de 2010
Adeus!
"Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus."
Eugénio de Andrade
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes.
E eu acreditava.
Acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo em que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.
Adeus."
Eugénio de Andrade
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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Paul Newman
Um actor extraordinário, um activista aplicado, um ser humano admirável.
Não é segredo nenhum que nutro uma elevada admiração por esta lenda inspiradora.
Paul Leonard Newman nasceu a 26 de Janeiro de 1925 no estado de Ohio.
A sua primeira aparição foi na Broadway, na peça Pic Nic em 1953, com um desempenho bastante promissor.
No entanto, o seu primeiro filme foi - um (consta que) terrível - The Silver Chalice. Newman viria, anos mais tarde, aquando da exibição do filme num canal de televisão, publicar desculpas públicas numa página inteira de jornal a todos os que tinham visto o (desolante) filme na véspera. Este episódio demonstra duas das principais características apontadas por todos os que privaram com Newman: o sentido de humor e a humildade, ou (basicamente) a capacidade de rir-se de si próprio.
Para além dum excelente actor que eternizou títulos como:
- The Prize (my personal favourite): Newman e Elke Sommer numa adorável aventura carregada de acção, comédia e charme; uma espécie de James Bond (amador), formato escritor que vai receber o Prémio Nobel e está na hora errada no sítio errado, apercebendo-se de que algo vai estranho.
- The Long Hot Summer (my personal favourite too): Newman e (aquela que foi sua esposa durante mais de meio século) Joanne Woodward incendeiam o ecran num verão escaldante dos estados do sul.
- Cat On A Hot Tin Roof (uma excelente peça): Newman e Elizabeth Taylor partilham um drama familiar sobre o valor das coisas, das pessoas, dos laços de família e dum passado demasiado presente.
- Sweet Birth Of Youth (outra excelente peça): Newman com o sonho de se tornar uma grande estrela, num filme sobre a fama, os laços que ficam e os preconceitos.
- Cool Hand Luke (o mais emblemático): nunca um presidiário foi tão rebelde e insubordinado como Newman neste filme.
- Butch Cassidy and The Sundance Kid (o par de sonho): nunca um par de ladrões foi tão amado como Newman e Redford neste imprescindível e divertido filme sobre as aventuras e desventuras da mais destemida parelha de ladrões.
- The Sting (o par de sonho 2): Newman e Redford voltam a repetir o golpe neste incontornável e também divertido filme sobre vigaristas.
- The Bronx (um retrato fiel da droga e dum bairro problemático): um polícia confrontado com a investigação dum crime e um bairro à beira dum ataque de nervos. Mais uma vez, demonstra a sua veia divertida, numa das memoráveis cenas (à semelhança dum divertidíssimo momento de Butch Cassidy and The Sundance Kid)
Temos muitos, muitos mais: The Hustler, Somebody Up There Likes Me, Hud, The Colour Of Money, The Veredict, Absence of Malice, Lew Harper, etc etc etc.
Isto apenas para referir alguns dos mais marcantes títulos dos quais foi protagonista, sendo que o seu trabalho atrás das câmaras também foi notável, sobretudo em Rachel Rachel, protagonizado por Woodward.
Para além do cinema, foi um homem politicamente activo. Um lutador e defensor de determinadas causas.
Não é na política que mais se destaca, mas sim na cozinha e solidariedade.
Newman criou uma cadeia de molhos de saladas - devido a um acaso: estava num restaurante, sendo que o molho não lhe agradou, pelo que pediu ingredientes para temperar ele próprio a sua salada – designada Newman’s Own, tratando-se dum gigantesco sucesso culinário, com varrias variantes após o molho original. Esta rede rende milhões de dólares, sendo que cada cêntimo é e sempre foi atribuído a diversas centros de solidariedade, através duma rede, também criada por este ser humano extraordinário.
A rede de solidariedade chama-se Hole In The Wall Foundation (nome do gang de Butch Cassidy And The Sundance Kid). Para além da rede, existem diversos campus que permitem a crianças com determinadas doenças letais escapar um pouco do medo, dor e isolamento inerentes à sua condição.
Outra grande paixão que acompanhou esta verdadeira lenda foi o gosto por carros e por velocidade. Desde 1970 a 1990 destacou-se como piloto amador, sendo o mais velho piloto (aos 70 anos) a ganhar um corrida de prestígio, fazendo parte da equipa de pilotos que ganhou as 24 horas de Daytona em 1995. Nos anos 80 criou uma equipa Newman Haas Racing.
Newman (ex-fumador inveterado) foi diagnosticado cancro de pulmão em Março de 2008, falecendo dessa causa a 26 de Setembro desse ano, na sua casa no estado do Connecticut.
Paul Newman: um actor extraordinário, um activista aplicado, um ser humano admirável.
Não é segredo nenhum que nutro uma elevada admiração por esta lenda inspiradora.
Paul Leonard Newman nasceu a 26 de Janeiro de 1925 no estado de Ohio.
A sua primeira aparição foi na Broadway, na peça Pic Nic em 1953, com um desempenho bastante promissor.
No entanto, o seu primeiro filme foi - um (consta que) terrível - The Silver Chalice. Newman viria, anos mais tarde, aquando da exibição do filme num canal de televisão, publicar desculpas públicas numa página inteira de jornal a todos os que tinham visto o (desolante) filme na véspera. Este episódio demonstra duas das principais características apontadas por todos os que privaram com Newman: o sentido de humor e a humildade, ou (basicamente) a capacidade de rir-se de si próprio.
Para além dum excelente actor que eternizou títulos como:
- The Prize (my personal favourite): Newman e Elke Sommer numa adorável aventura carregada de acção, comédia e charme; uma espécie de James Bond (amador), formato escritor que vai receber o Prémio Nobel e está na hora errada no sítio errado, apercebendo-se de que algo vai estranho.
- The Long Hot Summer (my personal favourite too): Newman e (aquela que foi sua esposa durante mais de meio século) Joanne Woodward incendeiam o ecran num verão escaldante dos estados do sul.
- Cat On A Hot Tin Roof (uma excelente peça): Newman e Elizabeth Taylor partilham um drama familiar sobre o valor das coisas, das pessoas, dos laços de família e dum passado demasiado presente.
- Sweet Birth Of Youth (outra excelente peça): Newman com o sonho de se tornar uma grande estrela, num filme sobre a fama, os laços que ficam e os preconceitos.
- Cool Hand Luke (o mais emblemático): nunca um presidiário foi tão rebelde e insubordinado como Newman neste filme.
- Butch Cassidy and The Sundance Kid (o par de sonho): nunca um par de ladrões foi tão amado como Newman e Redford neste imprescindível e divertido filme sobre as aventuras e desventuras da mais destemida parelha de ladrões.
- The Sting (o par de sonho 2): Newman e Redford voltam a repetir o golpe neste incontornável e também divertido filme sobre vigaristas.
- The Bronx (um retrato fiel da droga e dum bairro problemático): um polícia confrontado com a investigação dum crime e um bairro à beira dum ataque de nervos. Mais uma vez, demonstra a sua veia divertida, numa das memoráveis cenas (à semelhança dum divertidíssimo momento de Butch Cassidy and The Sundance Kid)
Temos muitos, muitos mais: The Hustler, Somebody Up There Likes Me, Hud, The Colour Of Money, The Veredict, Absence of Malice, Lew Harper, etc etc etc.
Isto apenas para referir alguns dos mais marcantes títulos dos quais foi protagonista, sendo que o seu trabalho atrás das câmaras também foi notável, sobretudo em Rachel Rachel, protagonizado por Woodward.
Para além do cinema, foi um homem politicamente activo. Um lutador e defensor de determinadas causas.
Não é na política que mais se destaca, mas sim na cozinha e solidariedade.
Newman criou uma cadeia de molhos de saladas - devido a um acaso: estava num restaurante, sendo que o molho não lhe agradou, pelo que pediu ingredientes para temperar ele próprio a sua salada – designada Newman’s Own, tratando-se dum gigantesco sucesso culinário, com varrias variantes após o molho original. Esta rede rende milhões de dólares, sendo que cada cêntimo é e sempre foi atribuído a diversas centros de solidariedade, através duma rede, também criada por este ser humano extraordinário.
A rede de solidariedade chama-se Hole In The Wall Foundation (nome do gang de Butch Cassidy And The Sundance Kid). Para além da rede, existem diversos campus que permitem a crianças com determinadas doenças letais escapar um pouco do medo, dor e isolamento inerentes à sua condição.
Outra grande paixão que acompanhou esta verdadeira lenda foi o gosto por carros e por velocidade. Desde 1970 a 1990 destacou-se como piloto amador, sendo o mais velho piloto (aos 70 anos) a ganhar um corrida de prestígio, fazendo parte da equipa de pilotos que ganhou as 24 horas de Daytona em 1995. Nos anos 80 criou uma equipa Newman Haas Racing.
Newman (ex-fumador inveterado) foi diagnosticado cancro de pulmão em Março de 2008, falecendo dessa causa a 26 de Setembro desse ano, na sua casa no estado do Connecticut.
Paul Newman: um actor extraordinário, um activista aplicado, um ser humano admirável.
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Chinela no Cinema
O Amante de Lady Chatterley
Um excelente livro dum genial e controverso autor.
Vou poupar-vos a fazer comentários a esta obra-prima da literatura.
Apenas deixo uma das passagens dessa pérola:
“Não percebia a beleza que encontrava nela, quando tocava o seu corpo secreto e vivo, quase num êxtase de beleza. Só a paixão é capaz de a despertar. E, quando a paixão já não existe, ou simplesmente não existe, a expressão magnífica que a beleza pode provocar é incompreensível e até um pouco desprezível. A beleza quente, viva do contacto é mais profunda que a beleza intelectual.”
David Herbert Lawrence (11/09/1885 – 02/03/1930)
Vou poupar-vos a fazer comentários a esta obra-prima da literatura.
Apenas deixo uma das passagens dessa pérola:
“Não percebia a beleza que encontrava nela, quando tocava o seu corpo secreto e vivo, quase num êxtase de beleza. Só a paixão é capaz de a despertar. E, quando a paixão já não existe, ou simplesmente não existe, a expressão magnífica que a beleza pode provocar é incompreensível e até um pouco desprezível. A beleza quente, viva do contacto é mais profunda que a beleza intelectual.”
David Herbert Lawrence (11/09/1885 – 02/03/1930)
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Pensamento do Dia
"Os poetas são como toda a gente sabe seres de utopia. Essa utopia sem a qual não há progresso."
Eugénio de Andrade (19/01/1923 - 13/06/2005)
Eugénio de Andrade (19/01/1923 - 13/06/2005)
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Chinela Quotes
O Sorriso
"Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso."
Eugénio de Andrade (19/01/1923 - 13/06/2005)
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso."
Eugénio de Andrade (19/01/1923 - 13/06/2005)
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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Os Mistérios Da Mente
Já há alguns anos que acompanho o trabalho dos extraordinários Professor António Damásio e Professora Hanna Damásio.
O campo de estudo destes brilhantes neurocientistas é particularmente interessante para mim, uma vez que considero o cérebro um dos mais fascinantes objectos de estudo.
A investigação incide sobre o cérebro e o self (o eu à falta de melhor tradução, conforme referido pelo autor) e a relação entre a percepção de nós próprios e o cérebro.
Na sequência deste estudo foram editados quatro volumes, sendo que iniciei a leitura do mais recente: “O Livro da Consciência” (em inglês Self Comes To Mind).
Continuando os estudos e experiências anteriores, neste volume, o autor aborda duas questões. Passo a citar: “Primeira: como é que o cérebro constrói uma mente? Segunda: como é que o cérebro torna essa mente consciente?”
Nota-se que, conforme o Professor refere, “abordar as questões não é mesmo que responder-lhes”, acrescentando ainda que “seria disparatado partir do princípio que é hoje possível obter uma resposta definitiva”.
Não sendo definitivos, os estudos apresentados ao longo destes livros têm vindo a levantar o véu relativamente ao cérebro e, mais concretamente, à mente e à consciência.
O Professor leva-nos pela mão às profundezas da mente, dos seus constituintes e de todos os intervenientes neste complexo processo, recorrendo a explicações acessíveis e descrevendo as experiências levadas a cabo de forma simples e concreta.
Para além de toda a temática científica contida nos livros, está intrinsecamente subjacente uma vertente filosófica, derivada dos pontos abordados e do significado do objecto de estudo. Por essa razão, esta leitura é não só um meio de auto-conhecimento, como também e - simultaneamente - uma análise inquisidora e esclarecedora.
Um livro promissor, no qual na primeira página consta:
"Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tangem e rangem, cordas e harpas, timbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia."
Pessoa - Livro do Desassossego
O campo de estudo destes brilhantes neurocientistas é particularmente interessante para mim, uma vez que considero o cérebro um dos mais fascinantes objectos de estudo.
A investigação incide sobre o cérebro e o self (o eu à falta de melhor tradução, conforme referido pelo autor) e a relação entre a percepção de nós próprios e o cérebro.
Na sequência deste estudo foram editados quatro volumes, sendo que iniciei a leitura do mais recente: “O Livro da Consciência” (em inglês Self Comes To Mind).
Continuando os estudos e experiências anteriores, neste volume, o autor aborda duas questões. Passo a citar: “Primeira: como é que o cérebro constrói uma mente? Segunda: como é que o cérebro torna essa mente consciente?”
Nota-se que, conforme o Professor refere, “abordar as questões não é mesmo que responder-lhes”, acrescentando ainda que “seria disparatado partir do princípio que é hoje possível obter uma resposta definitiva”.
Não sendo definitivos, os estudos apresentados ao longo destes livros têm vindo a levantar o véu relativamente ao cérebro e, mais concretamente, à mente e à consciência.
O Professor leva-nos pela mão às profundezas da mente, dos seus constituintes e de todos os intervenientes neste complexo processo, recorrendo a explicações acessíveis e descrevendo as experiências levadas a cabo de forma simples e concreta.
Para além de toda a temática científica contida nos livros, está intrinsecamente subjacente uma vertente filosófica, derivada dos pontos abordados e do significado do objecto de estudo. Por essa razão, esta leitura é não só um meio de auto-conhecimento, como também e - simultaneamente - uma análise inquisidora e esclarecedora.
Um livro promissor, no qual na primeira página consta:
"Minha alma é uma orquestra oculta; não sei que instrumentos tangem e rangem, cordas e harpas, timbales e tambores, dentro de mim. Só me conheço como sinfonia."
Pessoa - Livro do Desassossego
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O Eu
- Olá! Eu sou o João. E tu?
- Tu sabes quem sou.
- Sei? Mas se nunca te vi…
- Sabes sim.
De facto, tinha um ar familiar, mas não o reconhecendo:
- Quem és tu?
- Sou eu.
- Não. Eu é que sou eu. Quem és tu?
- Sou eu – já disse.
- Bem, isto só pode ser uma partida, de primeiro dia de aulas… Se tu estás aí e eu estou aqui, como podes tu ser eu?
- Mas sou.
- Se tu és eu e eu sou eu, então ambos somos eu… E se tu és eu, então diz-me: qual a minha cor preferida?
- Azul.
- A minha comida preferida?
- Empadão da Mãe.
À medida que ia ouvindo as respostas, João ia perdendo o tom irónico.
- Qual o meu maior sonho? – Se acertasse esta: não havia dúvidas (ninguém sabia o seu secreto segredo).
- Escrever um livro.
Silêncio.
Como era possível que, aquele rapaz, soubesse tanto sobre ele próprio? Estaria mesmo a falar com o seu outro eu?
- Como sabes isso tudo?
- Sei, porque já escrevi um livro.
- Mas se tu tens um livro escrito e eu não, como podes dizer que és eu ou saber tanto de mim?
- Porque eu sou quem tu és: quando escreves.
- Como podes dizer que és eu, se o meu sonho é ser escritor e sinto que as palavras não me saem?
- Hão-de sair. Vão jorrar como cascatas furiosas, precipitando-se pelas encostas.
- Como sabes isso tudo?
- Eu sei tudo sobre ti. E sei que as palavras saem dos teus dedos; folhas de Outono caindo das árvores.
Quem era ele?
- É incrível como nunca te lembras de mim. Somos tantos que tu até me esqueces.
- Tantos, quê?
- Pensa bem, João Filipe.
Só a Mãe o tratava assim. A Mãe e… Claro:
- Ricardo! Já podias ter dito.
- Passaste as férias todas longe de mim.
- Hum, sabes que também não estive cá.
- Isso nunca foi desculpa.
- Mas tu és o meu amigo das aulas: o companheiro de carteira.
- Sou tão importante que já nem te lembravas de mim…
- Claro que és importante. Mas as férias foram tão boas - e aconteceu tanta coisa - que parece que tudo o resto se eclipsou da minha mente.
- Hum, tu sempre foste muito distraído, por isso eu estou aqui para garantir que estás atento nas aulas.
- Sabes que mais? Já tinha saudades tuas!
E sorriu.
A Professora prendeu o olhar naquele aluno sorridente, que fitava – estranhamente - o vazio.
- Tu sabes quem sou.
- Sei? Mas se nunca te vi…
- Sabes sim.
De facto, tinha um ar familiar, mas não o reconhecendo:
- Quem és tu?
- Sou eu.
- Não. Eu é que sou eu. Quem és tu?
- Sou eu – já disse.
- Bem, isto só pode ser uma partida, de primeiro dia de aulas… Se tu estás aí e eu estou aqui, como podes tu ser eu?
- Mas sou.
- Se tu és eu e eu sou eu, então ambos somos eu… E se tu és eu, então diz-me: qual a minha cor preferida?
- Azul.
- A minha comida preferida?
- Empadão da Mãe.
À medida que ia ouvindo as respostas, João ia perdendo o tom irónico.
- Qual o meu maior sonho? – Se acertasse esta: não havia dúvidas (ninguém sabia o seu secreto segredo).
- Escrever um livro.
Silêncio.
Como era possível que, aquele rapaz, soubesse tanto sobre ele próprio? Estaria mesmo a falar com o seu outro eu?
- Como sabes isso tudo?
- Sei, porque já escrevi um livro.
- Mas se tu tens um livro escrito e eu não, como podes dizer que és eu ou saber tanto de mim?
- Porque eu sou quem tu és: quando escreves.
- Como podes dizer que és eu, se o meu sonho é ser escritor e sinto que as palavras não me saem?
- Hão-de sair. Vão jorrar como cascatas furiosas, precipitando-se pelas encostas.
- Como sabes isso tudo?
- Eu sei tudo sobre ti. E sei que as palavras saem dos teus dedos; folhas de Outono caindo das árvores.
Quem era ele?
- É incrível como nunca te lembras de mim. Somos tantos que tu até me esqueces.
- Tantos, quê?
- Pensa bem, João Filipe.
Só a Mãe o tratava assim. A Mãe e… Claro:
- Ricardo! Já podias ter dito.
- Passaste as férias todas longe de mim.
- Hum, sabes que também não estive cá.
- Isso nunca foi desculpa.
- Mas tu és o meu amigo das aulas: o companheiro de carteira.
- Sou tão importante que já nem te lembravas de mim…
- Claro que és importante. Mas as férias foram tão boas - e aconteceu tanta coisa - que parece que tudo o resto se eclipsou da minha mente.
- Hum, tu sempre foste muito distraído, por isso eu estou aqui para garantir que estás atento nas aulas.
- Sabes que mais? Já tinha saudades tuas!
E sorriu.
A Professora prendeu o olhar naquele aluno sorridente, que fitava – estranhamente - o vazio.
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Chinela a Divagar
Mad Men ... Still
Bom, ao fim de três temporadas (e quase quase a espreitar o primeiro episódio da quarta) confirmo que Mad Men é a par de Six Feet Under das melhores séries de sempre.
Quanto mais vejo Mad Men mais gosto de Roger Sterling (não este não é o protagonista com todas as idiossincrasias descritas em posts anteriores). Este é um dos personagens mais alegres e apaixonados pela vida de que há memória. Roger: o típico bom vivant da época retratada. É um personagem que reúne um refinado sentido de humor com uma enorme vontade de viver.
Quase que teria idade para ser pai de Don e, no entanto, é muito mais jovem (ou muito mais livre) e - definitivamente - muito mais alegre do que o nosso querido protagonista.
À partida pensar-se-ia que tal se poderia dever ao passado de Roger ser muito menos sombrio do que o de Don. É verdadeiro, mas – nem assim – o passado de Roger é doce, no entanto, este é daqueles personagens que decidiu deixar o passado onde ele pertence: lá atrás e abraçar a vida com toda a paixão possível. Certamente que há passados e passados, há histórias e histórias, mas, embora a de Don não sejam “ Morangos Silvestres” (um filme que merecerá uma referência mais extensa, talvez brevemente) seria algo que poderia ser posto no seu devido lugar, sendo devidamente desmistificado.
Bem, mas assim sendo não teríamos das melhores séries de sempre, nem estes personagens tão apaixonantes para nos acompanharem.
Os pontos de vista retratados sobre as diversas temáticas abordadas são bastante interessantes e até mesmo intrigantes.
Continua imperdível!
Quanto mais vejo Mad Men mais gosto de Roger Sterling (não este não é o protagonista com todas as idiossincrasias descritas em posts anteriores). Este é um dos personagens mais alegres e apaixonados pela vida de que há memória. Roger: o típico bom vivant da época retratada. É um personagem que reúne um refinado sentido de humor com uma enorme vontade de viver.
Quase que teria idade para ser pai de Don e, no entanto, é muito mais jovem (ou muito mais livre) e - definitivamente - muito mais alegre do que o nosso querido protagonista.
À partida pensar-se-ia que tal se poderia dever ao passado de Roger ser muito menos sombrio do que o de Don. É verdadeiro, mas – nem assim – o passado de Roger é doce, no entanto, este é daqueles personagens que decidiu deixar o passado onde ele pertence: lá atrás e abraçar a vida com toda a paixão possível. Certamente que há passados e passados, há histórias e histórias, mas, embora a de Don não sejam “ Morangos Silvestres” (um filme que merecerá uma referência mais extensa, talvez brevemente) seria algo que poderia ser posto no seu devido lugar, sendo devidamente desmistificado.
Bem, mas assim sendo não teríamos das melhores séries de sempre, nem estes personagens tão apaixonantes para nos acompanharem.
Os pontos de vista retratados sobre as diversas temáticas abordadas são bastante interessantes e até mesmo intrigantes.
Continua imperdível!
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domingo, 5 de dezembro de 2010
Cela 211
Há filmes assim: discretos, surpreendentes, que marcam quem os vê.
Filmes que nos fazem pensar em como um pequeno acaso pode mudar e tocar diversas vidas com consequências inimagináveis.
Filmes que nos fazem pensar que não há maus nem bons. Há pessoas e contextos e cada um torna-se quem é perante as conjeturas da situação em que se vê imerso.
Filmes que nos fazem pensar na adatabilidade do ser humano e na supremacia da capacidade de sobrevivência.
Filmes que nos fazem pensar o quão frágil é a vida e o quão fortes somos quando temos motivos para lutar.
Filmes que nos fazem pensar na importância do que temos por adquirido e, no quanto, desvalorizamos essas dádivas das quais a vida é feita.
Filmes que nos fazem pensar que há sempre quem se deixe vender, corrompendo uma ideia, um pensamento, um ideal; pois um homem pode ter força para mover uma multidão, mas apenas a união faz a força.
Filmes que nos fazem pensar que realmente só há uma coisa que dá sentido a tudo isto.
Filmes que nos fazem pensar em como um pequeno acaso pode mudar e tocar diversas vidas com consequências inimagináveis.
Filmes que nos fazem pensar que não há maus nem bons. Há pessoas e contextos e cada um torna-se quem é perante as conjeturas da situação em que se vê imerso.
Filmes que nos fazem pensar na adatabilidade do ser humano e na supremacia da capacidade de sobrevivência.
Filmes que nos fazem pensar o quão frágil é a vida e o quão fortes somos quando temos motivos para lutar.
Filmes que nos fazem pensar na importância do que temos por adquirido e, no quanto, desvalorizamos essas dádivas das quais a vida é feita.
Filmes que nos fazem pensar que há sempre quem se deixe vender, corrompendo uma ideia, um pensamento, um ideal; pois um homem pode ter força para mover uma multidão, mas apenas a união faz a força.
Filmes que nos fazem pensar que realmente só há uma coisa que dá sentido a tudo isto.
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Chinela no Cinema
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
O Advento
No Natal celebra-se o nascimento de Cristo com tudo o que lhe está associado: a esperança de um mundo melhor, a fé, a alegria, a partilha, o amor.
Dar é uma maneira de materializarmos o quanto gostamos de alguém. Os três reis foram os primeiros a iniciar uma tradição que atravessaria séculos e séculos, gerações e gerações. A passagem do tempo iria perpetuar um ritual tão simbólico como o gesto de dar.
Hoje em dia as prendinhas de Natal estão profundamente enraízadas na nossa sociedade.
Com tantas decorações e publicidade estará o Natal a tornar-se algo meramente comercial? Será que se está a perder o sentido desta data?
Não querendo perder a ideia original do porquê e para quê que se dá, aproximando-se aquele que é um dos momentos mais emblemáticos do ano, aproveito para deixar algumas sugestões de prendinhas originais e solidárias.
Poderão encontrar artesanato muito original, cuja a aquisição estará a contribuir para ajuda aos animais:
http://artesanatoanimaisderua.blogspot.com/
Outra forma de ajudar é fazer voluntariado, adotar um animal ou fazer um donativo:
http://www.sosanimal.com/
http://www.refugiodaspatinhas.org/ajudar
http://www.bianca.pt/
http://www.aaaporto.com/site/php/ajudenos.php
Para além destas associações há inúmeras outras que ajudam a contribuir para as mais diversas causas.
E qual a melhor altura para relembrar a importância de ajudar estas entidades senão a mais bela época do ano?
Há ainda quem celebre o Advento com um prendinha diária até ao grande acontecimento. Recordo-me - muito bem - dos calendários do mês de Dezembro, que a minha mãe me dava, há muitos muitos anos, com um chocolate para cada dia, até ao tão esperado.
Esta ideia poderia ser recuperada ajudando uma causa diferente cada dia, um pequeno doce para cada uma destas associações que tanto precisam.
Dar é uma maneira de materializarmos o quanto gostamos de alguém. Os três reis foram os primeiros a iniciar uma tradição que atravessaria séculos e séculos, gerações e gerações. A passagem do tempo iria perpetuar um ritual tão simbólico como o gesto de dar.
Hoje em dia as prendinhas de Natal estão profundamente enraízadas na nossa sociedade.
Com tantas decorações e publicidade estará o Natal a tornar-se algo meramente comercial? Será que se está a perder o sentido desta data?
Não querendo perder a ideia original do porquê e para quê que se dá, aproximando-se aquele que é um dos momentos mais emblemáticos do ano, aproveito para deixar algumas sugestões de prendinhas originais e solidárias.
Poderão encontrar artesanato muito original, cuja a aquisição estará a contribuir para ajuda aos animais:
http://artesanatoanimaisderua.blogspot.com/
Outra forma de ajudar é fazer voluntariado, adotar um animal ou fazer um donativo:
http://www.sosanimal.com/
http://www.refugiodaspatinhas.org/ajudar
http://www.bianca.pt/
http://www.aaaporto.com/site/php/ajudenos.php
Para além destas associações há inúmeras outras que ajudam a contribuir para as mais diversas causas.
E qual a melhor altura para relembrar a importância de ajudar estas entidades senão a mais bela época do ano?
Há ainda quem celebre o Advento com um prendinha diária até ao grande acontecimento. Recordo-me - muito bem - dos calendários do mês de Dezembro, que a minha mãe me dava, há muitos muitos anos, com um chocolate para cada dia, até ao tão esperado.
Esta ideia poderia ser recuperada ajudando uma causa diferente cada dia, um pequeno doce para cada uma destas associações que tanto precisam.
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Chinela a Divagar
O mercado mundial
"Nunca o capitalismo foi um jogo tão viciado e tão amoral. Se vivesse hoje, Adam Smith seria anarquista.
Vejo na televisão imagens de rua da Irlanda, da Grécia, da Espanha, e são iguais às de Portugal: as pessoas movem-se de ou para o trabalho, há transportes a funcionar, comércio aberto, crianças a irem para escola, enfim, a vida como habitualmente. A mim parece-me que estes países e estas pessoas estão vivas, que não estão à beira da morte. Mas não, é ilusão minha: todos os noticiários nos dizem que sobre esta gente e estes países pesa a mais tenebrosa ameaça destes sinistros tempos económicos que se vivem: os mercados.
Estou farto dos mercados, estou farto da constante ameaça dos mercados: os mercados acordaram bem dispostos mas, depois do almoço, os mercados enervaram-se e subiram-nos outra vez as taxas de juro; os mercados não gostam disto, os mercados querem aquilo; os mercados querem um orçamento aprovado, os mercados não acreditam na execução do orçamento que queriam aprovado; os mercados assustam-se quando o ministro das Finanças fala, os mercados reagem em stresse se o ministro fica calado mais do que dois dias; os mercados querem que os Estados desçam o défice, diminuindo despesas e aumentando receitas, mas os mercados fogem se a PT pagar um euro que seja de imposto sobre as mais-valias do maior negócio europeu do ano; os mercados estão preocupados com a quebra do consumo, mas os mercados adoram os aumentos do IVA; os mercados recomendam cortes salariais, mas os mercados são frontalmente contra os cortes nos salários e prémios dos gestores das grandes empresas, porque isso é uma intromissão estatal que contraria a regra da concorrência... nos mercados.
Sim, eu sei: à falta de alternativa, estamos na mão dos mercados e não os podemos mandar para onde bem nos apetecia e eles mereciam. Mas convém não esquecer que foi esta fé nos mercados, como se fosse o boi-ápis, a desregulação e falta de supervisão dos famosos mercados, que mergulharam o mundo inteiro na crise que vivemos, devido ao estoiro do mercado imobiliário especulativo e do mercado financeiro, atulhado do que chamam "activos tóxicos" - que deram biliões a ganhar a muito poucos e triliões a pagar por todos. A Irlanda, que hoje os mercados flagelam com juros acima dos 8%, está onde está, não porque a sua economia tenha ido à falência (pelo contrário, e como sucede com Portugal, está em crescimento), mas porque os seus tão acarinhados bancos, maravilha fatal dos mercados e do liberalismo selvagem, rebentaram de ganância e irresponsabilidade e obrigaram o Estado a resgatá-los à custa de um défice de 32%. Num mundo justo, os mercados deveriam ser os primeiros a pagar pela falência da Irlanda; no mundo em que vivemos, quem ganha com isso são os mercados outra vez e quem paga são os contribuintes - irlandeses primeiro, europeus depois - e os desempregados da Irlanda. Por isso, a srª Merkel disse que seria justo que os mercados (isto é, os investidores na dívida pública irlandesa) participassem também nos custos de resgatar a dívida irlandesa, se isso se vier a revelar inevitável. Mas, no mundo em que vivemos, o que sucedeu é que toda a gente caiu em cima da srª Merkel, porque a sua declaração logo fez subir as taxas de juro junto dos indignados mercados. Mesmo no Inverno, já nem espirrar se pode, porque os mercados não gostam.
Mas é assim que estamos: nas mãos dos abutres. Sim, eu sei, não adianta para nada matar o mensageiro no lugar da mensagem. Nem eu o faço: já escrevi várias vezes que agora não há volta a dar. Vivemos há tempo de mais a gastar o que não tínhamos e a endividar-nos para o futuro. Todos - indivíduos, famílias, empresas, bancos, autarquias, Estado - instalámo-nos irresponsavelmente num modus vivendi que consistiu em pedir dinheiro emprestado por conta da riqueza que um dia iríamos ter e nunca tivemos. Um exemplo basta para dar conta da insanidade financeira em que o país mergulhou: convencemo-nos de que era possível que cada português fosse dono de habitação própria, coisa jamais vista em lugar algum. Mas também nos convencemos (e ainda há quem esteja convencido) de que podemos ter auto-estradas de borla, o maior consumo público de farmácia e tratamentos hospitalares de toda a Europa ou um sistema de pensões cujas despesas aumentam incessantemente enquanto as receitas diminuem paulatinamente. Era fatal que um dia teria de chegar a conta destas criminosas ilusões que uma geração irresponsável de políticos alimentou e uma geração de eleitores aplaudiu. Chegou agora e eu acho que não temos outro caminho senão enfrentar a inevitabilidade de começar a cortar brutalmente nas despesas para podermos matar o défice, cobrir os juros usurários que os mercados agora nos cobram e começar a amortizar a dívida acumulada. E seria justo que tal sucedesse enquanto está no poder a geração que nos enterrou em toda esta dívida e dela beneficiou.
Isso é uma coisa. Outra, é assistir de braços cruzados à ditadura dos mercados e à retoma, como se nada tivesse sucedido, das regras de um capitalismo moralmente pervertido e socialmente insustentável. Países como Portugal, a Irlanda, a Grécia, não obstante todos os erros próprios cometidos e a responsabilidade que têm nas suas actuais situações, têm o direito de exigir condições decentes para pagarem o que devem. Bruxelas e o FMI sabem muito bem que, com juros entre os 7 e os 11%, não há sacrifícios, nem despedimentos, nem miséria que chegue para conseguir pagar, sobrevivendo. É um escândalo que a PT não pague um tostão de mais-valias num negócio de 7500 milhões de euros porque factura os lucros da operação através de uma sua subsidiária sediada na Holanda, onde a taxa de IRC é de... 0%! É um escândalo para a PT, um escândalo para um país como a Holanda, que serve de barriga de aluguer para dumping empresarial e fuga fiscal, e um escândalo para a UE, os Estados Unidos e todo o G-20, que nem sequer se atreveram ainda, mesmo depois de terem visto o que viram, a começar a concertar-se para pôr fim a essa coisa pornográfica que são as offshores - autênticos salteadores da riqueza das nações e fábricas de desempregados.
Eu sei também qual é a resposta pronta, de cada vez que se fala nas offshores: "se nós não temos, têm os outros e as empresas fogem para os melhores mercados". Pois, mas se os senhores do mundo, concertados nas reuniões do G-20, decidirem todos boicotar as offshores e as empresas que lá existem, elas acabam, fatalmente. E, se já se conseguiu estabelecer regras universais para o comércio mundial e assuntos ainda mais complexos, porque não se consegue aqui? A resposta provável é esta: porque os senhores do mundo, ao contrário do que se possa pensar, não são Obama, nem Hu Jintao, nem Medvedev, nem Merkel ou Sarkozy: os senhores do mundo são uns cavalheiros que se reúnem uma vez por ano em fóruns como o de Davos, na Suíça, e aí, enquanto representantes do verdadeiro poder - financeiro, empresarial, político, militar e de informação e comunicação - entre si estabelecem as regras do jogo. E agora, com a Rússia e a China tão devotamente convertidas ao capitalismo, nunca foi tão fácil aos senhores do mundo estabelecerem as regras que lhes interessam. E nunca o capitalismo foi um jogo tão viciado e tão amoral. A falência óbvia do socialismo foi o caminho aberto para a libertinagem, sem regras, sem princípios morais e sem qualquer preocupação de que a economia sirva os povos, em lugar de os sugar. Se vivesse hoje, Adam Smith seria anarquista."
Miguel Sousa Tavares, texto publicado no Expresso de 20 de novembro de 2010
Vejo na televisão imagens de rua da Irlanda, da Grécia, da Espanha, e são iguais às de Portugal: as pessoas movem-se de ou para o trabalho, há transportes a funcionar, comércio aberto, crianças a irem para escola, enfim, a vida como habitualmente. A mim parece-me que estes países e estas pessoas estão vivas, que não estão à beira da morte. Mas não, é ilusão minha: todos os noticiários nos dizem que sobre esta gente e estes países pesa a mais tenebrosa ameaça destes sinistros tempos económicos que se vivem: os mercados.
Estou farto dos mercados, estou farto da constante ameaça dos mercados: os mercados acordaram bem dispostos mas, depois do almoço, os mercados enervaram-se e subiram-nos outra vez as taxas de juro; os mercados não gostam disto, os mercados querem aquilo; os mercados querem um orçamento aprovado, os mercados não acreditam na execução do orçamento que queriam aprovado; os mercados assustam-se quando o ministro das Finanças fala, os mercados reagem em stresse se o ministro fica calado mais do que dois dias; os mercados querem que os Estados desçam o défice, diminuindo despesas e aumentando receitas, mas os mercados fogem se a PT pagar um euro que seja de imposto sobre as mais-valias do maior negócio europeu do ano; os mercados estão preocupados com a quebra do consumo, mas os mercados adoram os aumentos do IVA; os mercados recomendam cortes salariais, mas os mercados são frontalmente contra os cortes nos salários e prémios dos gestores das grandes empresas, porque isso é uma intromissão estatal que contraria a regra da concorrência... nos mercados.
Sim, eu sei: à falta de alternativa, estamos na mão dos mercados e não os podemos mandar para onde bem nos apetecia e eles mereciam. Mas convém não esquecer que foi esta fé nos mercados, como se fosse o boi-ápis, a desregulação e falta de supervisão dos famosos mercados, que mergulharam o mundo inteiro na crise que vivemos, devido ao estoiro do mercado imobiliário especulativo e do mercado financeiro, atulhado do que chamam "activos tóxicos" - que deram biliões a ganhar a muito poucos e triliões a pagar por todos. A Irlanda, que hoje os mercados flagelam com juros acima dos 8%, está onde está, não porque a sua economia tenha ido à falência (pelo contrário, e como sucede com Portugal, está em crescimento), mas porque os seus tão acarinhados bancos, maravilha fatal dos mercados e do liberalismo selvagem, rebentaram de ganância e irresponsabilidade e obrigaram o Estado a resgatá-los à custa de um défice de 32%. Num mundo justo, os mercados deveriam ser os primeiros a pagar pela falência da Irlanda; no mundo em que vivemos, quem ganha com isso são os mercados outra vez e quem paga são os contribuintes - irlandeses primeiro, europeus depois - e os desempregados da Irlanda. Por isso, a srª Merkel disse que seria justo que os mercados (isto é, os investidores na dívida pública irlandesa) participassem também nos custos de resgatar a dívida irlandesa, se isso se vier a revelar inevitável. Mas, no mundo em que vivemos, o que sucedeu é que toda a gente caiu em cima da srª Merkel, porque a sua declaração logo fez subir as taxas de juro junto dos indignados mercados. Mesmo no Inverno, já nem espirrar se pode, porque os mercados não gostam.
Mas é assim que estamos: nas mãos dos abutres. Sim, eu sei, não adianta para nada matar o mensageiro no lugar da mensagem. Nem eu o faço: já escrevi várias vezes que agora não há volta a dar. Vivemos há tempo de mais a gastar o que não tínhamos e a endividar-nos para o futuro. Todos - indivíduos, famílias, empresas, bancos, autarquias, Estado - instalámo-nos irresponsavelmente num modus vivendi que consistiu em pedir dinheiro emprestado por conta da riqueza que um dia iríamos ter e nunca tivemos. Um exemplo basta para dar conta da insanidade financeira em que o país mergulhou: convencemo-nos de que era possível que cada português fosse dono de habitação própria, coisa jamais vista em lugar algum. Mas também nos convencemos (e ainda há quem esteja convencido) de que podemos ter auto-estradas de borla, o maior consumo público de farmácia e tratamentos hospitalares de toda a Europa ou um sistema de pensões cujas despesas aumentam incessantemente enquanto as receitas diminuem paulatinamente. Era fatal que um dia teria de chegar a conta destas criminosas ilusões que uma geração irresponsável de políticos alimentou e uma geração de eleitores aplaudiu. Chegou agora e eu acho que não temos outro caminho senão enfrentar a inevitabilidade de começar a cortar brutalmente nas despesas para podermos matar o défice, cobrir os juros usurários que os mercados agora nos cobram e começar a amortizar a dívida acumulada. E seria justo que tal sucedesse enquanto está no poder a geração que nos enterrou em toda esta dívida e dela beneficiou.
Isso é uma coisa. Outra, é assistir de braços cruzados à ditadura dos mercados e à retoma, como se nada tivesse sucedido, das regras de um capitalismo moralmente pervertido e socialmente insustentável. Países como Portugal, a Irlanda, a Grécia, não obstante todos os erros próprios cometidos e a responsabilidade que têm nas suas actuais situações, têm o direito de exigir condições decentes para pagarem o que devem. Bruxelas e o FMI sabem muito bem que, com juros entre os 7 e os 11%, não há sacrifícios, nem despedimentos, nem miséria que chegue para conseguir pagar, sobrevivendo. É um escândalo que a PT não pague um tostão de mais-valias num negócio de 7500 milhões de euros porque factura os lucros da operação através de uma sua subsidiária sediada na Holanda, onde a taxa de IRC é de... 0%! É um escândalo para a PT, um escândalo para um país como a Holanda, que serve de barriga de aluguer para dumping empresarial e fuga fiscal, e um escândalo para a UE, os Estados Unidos e todo o G-20, que nem sequer se atreveram ainda, mesmo depois de terem visto o que viram, a começar a concertar-se para pôr fim a essa coisa pornográfica que são as offshores - autênticos salteadores da riqueza das nações e fábricas de desempregados.
Eu sei também qual é a resposta pronta, de cada vez que se fala nas offshores: "se nós não temos, têm os outros e as empresas fogem para os melhores mercados". Pois, mas se os senhores do mundo, concertados nas reuniões do G-20, decidirem todos boicotar as offshores e as empresas que lá existem, elas acabam, fatalmente. E, se já se conseguiu estabelecer regras universais para o comércio mundial e assuntos ainda mais complexos, porque não se consegue aqui? A resposta provável é esta: porque os senhores do mundo, ao contrário do que se possa pensar, não são Obama, nem Hu Jintao, nem Medvedev, nem Merkel ou Sarkozy: os senhores do mundo são uns cavalheiros que se reúnem uma vez por ano em fóruns como o de Davos, na Suíça, e aí, enquanto representantes do verdadeiro poder - financeiro, empresarial, político, militar e de informação e comunicação - entre si estabelecem as regras do jogo. E agora, com a Rússia e a China tão devotamente convertidas ao capitalismo, nunca foi tão fácil aos senhores do mundo estabelecerem as regras que lhes interessam. E nunca o capitalismo foi um jogo tão viciado e tão amoral. A falência óbvia do socialismo foi o caminho aberto para a libertinagem, sem regras, sem princípios morais e sem qualquer preocupação de que a economia sirva os povos, em lugar de os sugar. Se vivesse hoje, Adam Smith seria anarquista."
Miguel Sousa Tavares, texto publicado no Expresso de 20 de novembro de 2010
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Chinela em Leitura
terça-feira, 30 de novembro de 2010
E se?
Na sequência dum interessante artigo publicado esta semana (sobre essa figura fascinante a quem possivelmente virei a dedicar várias linhas neste blog: Sá Carneiro) e o que teria acontecido se não tivesse acontecido o imprevisível, salienta-se que os imprevistos acompanham-nos e sucedem-se todos os dias a cada segundo da nossa vida.
A mudança é tão essencial como o ar que respiramos. Faz parte de nós e é nela e por ela que vamos evoluindo.
Ao início pode parecer assustador ir rumo ao desconhecido. É angustiante não saber o que nos espera num novo amanhecer. Mas a verdade é que no fundo não sabemos o que nos espera a cada novo dia. Apenas nos agarramos à ilusão do controlo que temos sobre a nossa vida. Controlo esse que não passa duma miragem.
Não há controlo, não há previsões. Tudo é incerto!
Não sabemos o que nos espera ao virar de cada esquina, mas refugiamo-nos nos caminhos tantas e tantas vezes percorridos por ser mais fácil ou mais seguro percorrer o que nos é familiar.
As dúvidas sucedem-se e as infinitas possibilidades açambarcam-nos a mente com os seus intermináveis “E se”? E se, e se, e se? Porquê que não podemos simplesmente aceitar as coisas como são com a sua total imprevisibilidade? Afinal, não é essa a melhor coisa da vida? Não é por isso que vale a pena estar vivo: por todas essas infinitas possibilidades?
A mudança é tão essencial como o ar que respiramos. Faz parte de nós e é nela e por ela que vamos evoluindo.
Ao início pode parecer assustador ir rumo ao desconhecido. É angustiante não saber o que nos espera num novo amanhecer. Mas a verdade é que no fundo não sabemos o que nos espera a cada novo dia. Apenas nos agarramos à ilusão do controlo que temos sobre a nossa vida. Controlo esse que não passa duma miragem.
Não há controlo, não há previsões. Tudo é incerto!
Não sabemos o que nos espera ao virar de cada esquina, mas refugiamo-nos nos caminhos tantas e tantas vezes percorridos por ser mais fácil ou mais seguro percorrer o que nos é familiar.
As dúvidas sucedem-se e as infinitas possibilidades açambarcam-nos a mente com os seus intermináveis “E se”? E se, e se, e se? Porquê que não podemos simplesmente aceitar as coisas como são com a sua total imprevisibilidade? Afinal, não é essa a melhor coisa da vida? Não é por isso que vale a pena estar vivo: por todas essas infinitas possibilidades?
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Chinela a Divagar
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Epifania
Sossegada no comboio, numa deliciosa leitura.
- Posso? – Interrompeu-me: uma voz grave, dum homem alto e bem-parecido.
- Claro. O lugar está livre.
- Obrigado.
Retomei a leitura.
- O que está a ler?
Mostrei-lhe a capa. Com um sorriso:
- Um compatriota meu. Chamo-me Ivan Karamasov. – Estendendo-me a mão.
- Sofia.
- De que trata?
Observei-o, atentamente.
De que trata, efectivamente, este livro? – Pensei.
- Bom, ainda vou a meio; mas, o tema prende-se com a história duma família, nomeadamente dos três irmãos protagonistas. São abordadas temáticas como: a fé, o sentido da vida e a –pesada - carga, que o livre arbítrio impõe. No fundo, é sobre o ser humano e as questões que todos nos colocamos.
- Também se coloca essas questões?
- Claro. Acho que todos o fazemos.
- E a que conclusões chega?
Fiquei desarmada. O que penso – verdadeiramente – sobre o assunto?
- Sinceramente, não sei. – (Porque estava a ser tão verdadeira, com alguém que mal conhecia? Será mais fácil falarmos com um estranho, sobre o mais recôndito do nosso ser?) – Falando objectivamente: as religiões – nitidamente – são invenção humana. Creio que não existe nada; mas, o ser humano convence-se do contrário, para tornar mais suportável a sua existência.
O estrangeiro, num sorriso:
- As religiões são os diferentes veículos, que ajudam a chegar a um destino, que se chama fé. Alguns perdem-se na viagem; outros estão demasiado concentrados no veículo, para valorizarem a paisagem…
- Sinto que tenho fé. Tenho fé em algo, mas não sei bem o quê.
(Era incrível como (dum momento para o outro) falava como se o conhecesse a vida toda, como se ele fosse a minha própria consciência.)
- A fé é o caminho interior, que cada um tem de percorrer.
- Às vezes sinto-me perdida. Sinto que, não sei bem em que ponto estou, ou qual é o meu caminho.
- A fé é uma maneira de acreditar, sem questionar, sem duvidar. Cada um tem a sua. As pessoas têm tendência a direccioná-la para coisas sem importância. Deveriam ter, sobretudo, fé em si próprias.
- Nunca tinha pensado nisso, dessa maneira. Mas, é reconfortante acreditarmos que o destino não nos pertence, que não somos responsáveis pelas nossas misérias diárias.
- O livre arbítrio é, de facto, um fardo pesado. No entanto, representa também a libertação e a ascensão à felicidade plena.
- Talvez seja esse o caminho… - Respondi, inquietada. - Bom, adorava continuar, mas saio na próxima estação. Reparo que fomos os últimos a ficar na carruagem. – Observei, enquanto olhava em redor.
Quando me virei, ele tinha desaparecido.
- Posso? – Interrompeu-me: uma voz grave, dum homem alto e bem-parecido.
- Claro. O lugar está livre.
- Obrigado.
Retomei a leitura.
- O que está a ler?
Mostrei-lhe a capa. Com um sorriso:
- Um compatriota meu. Chamo-me Ivan Karamasov. – Estendendo-me a mão.
- Sofia.
- De que trata?
Observei-o, atentamente.
De que trata, efectivamente, este livro? – Pensei.
- Bom, ainda vou a meio; mas, o tema prende-se com a história duma família, nomeadamente dos três irmãos protagonistas. São abordadas temáticas como: a fé, o sentido da vida e a –pesada - carga, que o livre arbítrio impõe. No fundo, é sobre o ser humano e as questões que todos nos colocamos.
- Também se coloca essas questões?
- Claro. Acho que todos o fazemos.
- E a que conclusões chega?
Fiquei desarmada. O que penso – verdadeiramente – sobre o assunto?
- Sinceramente, não sei. – (Porque estava a ser tão verdadeira, com alguém que mal conhecia? Será mais fácil falarmos com um estranho, sobre o mais recôndito do nosso ser?) – Falando objectivamente: as religiões – nitidamente – são invenção humana. Creio que não existe nada; mas, o ser humano convence-se do contrário, para tornar mais suportável a sua existência.
O estrangeiro, num sorriso:
- As religiões são os diferentes veículos, que ajudam a chegar a um destino, que se chama fé. Alguns perdem-se na viagem; outros estão demasiado concentrados no veículo, para valorizarem a paisagem…
- Sinto que tenho fé. Tenho fé em algo, mas não sei bem o quê.
(Era incrível como (dum momento para o outro) falava como se o conhecesse a vida toda, como se ele fosse a minha própria consciência.)
- A fé é o caminho interior, que cada um tem de percorrer.
- Às vezes sinto-me perdida. Sinto que, não sei bem em que ponto estou, ou qual é o meu caminho.
- A fé é uma maneira de acreditar, sem questionar, sem duvidar. Cada um tem a sua. As pessoas têm tendência a direccioná-la para coisas sem importância. Deveriam ter, sobretudo, fé em si próprias.
- Nunca tinha pensado nisso, dessa maneira. Mas, é reconfortante acreditarmos que o destino não nos pertence, que não somos responsáveis pelas nossas misérias diárias.
- O livre arbítrio é, de facto, um fardo pesado. No entanto, representa também a libertação e a ascensão à felicidade plena.
- Talvez seja esse o caminho… - Respondi, inquietada. - Bom, adorava continuar, mas saio na próxima estação. Reparo que fomos os últimos a ficar na carruagem. – Observei, enquanto olhava em redor.
Quando me virei, ele tinha desaparecido.
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Chinela a Divagar
A minha última esperança
Estou a esticar. Mais um bocadinho. E eu vou: cada vez mais.
Assim: não vai dar. Estou a atingir um limite. Um limite de paciência. Um limite de sofrimento. Um limite de esforço. Um limite de tudo o que é suportável ou tolerável, seja por quem for.
Já me deixei ficar de tanga. Já apertei o cinto. Já tolerei gastos desnecessários. Já tolerei subidas castradoras até descidas vertiginosas (na qualidade de vida). Já suportei as mais insultuosas verdades - sem reagir. Tudo consegui aguentar: firme, hirta, intocável. Cumpri o meu papel, com distinção - sempre. Um orgulho que, sem mim, não se conseguiria erguer.
No pior cenário, eu continuei a segurá-la no seu pedestal: lá no alto, sujeita aos mais tempestuosos ventos e ao esfomeado Sol (que devora as suas cores). Sobre a terra e sobre o mar: estive lá. Por entre armas e canhões me mantive: marchei - sempre - pela pátria. Mas mais um bocadinho e rebento! Mais um bocadinho e não consigo levantar o esplendor de Portugal.
Como cheguei até tão longe? – Perguntam-me.
Não sei. – Respondo. – Fui forte. Fui corajosa. Encontrei forças nos momentos mais angustiantes e consegui erguê-la - sempre. Todos os dias, encontrei forças, no mais recôndito do meu ser. Encontrei forças, onde achei que só encontraria angústias e lamúrias.
Quando achei que não teria de lutar mais, novos monstros de mim se apoderaram. Os “mostrengos” deste mundo já não vivem no fim do mar. O nobre povo (que mares conquistou) vê-se engolido por intermináveis trevas.
“Ninguém nos pisará, se não dobrarmos as costas.” – Disse Luther King. Por isso, eu digo: erguei-vos! Eu grito: lutai! Eu imploro: façam-se ouvir!
Mas as minhas palavras são: em vão. Tudo tolera; tudo estica - um pouco mais. Mas o limite está cada vez mais próximo. O limite que nos libertará aproxima-se, como a força da luz a invadir a madrugada. No dia em que a luz irromper, erguer-se-ão os inconformados trovões e os cansados relâmpagos - numa chuva de palavras e gestos e gritos - que trarão um novo rumo a esta velha nau - que desertou.
Sinto que o limite está perto, mas o momento não chega. O momento: tarda. Tarda demais!
Sinto-me sem forças. Não consigo esticar mais. Um pouco mais e rebento, atirando ao chão o orgulho nacional.
Mas num nebuloso dia (deste Outono – espero) há-de vir (finalmente) D. Sebastião para me salvar.
Assim: não vai dar. Estou a atingir um limite. Um limite de paciência. Um limite de sofrimento. Um limite de esforço. Um limite de tudo o que é suportável ou tolerável, seja por quem for.
Já me deixei ficar de tanga. Já apertei o cinto. Já tolerei gastos desnecessários. Já tolerei subidas castradoras até descidas vertiginosas (na qualidade de vida). Já suportei as mais insultuosas verdades - sem reagir. Tudo consegui aguentar: firme, hirta, intocável. Cumpri o meu papel, com distinção - sempre. Um orgulho que, sem mim, não se conseguiria erguer.
No pior cenário, eu continuei a segurá-la no seu pedestal: lá no alto, sujeita aos mais tempestuosos ventos e ao esfomeado Sol (que devora as suas cores). Sobre a terra e sobre o mar: estive lá. Por entre armas e canhões me mantive: marchei - sempre - pela pátria. Mas mais um bocadinho e rebento! Mais um bocadinho e não consigo levantar o esplendor de Portugal.
Como cheguei até tão longe? – Perguntam-me.
Não sei. – Respondo. – Fui forte. Fui corajosa. Encontrei forças nos momentos mais angustiantes e consegui erguê-la - sempre. Todos os dias, encontrei forças, no mais recôndito do meu ser. Encontrei forças, onde achei que só encontraria angústias e lamúrias.
Quando achei que não teria de lutar mais, novos monstros de mim se apoderaram. Os “mostrengos” deste mundo já não vivem no fim do mar. O nobre povo (que mares conquistou) vê-se engolido por intermináveis trevas.
“Ninguém nos pisará, se não dobrarmos as costas.” – Disse Luther King. Por isso, eu digo: erguei-vos! Eu grito: lutai! Eu imploro: façam-se ouvir!
Mas as minhas palavras são: em vão. Tudo tolera; tudo estica - um pouco mais. Mas o limite está cada vez mais próximo. O limite que nos libertará aproxima-se, como a força da luz a invadir a madrugada. No dia em que a luz irromper, erguer-se-ão os inconformados trovões e os cansados relâmpagos - numa chuva de palavras e gestos e gritos - que trarão um novo rumo a esta velha nau - que desertou.
Sinto que o limite está perto, mas o momento não chega. O momento: tarda. Tarda demais!
Sinto-me sem forças. Não consigo esticar mais. Um pouco mais e rebento, atirando ao chão o orgulho nacional.
Mas num nebuloso dia (deste Outono – espero) há-de vir (finalmente) D. Sebastião para me salvar.
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Chinela a Divagar
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
The Doors
O mito de uma geração!
Não! Não estou aqui hoje para falar desse excelente filme (realizado por Oliver Stone e interpretado de forma sublime por Val Kilmer), mas roubei a primeira frase ao título português da película.
Estou aqui para falar desse grande grupo, desse grande mito que foram (e são) The Doors.
Não é segredo nenhum qual o meu grupo de eleição! Amo os Pearl e eles terão sempre um lugar muito especial chez moi.
Mas The Doors: são algo único. Foram inovadores na música, criando temas tão polémicos há quarenta anos, como hoje. Criaram poemas sonoros, que nos invadem de forma perturbadora. A música deles tem um efeito muito especial na mente dos receptores. Pode provocar os mais variados estados de espírito.
Nota-se uma clara evolução dos álbuns. L.A. Woman é dos melhores registos musicais que já ouvi. Mas qualquer um deles é incrivelmente rico. Qualquer uma das músicas nos transporta numa estranha viagem.
Poderia falar-vos da Soul Kitchen, da I Looked At You, da Love Her Madly, da L.A. Woman, da Wishful Sinful, da Crystal Ship, da Ship Of Fools, da Who Do You Love, de tantas e tantas outras. Mas para quê falar? Mais vale escutar deleitadamente.
Poucos conseguem a imortalidade através do som. The Doors são um exemplo - desses raros - que atravessaram as portas da percepção:
“If the doors of perception were cleansed, everything would appear to man as it is: infinite.” William Blake
Nota: Um especial obrigada a quem me pôs novamente a ouvir todas estas dádivas.
Não! Não estou aqui hoje para falar desse excelente filme (realizado por Oliver Stone e interpretado de forma sublime por Val Kilmer), mas roubei a primeira frase ao título português da película.
Estou aqui para falar desse grande grupo, desse grande mito que foram (e são) The Doors.
Não é segredo nenhum qual o meu grupo de eleição! Amo os Pearl e eles terão sempre um lugar muito especial chez moi.
Mas The Doors: são algo único. Foram inovadores na música, criando temas tão polémicos há quarenta anos, como hoje. Criaram poemas sonoros, que nos invadem de forma perturbadora. A música deles tem um efeito muito especial na mente dos receptores. Pode provocar os mais variados estados de espírito.
Nota-se uma clara evolução dos álbuns. L.A. Woman é dos melhores registos musicais que já ouvi. Mas qualquer um deles é incrivelmente rico. Qualquer uma das músicas nos transporta numa estranha viagem.
Poderia falar-vos da Soul Kitchen, da I Looked At You, da Love Her Madly, da L.A. Woman, da Wishful Sinful, da Crystal Ship, da Ship Of Fools, da Who Do You Love, de tantas e tantas outras. Mas para quê falar? Mais vale escutar deleitadamente.
Poucos conseguem a imortalidade através do som. The Doors são um exemplo - desses raros - que atravessaram as portas da percepção:
“If the doors of perception were cleansed, everything would appear to man as it is: infinite.” William Blake
Nota: Um especial obrigada a quem me pôs novamente a ouvir todas estas dádivas.
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Chinela Musical
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Nada desta vida
"Não tenhas nada nas mãos
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.
Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio."
Ricardo Reis - Fernando Pessoa (1888 - 1935)
Nem uma memória na alma,
Que quando te puserem
Nas mãos o óbolo último,
Ao abrirem-te as mãos
Nada te cairá.
Que trono te querem dar
Que Átropos to não tire?
Que louros que não fanem
Nos arbítrios de Minos?
Que horas que te não tornem
Da estatura da sombra
Que serás quando fores
Na noite e ao fim da estrada.
Colhe as flores mas larga-as,
Das mãos mal as olhaste.
Senta-te ao sol. Abdica
E sê rei de ti próprio."
Ricardo Reis - Fernando Pessoa (1888 - 1935)
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Chinela a Divagar
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Um Brinde aos Novos Começos
O tempo deve deslocar-se num comboio especial que tanto passa muito lentamente, como anda à velocidade da luz.
Às vezes um momento parece uma eternidade. Outras vezes vários momentos, longos anos, parecem breves instantes.
A passagem do tempo é assim: rápida e lenta, vagarosa e veloz.
É nos momentos de mudança que tendemos a olhar para trás e a admirar todo o percurso que percorremos. É nos momentos de mudança que reflectimos sobre a pessoa que éramos e a pessoa que somos agora.
É nos momentos de mudança que nos apercebemos que tudo o que ficou para trás marcou-nos de maneiras que nem entendemos e tornou-nos aquilo que somos hoje.
É nos momentos de mudança que temos a certeza que o tempo voa, mesmo quando parece andar a passo de caracol.
Ele existe. Mas é tão rápido que a maior parte das vezes nem damos pela sua passagem, ora porque estamos demasiado concentrados na sua aparente lentidão ou porque estamos, de facto, entretidos a viver.
Cada novo começo traz consigo um breve olhar sobre o que ficou lá atrás e nos catapultou em direcção a esse momento de mudança.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.”
Luís de Camões (1524 – 1580)
Às vezes um momento parece uma eternidade. Outras vezes vários momentos, longos anos, parecem breves instantes.
A passagem do tempo é assim: rápida e lenta, vagarosa e veloz.
É nos momentos de mudança que tendemos a olhar para trás e a admirar todo o percurso que percorremos. É nos momentos de mudança que reflectimos sobre a pessoa que éramos e a pessoa que somos agora.
É nos momentos de mudança que nos apercebemos que tudo o que ficou para trás marcou-nos de maneiras que nem entendemos e tornou-nos aquilo que somos hoje.
É nos momentos de mudança que temos a certeza que o tempo voa, mesmo quando parece andar a passo de caracol.
Ele existe. Mas é tão rápido que a maior parte das vezes nem damos pela sua passagem, ora porque estamos demasiado concentrados na sua aparente lentidão ou porque estamos, de facto, entretidos a viver.
Cada novo começo traz consigo um breve olhar sobre o que ficou lá atrás e nos catapultou em direcção a esse momento de mudança.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.”
Luís de Camões (1524 – 1580)
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Chinela a Divagar
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
127 Hours
Um dia destes, um grande amigo, contou-me uma história inspiradora:
127 é o número de horas que Aron Ralston esteve preso numa montanha, após a queda duma pedra sobre o seu braço direito, enquanto praticava escalada.
Há, para mim, uma certa similaridade entre esta história e a de Christopher McCandless. Ambos são (de certa forma) heróis solitários.
Ralston é orador motivacional e alpinista licenciado em Engenharia Mecânica, com paixão por desporto e aventura. Tem por hábito embarcar em arriscadas viagens radicais pela natureza.
Em 2003, enquanto escalava Blue John Canyon (estado de Utah nos Estados Unidos) uma pedra soltou-se, atingindo o seu braço direito, prendendo-o contra o Canyon.
Como era habitual, Ralston partia sozinho à aventura, sem avisar ninguém do local onde se encontrava e das suas intenções, por isso sabia que ninguém iria socorrê-lo.
Preso nesta situação, assumiu que iria morrer e passou os cinco dias seguintes a poupar ao máximo a pequena quantidade de água que tinha consigo, enquanto tentava soltar o braço.
Quando a água terminou, começou a beber a sua própria urina e gravou o seu nome na rocha, data de nascimento e data de morte (presumível). Depois, gravou as suas despedidas para a família com a câmara de vídeo.
Ao fim de tanto tempo ali preso, Ralston partiu o que restava do braço, de modo a conseguir amputá-lo com a sua ferramenta multi-usos (uma espécie de canivete suíço). Depois de – finalmente – se conseguir libertar, ainda estava a cerca de 12kms da sua carrinha e não tinha telemóvel.
Teve de sair do Canyon sob a luz forte do pico do dia. Encontrou uma família que lhe deu água e duas Oreo. A família alertou as autoridades, sendo que foi apanhado por um helicóptero de patrulha.
Os restos do braço foram retirados de debaixo da pedra e cremados. Ralston espalhou as cinzas pelo local.
A viagem que o filme 127 Hours retrata, aborda todo esse dramático momento, interpretado por James Franco e chegará ainda este ano, às salas de cinema mundiais.
O mais inspirador desta história é que Ralston nunca desistiu de lutar. Para além do episódio que quase lhe tirou a vida, as explorações continuam. Inclusivamente, aplicou um braço metálico de modo a poder continuar a fazer aquilo que mais adora. E, acima de tudo, brinca com toda a situação – rir: provavelmente a mais importante capacidade do mundo.
É um filme promissor.
127 é o número de horas que Aron Ralston esteve preso numa montanha, após a queda duma pedra sobre o seu braço direito, enquanto praticava escalada.
Há, para mim, uma certa similaridade entre esta história e a de Christopher McCandless. Ambos são (de certa forma) heróis solitários.
Ralston é orador motivacional e alpinista licenciado em Engenharia Mecânica, com paixão por desporto e aventura. Tem por hábito embarcar em arriscadas viagens radicais pela natureza.
Em 2003, enquanto escalava Blue John Canyon (estado de Utah nos Estados Unidos) uma pedra soltou-se, atingindo o seu braço direito, prendendo-o contra o Canyon.
Como era habitual, Ralston partia sozinho à aventura, sem avisar ninguém do local onde se encontrava e das suas intenções, por isso sabia que ninguém iria socorrê-lo.
Preso nesta situação, assumiu que iria morrer e passou os cinco dias seguintes a poupar ao máximo a pequena quantidade de água que tinha consigo, enquanto tentava soltar o braço.
Quando a água terminou, começou a beber a sua própria urina e gravou o seu nome na rocha, data de nascimento e data de morte (presumível). Depois, gravou as suas despedidas para a família com a câmara de vídeo.
Ao fim de tanto tempo ali preso, Ralston partiu o que restava do braço, de modo a conseguir amputá-lo com a sua ferramenta multi-usos (uma espécie de canivete suíço). Depois de – finalmente – se conseguir libertar, ainda estava a cerca de 12kms da sua carrinha e não tinha telemóvel.
Teve de sair do Canyon sob a luz forte do pico do dia. Encontrou uma família que lhe deu água e duas Oreo. A família alertou as autoridades, sendo que foi apanhado por um helicóptero de patrulha.
Os restos do braço foram retirados de debaixo da pedra e cremados. Ralston espalhou as cinzas pelo local.
A viagem que o filme 127 Hours retrata, aborda todo esse dramático momento, interpretado por James Franco e chegará ainda este ano, às salas de cinema mundiais.
O mais inspirador desta história é que Ralston nunca desistiu de lutar. Para além do episódio que quase lhe tirou a vida, as explorações continuam. Inclusivamente, aplicou um braço metálico de modo a poder continuar a fazer aquilo que mais adora. E, acima de tudo, brinca com toda a situação – rir: provavelmente a mais importante capacidade do mundo.
É um filme promissor.
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domingo, 7 de novembro de 2010
The People vs Larry Flynt
Na sequência dum triste episódio, ocorrido na passada semana, na cidade do Porto, venho por este meio falar-vos dum filme marcante: The People vs Larry Flynt.
Larry Flynt (como o próprio nome indica para os conhecedores do género) trata-se dum filme sobre a vida dum homem que revolucionou o meio pornográfico, ao criar uma das publicações mais controversas de sempre, a mítica revista Hustler. Para além disso, contribuiu para o género, com diversas publicações e vídeos produzidos.
Este filme retrata uma das muitas batalhas legais na qual Flynt se viu envolvido, devido ao conteúdo das suas produções.
Há duas cenas desta película que me ficaram na memória de forma marcante:
- A sequência em que Flynt (interpretado por Woody Harrelson) refere, numa palestra, o que é mais intolerável, o que é mais nojento: a guerra ou o sexo? Ao longo do seu discurso, vai exibindo alternadamente imagens duma violência arrasadora e imagens de sexo explícito. Alternando imagens de fome, desolação, mutilação e morte com imagens de desejo, prazer e fornicação, como lhes chama.
- A sequência em que o advogado de defesa (interpretado por Edward Norton), nas alegações finais, refere que o que está em discussão não é se se gosta ou não do teor das publicações, mas sim da liberdade, da inegável liberdade, que todos (como cidadãos) temos de ter de entrar numa loja e escolher não comprar aquelas publicações. Essa é uma liberdade inegável. Tal como é inegável o direito à liberdade de quem a quer produzir. Uma sociedade livre tem de ser tolerante para com todos:
Um filme apaixonante sobre um lutador, que não desiste do seu direito a ser livre. Não desiste de lutar, mesmo depois de ter sido brutalmente baleado e ficar parcialmente paralisado, com insuportáveis e constantes dores na coluna.
Livre de publicar o que quer. Livre de vender o que quer. Livre de trabalhar na indústria que mais lhe agrada. Livre das intolerâncias duma moral podre e estéril. Livre de ser aquilo em que acredita.
"Não fomos postos neste mundo para julgar seja quem for." Oscar Wilde
Larry Flynt (como o próprio nome indica para os conhecedores do género) trata-se dum filme sobre a vida dum homem que revolucionou o meio pornográfico, ao criar uma das publicações mais controversas de sempre, a mítica revista Hustler. Para além disso, contribuiu para o género, com diversas publicações e vídeos produzidos.
Este filme retrata uma das muitas batalhas legais na qual Flynt se viu envolvido, devido ao conteúdo das suas produções.
Há duas cenas desta película que me ficaram na memória de forma marcante:
- A sequência em que Flynt (interpretado por Woody Harrelson) refere, numa palestra, o que é mais intolerável, o que é mais nojento: a guerra ou o sexo? Ao longo do seu discurso, vai exibindo alternadamente imagens duma violência arrasadora e imagens de sexo explícito. Alternando imagens de fome, desolação, mutilação e morte com imagens de desejo, prazer e fornicação, como lhes chama.
- A sequência em que o advogado de defesa (interpretado por Edward Norton), nas alegações finais, refere que o que está em discussão não é se se gosta ou não do teor das publicações, mas sim da liberdade, da inegável liberdade, que todos (como cidadãos) temos de ter de entrar numa loja e escolher não comprar aquelas publicações. Essa é uma liberdade inegável. Tal como é inegável o direito à liberdade de quem a quer produzir. Uma sociedade livre tem de ser tolerante para com todos:
Um filme apaixonante sobre um lutador, que não desiste do seu direito a ser livre. Não desiste de lutar, mesmo depois de ter sido brutalmente baleado e ficar parcialmente paralisado, com insuportáveis e constantes dores na coluna.
Livre de publicar o que quer. Livre de vender o que quer. Livre de trabalhar na indústria que mais lhe agrada. Livre das intolerâncias duma moral podre e estéril. Livre de ser aquilo em que acredita.
"Não fomos postos neste mundo para julgar seja quem for." Oscar Wilde
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Pena que os mostrengos de hoje, já não vivam no fim do mundo
"O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"
Fernando Pessoa (1888 - 1935)
Na noite de breu ergueu-se a voar;
A roda da nau voou três vezes,
Voou três vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-Rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou três vezes,
Três vezes rodou imundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-Rei D. João Segundo!»
Três vezes do leme as mãos ergueu,
Três vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer três vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quer o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
De El-Rei D. João Segundo!"
Fernando Pessoa (1888 - 1935)
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Pensamento do Dia
O Ser Humano é constituído por pequenos momentos que o definiram: um único momento define toda uma personalidade.
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quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Os Solitários deste mundo
Don Draper: o nome não podia ser mais marcante. É um nome que fica. Tal como o personagem. Don Draper é um solitário. Acho que é por essa razão que (ao fim de apenas oito episódios) gosto tanto dum personagem, que pouco ou nada tem de herói.
Os solitários deste mundo apaixonam-nos: temos o eterno James, o divertido Indy, o ganacioso Gordon, o mafioso Michael, o politicamente incorrecto Tony e este – aparentemente - carrancudo Don.
É no seu cepticismo, na sua descrença que o mundo se revê.
Uma personagem de carácter incerto e de falsa seriedade, interrompida frequentemente, pelo certeiro (e algo cínico) sentido de humor acutilante.
Don tem fantasmas - como todos nós. Don tem segredos. Don não sabe quem é, mas tenta descobri-lo (um pouco mais) na interacção com os que o rodeiam. E, afinal, o que é a vida senão isso? O que é a vida senão descobrirmo-nos, constantemente, no contacto com os outros? Socializar: veículo único de chegarmos ao fundo de nós próprios e, em antítese, expoente máximo de solidão. É no olhar dos outros que nos revemos ou nos ausentamos. É no reflexo desse olhar que vemos o conforto dum espelho ou a crueza duma parede. É algo de que, simultaneamente, se depende e se abomina. E é nesse curioso jogo que o solitário se revela, um pouco mais, a quem realmente importa: ele próprio.
Don Draper é um solitário!
Os solitários deste mundo apaixonam-nos: temos o eterno James, o divertido Indy, o ganacioso Gordon, o mafioso Michael, o politicamente incorrecto Tony e este – aparentemente - carrancudo Don.
É no seu cepticismo, na sua descrença que o mundo se revê.
Uma personagem de carácter incerto e de falsa seriedade, interrompida frequentemente, pelo certeiro (e algo cínico) sentido de humor acutilante.
Don tem fantasmas - como todos nós. Don tem segredos. Don não sabe quem é, mas tenta descobri-lo (um pouco mais) na interacção com os que o rodeiam. E, afinal, o que é a vida senão isso? O que é a vida senão descobrirmo-nos, constantemente, no contacto com os outros? Socializar: veículo único de chegarmos ao fundo de nós próprios e, em antítese, expoente máximo de solidão. É no olhar dos outros que nos revemos ou nos ausentamos. É no reflexo desse olhar que vemos o conforto dum espelho ou a crueza duma parede. É algo de que, simultaneamente, se depende e se abomina. E é nesse curioso jogo que o solitário se revela, um pouco mais, a quem realmente importa: ele próprio.
Don Draper é um solitário!
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terça-feira, 2 de novembro de 2010
domingo, 31 de outubro de 2010
Obrigada Tuna!
Como é que se explica a alguém que nunca aqui esteve o que é isto da tuna? Como é que se põe em palavras tudo aquilo que se vive em tuna?
Não é fácil. Provavelmente falharei na minha tentativa, mas mesmo assim vou tentar.
Quem já passou por uma tuna saberá – certamente - do que estou a falar.
Aquele nervoso miudinho, antes de entrar em palco - que aumenta exponencialmente, à medida que o momento se aproxima. Os dias passados a cantar no meio de gente de negro. As noites passadas em tradições, mais antigas do que nós próprios. Os alegres convívios por esse país fora, nos quais se fica a conhecer gente de todas as idades e os recantos mais lindos de Portugal. As digressões cheias de loucuras até ao amanhecer e histórias memoráveis, nas quais levamos um bocadinho do nosso cantinho, a todos aos nossos compatriotas lá fora, que tão bem nos recebem e a todos os que não nos conhecem, mas ficam com vontade de visitar.
Os nossos companheiros de tuna. Cada uma daquelas pessoas contribuiu um bocadinho para aquilo que somos hoje. Uns mais, outros menos, mas cada um à sua própria maneira, contribuiu para aquilo em que nos tornamos.
A tuna é uma lição de vida. Crescemos tanto, tanto, tanto! Tanto como não imaginávamos que seria possível.
Quando entramos, achamos que temos todo o tempo do mundo. Parece que ainda falta tanto. É como a faculdade. Cinco anos parece-nos um longo gigante a percorrer. E, sem darmos por isso, passaram cinco, seis, sete anos, como se de um piscar de olhos se tratasse. E, quando olhamos para trás, nem queremos acreditar naquilo que nos tornamos, naquilo que ganhámos ao longo de tanto tempo.
Essencialmente, o que fica, são as pessoas, todas e cada uma das pessoas que nos marcaram. Aquelas pessoas pelas quais vamos ter sempre imenso carinho, mesmo que não as tornemos a ver. E aquelas pessoas que já fazem parte da nossa vida, como se as conhecêssemos desde sempre.
Em tuna, convive-se em momentos alegres, em momentos adversos, em momentos descontraídos, em momentos disciplinados e é nesse conjunto de momentos e mistura de emoções que vamos verdadeiramente conhecendo quem nos rodeia e, acima de tudo, vamo-nos descobrindo a nós próprios.
Seria impossível descrever aqui tudo o que a tuna me deixou. Tudo o que a tuna me faz sentir.
Fica apenas a certeza que tudo o que vivemos em tuna fica para sempre tatuado em nós.
Tudo o que vivemos em tuna é parte indelével do nosso ser e esses foram talvez os momentos mais importantes na nossa formação como seres humanos.
Entrar em tuna foi, sem dúvida, a decisão mais importante e enriquecedora que fizemos na faculdade e jamais conseguiremos agradecer por tanto que a tuna nos dá.
“Uma vez tuno, sempre tuno!”
"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu para sempre." Miguel Sousa Tavares
Não é fácil. Provavelmente falharei na minha tentativa, mas mesmo assim vou tentar.
Quem já passou por uma tuna saberá – certamente - do que estou a falar.
Aquele nervoso miudinho, antes de entrar em palco - que aumenta exponencialmente, à medida que o momento se aproxima. Os dias passados a cantar no meio de gente de negro. As noites passadas em tradições, mais antigas do que nós próprios. Os alegres convívios por esse país fora, nos quais se fica a conhecer gente de todas as idades e os recantos mais lindos de Portugal. As digressões cheias de loucuras até ao amanhecer e histórias memoráveis, nas quais levamos um bocadinho do nosso cantinho, a todos aos nossos compatriotas lá fora, que tão bem nos recebem e a todos os que não nos conhecem, mas ficam com vontade de visitar.
Os nossos companheiros de tuna. Cada uma daquelas pessoas contribuiu um bocadinho para aquilo que somos hoje. Uns mais, outros menos, mas cada um à sua própria maneira, contribuiu para aquilo em que nos tornamos.
A tuna é uma lição de vida. Crescemos tanto, tanto, tanto! Tanto como não imaginávamos que seria possível.
Quando entramos, achamos que temos todo o tempo do mundo. Parece que ainda falta tanto. É como a faculdade. Cinco anos parece-nos um longo gigante a percorrer. E, sem darmos por isso, passaram cinco, seis, sete anos, como se de um piscar de olhos se tratasse. E, quando olhamos para trás, nem queremos acreditar naquilo que nos tornamos, naquilo que ganhámos ao longo de tanto tempo.
Essencialmente, o que fica, são as pessoas, todas e cada uma das pessoas que nos marcaram. Aquelas pessoas pelas quais vamos ter sempre imenso carinho, mesmo que não as tornemos a ver. E aquelas pessoas que já fazem parte da nossa vida, como se as conhecêssemos desde sempre.
Em tuna, convive-se em momentos alegres, em momentos adversos, em momentos descontraídos, em momentos disciplinados e é nesse conjunto de momentos e mistura de emoções que vamos verdadeiramente conhecendo quem nos rodeia e, acima de tudo, vamo-nos descobrindo a nós próprios.
Seria impossível descrever aqui tudo o que a tuna me deixou. Tudo o que a tuna me faz sentir.
Fica apenas a certeza que tudo o que vivemos em tuna fica para sempre tatuado em nós.
Tudo o que vivemos em tuna é parte indelével do nosso ser e esses foram talvez os momentos mais importantes na nossa formação como seres humanos.
Entrar em tuna foi, sem dúvida, a decisão mais importante e enriquecedora que fizemos na faculdade e jamais conseguiremos agradecer por tanto que a tuna nos dá.
“Uma vez tuno, sempre tuno!”
"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu para sempre." Miguel Sousa Tavares
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Mad Men
A vida numa agência de publicidade, durante uma época (aparentemente) muito longínqua da nossa.
As pessoas vestiam-se impecavelmente, sendo a indumentária masculina e feminina marcadamente distintas, as mentalidades começavam a mudar – devagar, muito devagar – à medida que um mundo de possibilidades parecia abrir-se gradualmente (e à custa de muito esforço) para o universo feminino.
Nunca uma série retratou tão bem a abismal diferença entre sexos e a conquista de poder por parte duma minoria.
As mudanças que se verificaram em cerca de meio século são abismais, tal como as semelhanças entre o agora e o antes. É extraordinário como o mundo parece mudar tanto e (ao mesmo tempo) manter-se na mesma. Os principais pontos abordados são uma realidade.
A simultânea necessidade de presença e afastamento dos outros, a necessidade de estar só para colmatar a solidão crescente nas actividades sociais, o vazio que assola quando se alcançam as tão esperadas metas, a inquietude duma sociedade de aparências e os segredos que cada um de nós transporta. Está tudo lá!
Uma série brilhante, com um óptimo elenco e uma época impecavelmente reproduzida.
It’s toasted!
As pessoas vestiam-se impecavelmente, sendo a indumentária masculina e feminina marcadamente distintas, as mentalidades começavam a mudar – devagar, muito devagar – à medida que um mundo de possibilidades parecia abrir-se gradualmente (e à custa de muito esforço) para o universo feminino.
Nunca uma série retratou tão bem a abismal diferença entre sexos e a conquista de poder por parte duma minoria.
As mudanças que se verificaram em cerca de meio século são abismais, tal como as semelhanças entre o agora e o antes. É extraordinário como o mundo parece mudar tanto e (ao mesmo tempo) manter-se na mesma. Os principais pontos abordados são uma realidade.
A simultânea necessidade de presença e afastamento dos outros, a necessidade de estar só para colmatar a solidão crescente nas actividades sociais, o vazio que assola quando se alcançam as tão esperadas metas, a inquietude duma sociedade de aparências e os segredos que cada um de nós transporta. Está tudo lá!
Uma série brilhante, com um óptimo elenco e uma época impecavelmente reproduzida.
It’s toasted!
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quinta-feira, 28 de outubro de 2010
Reiki
Trata-se duma terapia baseada na canalização da energia universal (Rei) através da imposição de mãos, com o objectivo de conseguir restabelecer o equilíbrio energético vital (Ki) do corpo que recebe o tratamento.
Ao restabelecer o equilíbrio energético é restaurado o equilíbrio emocional, físico ou espiritual, promovendo a saúde e o bem-estar.
Balelas! – Pensarão. – Também eu pensava, até experimentar.
Nunca, após uma sessão de massagens ou actividades de bem-estar, saí com uma tranquilidade tão enorme como após esta experiência.
A prática de Reiki tem origem em práticas budistas redescobertas no Japão, no inicio do século XX, havendo algumas vertentes distintas.
O sistema tradicional defende que a energia Reiki sente a necessidade o paciente, direccionando-se para os locais que a necessitam. No entanto, visto que o ser humano possui livre arbítrio, apenas de si próprio depende o efeito do tratamento, isto é, caso o paciente não esteja predisposto para receber a energia, esta não fluirá.
Normalmente, o Reikiano solicita ao paciente que se deite, impondo as mãos sobre o corpo inerte. O Reikiano actua como um canal para a energia Reiki através das mãos, sendo o paciente o receptor. As mãos pressionam os diferentes chakras, estimulando a circulação da energia.
Chakras (palavra que vem do sânscrito, significando roda, disco, centro ou plexo) são os canais dentro do corpo por onde flui a energia vital (prana), nutrindo órgãos e sistemas. Existem vários circuitos por onde viaja a energia. Os chakras representam os pontos onde esses circuitos energéticos se cruzam com a superfície do corpo.
Existem setes chakras: Chakra Raíz localizado na base da espinha, Chakra do Sacro localizado abaixo do umbigo, Chakra do Umbigo localizado na zona da barriga, Chakra Cardíaco localizado no coração, Chakra Laríngeo localizado na garganta, Chakra Frontal localizado na testa entre as sobrancelhas e Chakra Coroa localizado no topo da cabeça.
Há quem relate várias sensações: frio, calor, pressão, sonolência, vibrações. Posso garantir que senti uma paz total acompanhada de alguma sonolência e sensação de pressão em determinados pontos. Estas sensações são atribuídas à chegada e recepção da energia Reiki.
Os princípios do Reiki tratam-se de Kotodama para os japoneses, ou seja, um conjunto de mantras repetidos de manhã e à noite com objectivo de captar energias positivas.
Os princípios são:
- Só por hoje
- Não se preocupar
- Não se aborrecer
- Honrar pais e mestres
- Trabalhar honestamente
- Ser gentil com todos os seres
Uma prática bastante interessante e com resultados comprovados.
Só por hoje: recomendo!
Ao restabelecer o equilíbrio energético é restaurado o equilíbrio emocional, físico ou espiritual, promovendo a saúde e o bem-estar.
Balelas! – Pensarão. – Também eu pensava, até experimentar.
Nunca, após uma sessão de massagens ou actividades de bem-estar, saí com uma tranquilidade tão enorme como após esta experiência.
A prática de Reiki tem origem em práticas budistas redescobertas no Japão, no inicio do século XX, havendo algumas vertentes distintas.
O sistema tradicional defende que a energia Reiki sente a necessidade o paciente, direccionando-se para os locais que a necessitam. No entanto, visto que o ser humano possui livre arbítrio, apenas de si próprio depende o efeito do tratamento, isto é, caso o paciente não esteja predisposto para receber a energia, esta não fluirá.
Normalmente, o Reikiano solicita ao paciente que se deite, impondo as mãos sobre o corpo inerte. O Reikiano actua como um canal para a energia Reiki através das mãos, sendo o paciente o receptor. As mãos pressionam os diferentes chakras, estimulando a circulação da energia.
Chakras (palavra que vem do sânscrito, significando roda, disco, centro ou plexo) são os canais dentro do corpo por onde flui a energia vital (prana), nutrindo órgãos e sistemas. Existem vários circuitos por onde viaja a energia. Os chakras representam os pontos onde esses circuitos energéticos se cruzam com a superfície do corpo.
Existem setes chakras: Chakra Raíz localizado na base da espinha, Chakra do Sacro localizado abaixo do umbigo, Chakra do Umbigo localizado na zona da barriga, Chakra Cardíaco localizado no coração, Chakra Laríngeo localizado na garganta, Chakra Frontal localizado na testa entre as sobrancelhas e Chakra Coroa localizado no topo da cabeça.
Há quem relate várias sensações: frio, calor, pressão, sonolência, vibrações. Posso garantir que senti uma paz total acompanhada de alguma sonolência e sensação de pressão em determinados pontos. Estas sensações são atribuídas à chegada e recepção da energia Reiki.
Os princípios do Reiki tratam-se de Kotodama para os japoneses, ou seja, um conjunto de mantras repetidos de manhã e à noite com objectivo de captar energias positivas.
Os princípios são:
- Só por hoje
- Não se preocupar
- Não se aborrecer
- Honrar pais e mestres
- Trabalhar honestamente
- Ser gentil com todos os seres
Uma prática bastante interessante e com resultados comprovados.
Só por hoje: recomendo!
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Chinela a Divagar
A Latinha Azul
Há pessoas que são viciadas em cremes. (Em tempos teria escrito “ há mulheres que são viciadas em cremes”, mas como Camões escreveu e bem: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” e mudam-se as prioridades. Por isso digo “as pessoas”).
Eu sou uma dessas pessoas. Adoro as texturas, os aromas, a maneira como deslizam na pele... É como se aquele frasquinho ou boião guardasse um pequeno pedacinho de paraíso.
Existem cremes de todos os tipos e para todos os efeitos.
Temos os imprescindíveis cremes de olhos, que deixam a zona ocular que nem veludo.
Temos o nosso grande amigo creme da cara, que pode ser variado consoante o tipo de pele, as necessidades da mesma e a época em que o aplicamos.
Temos o (muitas vezes esquecido) creme das mãos, que para além de hidratar a zona mais exposta e sofredora de todo o corpo, protege-a e regenera-a das agressões externas.
E temos os inestimáveis cremes do corpo, que se podem dividir em várias categorias e que prometem resolver várias maleitas. Dentro desta secção, temos os cremes de pés, cuja principal função é refrescar e hidratar de forma profunda o nosso suporte diário.
Um estudo científico recente comprovou que a maioria dos cremes de corpo específicos não apresentam qualquer tipo de resultado especial relativamente a um creme comum, ou seja, um creme de (por exemplo) estrias tem tanto efeito como aplicar um creme de hidratação comum na área em questão. Tal como um creme refirmante tem tanto efeito como um creme hidratante aplicado diariamente na zona específica. Este estudo comprova que muitos destes cremes não passam de gigantescas campanhas de marketing, que nos obrigam a sentir a necessidade de ter um creme específico para cada maleita.
O poder dos cremes é inegável. Uma pele em que é aplicado um bom creme diariamente é visivelmente diferente duma pele esquecida no dia-a-dia. No entanto, um creme para cada situação específica do corpo é desnecessário.
Creio que, tantos anos depois, o melhor creme do mundo continua a ser o Nívea clássico. Só o cheirinho transporta-nos automaticamente para a infância, em que éramos besuntados de Nívea pela mamã, sobretudo em dias de praia.
Há quem tenha uma pele de cara incrível, cujo único segredo passa pela latinha azul. Talvez, quem viva muito ao ar livre, consiga usar este creme tão gorduroso na cara, mas nos dias que correm é cada vez menos adequado, pois as necessidades da pele são outras. É um creme, sobretudo, óptimo para os pés, deixando-os profundamente hidratados e macios.
Para o resto do corpo há sempre o par da latinha azul: a latinha branca do Nívea Soft. Igualmente rico, mas não gorduroso, (se o que as recentes pesquisas demonstraram for verdadeiro) é tão bom como qualquer outro creme específico de marca sofisticada e preço bastante mais elevado. Claro que a variedade de outros cremes é enorme, sendo os mesmos aliciantes através de embalagens cada vez mais apelativas e cheiros que abrangem todo o tipo de aromas.
Já na cara e olhos a história é outra. Aqui, está provado que para cada tipo de pele, ou para cada estado de pele: existe uma solução própria. Nem sempre é fácil de encontrar, especialmente porque a pele vai-se alterando e sofrendo mutações ao longo da época do ano e ao longo de cada ciclo de vida. Para além disso, está bastante exposta e é extremamente frágil, em particular na finíssima zona que rodeia os olhos.
O hidratante diário é – mesmo - fundamental: é a barreira que ajuda à protecção da pele. Há produtos de elevada qualidade a preços acessíveis, mas também há cremes com propriedades de substâncias raríssimas que o encarecem grandemente. O efectivo resultado das ditas substâncias há quem garanta que se vê e que é o melhor aliado para combater os factores externos inimigos da pele: como estilo de vida, alimentação ou stress.
Relativamente aos olhos a diferença entre usar um bom creme ou não é abismal. Um bom creme hidrata a pele deixando-a com uma enorme suavidade. Mal se começa a usar, sente-se a diferença de imediato e desse dia em diante dificilmente se consegue não aplicar o protector diário. Nota-se – nitidamente – o aspecto melhorado da pele naaquela que é a par da boca uma das zonas mais afectadas da cara pelo stress e a poluição.
Podia passar todo o dia a falar de cremes, cremes e mais cremes.
Mas com tanto creme, de facto, não há nada como a (milagrosa) latinha azul e o seu agradável aroma de infância.
Eu sou uma dessas pessoas. Adoro as texturas, os aromas, a maneira como deslizam na pele... É como se aquele frasquinho ou boião guardasse um pequeno pedacinho de paraíso.
Existem cremes de todos os tipos e para todos os efeitos.
Temos os imprescindíveis cremes de olhos, que deixam a zona ocular que nem veludo.
Temos o nosso grande amigo creme da cara, que pode ser variado consoante o tipo de pele, as necessidades da mesma e a época em que o aplicamos.
Temos o (muitas vezes esquecido) creme das mãos, que para além de hidratar a zona mais exposta e sofredora de todo o corpo, protege-a e regenera-a das agressões externas.
E temos os inestimáveis cremes do corpo, que se podem dividir em várias categorias e que prometem resolver várias maleitas. Dentro desta secção, temos os cremes de pés, cuja principal função é refrescar e hidratar de forma profunda o nosso suporte diário.
Um estudo científico recente comprovou que a maioria dos cremes de corpo específicos não apresentam qualquer tipo de resultado especial relativamente a um creme comum, ou seja, um creme de (por exemplo) estrias tem tanto efeito como aplicar um creme de hidratação comum na área em questão. Tal como um creme refirmante tem tanto efeito como um creme hidratante aplicado diariamente na zona específica. Este estudo comprova que muitos destes cremes não passam de gigantescas campanhas de marketing, que nos obrigam a sentir a necessidade de ter um creme específico para cada maleita.
O poder dos cremes é inegável. Uma pele em que é aplicado um bom creme diariamente é visivelmente diferente duma pele esquecida no dia-a-dia. No entanto, um creme para cada situação específica do corpo é desnecessário.
Creio que, tantos anos depois, o melhor creme do mundo continua a ser o Nívea clássico. Só o cheirinho transporta-nos automaticamente para a infância, em que éramos besuntados de Nívea pela mamã, sobretudo em dias de praia.
Há quem tenha uma pele de cara incrível, cujo único segredo passa pela latinha azul. Talvez, quem viva muito ao ar livre, consiga usar este creme tão gorduroso na cara, mas nos dias que correm é cada vez menos adequado, pois as necessidades da pele são outras. É um creme, sobretudo, óptimo para os pés, deixando-os profundamente hidratados e macios.
Para o resto do corpo há sempre o par da latinha azul: a latinha branca do Nívea Soft. Igualmente rico, mas não gorduroso, (se o que as recentes pesquisas demonstraram for verdadeiro) é tão bom como qualquer outro creme específico de marca sofisticada e preço bastante mais elevado. Claro que a variedade de outros cremes é enorme, sendo os mesmos aliciantes através de embalagens cada vez mais apelativas e cheiros que abrangem todo o tipo de aromas.
Já na cara e olhos a história é outra. Aqui, está provado que para cada tipo de pele, ou para cada estado de pele: existe uma solução própria. Nem sempre é fácil de encontrar, especialmente porque a pele vai-se alterando e sofrendo mutações ao longo da época do ano e ao longo de cada ciclo de vida. Para além disso, está bastante exposta e é extremamente frágil, em particular na finíssima zona que rodeia os olhos.
O hidratante diário é – mesmo - fundamental: é a barreira que ajuda à protecção da pele. Há produtos de elevada qualidade a preços acessíveis, mas também há cremes com propriedades de substâncias raríssimas que o encarecem grandemente. O efectivo resultado das ditas substâncias há quem garanta que se vê e que é o melhor aliado para combater os factores externos inimigos da pele: como estilo de vida, alimentação ou stress.
Relativamente aos olhos a diferença entre usar um bom creme ou não é abismal. Um bom creme hidrata a pele deixando-a com uma enorme suavidade. Mal se começa a usar, sente-se a diferença de imediato e desse dia em diante dificilmente se consegue não aplicar o protector diário. Nota-se – nitidamente – o aspecto melhorado da pele naaquela que é a par da boca uma das zonas mais afectadas da cara pelo stress e a poluição.
Podia passar todo o dia a falar de cremes, cremes e mais cremes.
Mas com tanto creme, de facto, não há nada como a (milagrosa) latinha azul e o seu agradável aroma de infância.
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Chinela a Divagar
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Vamos fundar um país?
Vamos fundar um país!
Um país onde haja justiça.
Um país onde quem governa dê o exemplo.
Um país onde o bem comum seja mais importante do que o bem pessoal.
Um país onde vivamos todos juntos como irmãos e não como escravos e soberanos, nobres e vassalos.
Um país onde haja liberdade.
Um país com pessoas conscientes, onde a nossa própria liberdade termine onde começa a dos outros.
Um país onde todos sejemos activos e participemos nas decisões que a nós dizem respeito.
Um país onde o mérito de cada um conte mais do que quem conhecemos.
Um país onde o mais importante seja o civismo.
Um país onde haja respeito por todos, como se de nós próprios se tratassem.
Um país onde palavras como justiça, respeito, civismo não sejam apenas uma utopia.
Um país de que nos orgulhemos.
Um país onde acreditemos em algo mais do que cifrões.
Um país onde contribuamos de forma justa para o que – efectivamente - usufruímos.
Vamos?
Um país onde haja justiça.
Um país onde quem governa dê o exemplo.
Um país onde o bem comum seja mais importante do que o bem pessoal.
Um país onde vivamos todos juntos como irmãos e não como escravos e soberanos, nobres e vassalos.
Um país onde haja liberdade.
Um país com pessoas conscientes, onde a nossa própria liberdade termine onde começa a dos outros.
Um país onde todos sejemos activos e participemos nas decisões que a nós dizem respeito.
Um país onde o mérito de cada um conte mais do que quem conhecemos.
Um país onde o mais importante seja o civismo.
Um país onde haja respeito por todos, como se de nós próprios se tratassem.
Um país onde palavras como justiça, respeito, civismo não sejam apenas uma utopia.
Um país de que nos orgulhemos.
Um país onde acreditemos em algo mais do que cifrões.
Um país onde contribuamos de forma justa para o que – efectivamente - usufruímos.
Vamos?
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terça-feira, 26 de outubro de 2010
Maléna
Talvez o mais perfeito filme, a par de Cinema Paraíso (do mesmo realizador), sobre a idade da inocência, sobre a perda da inocência, sobre a visão ingénua que só a inocência nos dá. A idade em que um universo de descobertas se nos revela. A idade em que tudo é possível. A idade em que tudo é perfeito. A idade em que as ilusões são a nossa doce realidade. A idade em que a ilusão que criamos perdurará toda uma vida, na nossa memória, como a mais bela recordação.
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Chinela no Cinema
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
O Poder da Música
A música é um elixir de alegria. Acho que é a única coisa no mundo que consegue - instantaneamente - que o nosso humor melhore – para além de nós próprios, claro.
A música pode curar. Pode transformar todos os momentos. Não é à toa, que a banda-sonora dum filme é algo único e marcante. Algo que nos apaixona e nos acompanha, muito depois de vermos o filme. As imagens ganham outra dimensão, quando acompanhadas duma melodia.Tal como um dia cinzento parece ganhar mais cor, quando escolhemos uma música à maneira.
O poder curativo da música é reconhecido em qualquer lugar, em qualquer cultura, em qualquer língua. A música é uma maneira do ser humano se expressar.
Pode ser uma forma de amar, pode ser uma forma de revolta. Pode ser a maneira de dizermos o que não se consegue fazer ouvir de outra forma.
A música é uma linguagem universal. É um poderoso manifesto.
A música, em todo o seu esplendor, é uma mensageira.
A melodia certa pode-nos transportar para um mundo de fantasias, desencadeando as mais variadas sensações.
O poder da música é infinito.
A música pode curar. Pode transformar todos os momentos. Não é à toa, que a banda-sonora dum filme é algo único e marcante. Algo que nos apaixona e nos acompanha, muito depois de vermos o filme. As imagens ganham outra dimensão, quando acompanhadas duma melodia.Tal como um dia cinzento parece ganhar mais cor, quando escolhemos uma música à maneira.
O poder curativo da música é reconhecido em qualquer lugar, em qualquer cultura, em qualquer língua. A música é uma maneira do ser humano se expressar.
Pode ser uma forma de amar, pode ser uma forma de revolta. Pode ser a maneira de dizermos o que não se consegue fazer ouvir de outra forma.
A música é uma linguagem universal. É um poderoso manifesto.
A música, em todo o seu esplendor, é uma mensageira.
A melodia certa pode-nos transportar para um mundo de fantasias, desencadeando as mais variadas sensações.
O poder da música é infinito.
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Chinela Musical
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Poema 20
"Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Escribir, por ejemplo: «La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos».
El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.
Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.
Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.
Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo."
Pablo Neruda (1904 - 1973)
Escribir, por ejemplo: «La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos».
El viento de la noche gira en el cielo y canta.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Yo la quise, y a veces ella también me quiso.
En las noches como ésta la tuve entre mis brazos.
La besé tantas veces bajo el cielo infinito.
Ella me quiso, a veces yo también la quería.
Cómo no haber amado sus grandes ojos fijos.
Puedo escribir los versos más tristes esta noche.
Pensar que no la tengo. Sentir que la he perdido.
Oír la noche inmensa, más inmensa sin ella.
Y el verso cae al alma como al pasto el rocío.
Qué importa que mi amor no pudiera guardarla.
La noche está estrellada y ella no está conmigo.
Eso es todo. A lo lejos alguien canta. A lo lejos.
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Como para acercarla mi mirada la busca.
Mi corazón la busca, y ella no está conmigo.
La misma noche que hace blanquear los mismos árboles.
Nosotros, los de entonces, ya no somos los mismos.
Ya no la quiero, es cierto, pero cuánto la quise.
Mi voz buscaba el viento para tocar su oído.
De otro. Será de otro. Como antes de mis besos.
Su voz, su cuerpo claro. Sus ojos infinitos.
Ya no la quiero, es cierto, pero tal vez la quiero.
Es tan corto el amor, y es tan largo el olvido.
Porque en noches como ésta la tuve entre mis brazos,
Mi alma no se contenta con haberla perdido.
Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo."
Pablo Neruda (1904 - 1973)
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quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Melhores Amigos?
Queridos leitores:
Hoje, quero-vos falar duma situação para a qual não estaria, com perfeita sensibilização ou elucidação, sendo que foi alguém magnânime que me esclareceu e informou.
Os desgraçados animais de companhia (estou-me a referir sobretudo a cães e gatos) são profundamente maltratados no nosso país.
Ora, são pessoas que acham muito giro ter um cachorrinho para exibir, até descobrirem todos os cuidados e gastos que se deve ter com um animal de estimação. Ora, são as pessoas que querem e merecem ir de férias, mas não fica muito espaço para o bichano. Ora, são pessoas que, após a época de caça, já não precisam destes fieis companheiros, sendo mais fácil o seu abandono e, posterior, aquisição doutro exemplar, quando a época reabrir. Ora, são pessoas que, à semelhança duma das histórias do magnífico Amores Perros de Gonzalez Inarritu, usam os animais para fins ilícitos. E, não se iludam, raras vezes os adoptantes não parecem dignos de o ser. Pelo contrário, parecem a representação do lar ideal, sendo que muitos apenas os venderão à primeira oportunidade, para perpetuar esses jogos sangrentos e – absolutamente - vergonhosos.
Todas estas situações são - profundamente - lamentáveis.
A agravar tudo isto, se estes bichanos são apanhados por determinados canis, apenas lhes resta o cadafalso.
O cenário é negro, caros leitores, bastante negro.
No entanto, e felizmente, existem diversas associações de apoio a estes seres, que trabalham afincadamente, no sentido de lhes dar as melhores condições possíveis.
Ora, estamos em crise, pensarão vocês, e já é difícil tratarmos de nós, quanto mais dos outros. Porém, se não formos nós a defender quem não tem voz, nada mudará.
É nosso dever como seres humanos proteger todos os que não o podem fazer por si próprios. É nosso dever que a nossa presença e intervenção no mundo, não represente uma ameaça para quem não tem como se defender.
É imperativo que tratemos bem os seres que nos rodeiam.
É urgente que todos percebam que um animal dá bastante trabalho, exige bastantes cuidados e necessita de determinada assistência que poderá sair cara. E, é fundamental que todos os que desejem adoptar estes espécimes estejam perfeitamente conscientes desta realidade e todas as implicações inerentes. Os melhores conselheiros serão os heróis voluntários destas associações, que poderão fornecer toda a informação necessária, para o devido esclarecimento de todos.
Estas são também as pessoas mais indicadas para nos falaram das alegrias que os animais nos trazem e do quanto enriquecem a nossa vida.
É premente que nos portemos como seres que fazem parte do mundo e não como donos e soberanos do mundo e de tudo o que este contém.
É premente, acima de tudo, estarmos conscientes e sermos conscientes.
Hoje, quero-vos falar duma situação para a qual não estaria, com perfeita sensibilização ou elucidação, sendo que foi alguém magnânime que me esclareceu e informou.
Os desgraçados animais de companhia (estou-me a referir sobretudo a cães e gatos) são profundamente maltratados no nosso país.
Ora, são pessoas que acham muito giro ter um cachorrinho para exibir, até descobrirem todos os cuidados e gastos que se deve ter com um animal de estimação. Ora, são as pessoas que querem e merecem ir de férias, mas não fica muito espaço para o bichano. Ora, são pessoas que, após a época de caça, já não precisam destes fieis companheiros, sendo mais fácil o seu abandono e, posterior, aquisição doutro exemplar, quando a época reabrir. Ora, são pessoas que, à semelhança duma das histórias do magnífico Amores Perros de Gonzalez Inarritu, usam os animais para fins ilícitos. E, não se iludam, raras vezes os adoptantes não parecem dignos de o ser. Pelo contrário, parecem a representação do lar ideal, sendo que muitos apenas os venderão à primeira oportunidade, para perpetuar esses jogos sangrentos e – absolutamente - vergonhosos.
Todas estas situações são - profundamente - lamentáveis.
A agravar tudo isto, se estes bichanos são apanhados por determinados canis, apenas lhes resta o cadafalso.
O cenário é negro, caros leitores, bastante negro.
No entanto, e felizmente, existem diversas associações de apoio a estes seres, que trabalham afincadamente, no sentido de lhes dar as melhores condições possíveis.
Ora, estamos em crise, pensarão vocês, e já é difícil tratarmos de nós, quanto mais dos outros. Porém, se não formos nós a defender quem não tem voz, nada mudará.
É nosso dever como seres humanos proteger todos os que não o podem fazer por si próprios. É nosso dever que a nossa presença e intervenção no mundo, não represente uma ameaça para quem não tem como se defender.
É imperativo que tratemos bem os seres que nos rodeiam.
É urgente que todos percebam que um animal dá bastante trabalho, exige bastantes cuidados e necessita de determinada assistência que poderá sair cara. E, é fundamental que todos os que desejem adoptar estes espécimes estejam perfeitamente conscientes desta realidade e todas as implicações inerentes. Os melhores conselheiros serão os heróis voluntários destas associações, que poderão fornecer toda a informação necessária, para o devido esclarecimento de todos.
Estas são também as pessoas mais indicadas para nos falaram das alegrias que os animais nos trazem e do quanto enriquecem a nossa vida.
É premente que nos portemos como seres que fazem parte do mundo e não como donos e soberanos do mundo e de tudo o que este contém.
É premente, acima de tudo, estarmos conscientes e sermos conscientes.
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Chinela a Divagar
domingo, 17 de outubro de 2010
Ne Me Quitte Pas
Um dia destes, uma pessoa que me é muito querida, fez-me uma das perguntas, que já assombraram, cada um de nós, nalgum momento das nossas vidas: Como é que se esquece alguém? - Alguém que (supostamente) foi tão importante ou teve tanto impacto em nós?
Bom, gostava de ter – realmente, gostava – a resposta para essa pergunta.
Mas não tenho.
Acho que ninguém tem.
Não há curas milagrosas para este mal.
Uns dizem que é o tempo que tem a resposta, outros dizem que é um novo amor. Há quem diga que depende apenas de nós mesmos e a maneira como escolhemos ver.
Talvez seja uma mistura de tudo isto, uma espécie de salada de frutas, com um bocadinho de cada ingrediente.
Talvez seja preciso tempo para deixar lá atrás o que lá pertence. Talvez seja preciso disciplina para escolhermos viver - cada momento - com alegria. Talvez seja preciso força para aceitar que as coisas são como são. Talvez seja preciso coragem para viver um novo amor, com a inocência, e consequente entrega, com que se vive o primeiro. Talvez seja preciso fé, para acreditar que melhores dias virão, para acreditar que o dia em que conviveremos em harmonia com a realidade do que fomos e do que somos chegará, para acreditar que voltaremos a sentir aquilo que outrora sentimos e achamos que jamais passará por nós.
Talvez seja todo este conjunto. Ou talvez seja apenas algo inexplicável, que vem quando menos se espera, e não depende de nós.
Não sei!
Mas sei que na vida tudo passa: tudo!
Bom, gostava de ter – realmente, gostava – a resposta para essa pergunta.
Mas não tenho.
Acho que ninguém tem.
Não há curas milagrosas para este mal.
Uns dizem que é o tempo que tem a resposta, outros dizem que é um novo amor. Há quem diga que depende apenas de nós mesmos e a maneira como escolhemos ver.
Talvez seja uma mistura de tudo isto, uma espécie de salada de frutas, com um bocadinho de cada ingrediente.
Talvez seja preciso tempo para deixar lá atrás o que lá pertence. Talvez seja preciso disciplina para escolhermos viver - cada momento - com alegria. Talvez seja preciso força para aceitar que as coisas são como são. Talvez seja preciso coragem para viver um novo amor, com a inocência, e consequente entrega, com que se vive o primeiro. Talvez seja preciso fé, para acreditar que melhores dias virão, para acreditar que o dia em que conviveremos em harmonia com a realidade do que fomos e do que somos chegará, para acreditar que voltaremos a sentir aquilo que outrora sentimos e achamos que jamais passará por nós.
Talvez seja todo este conjunto. Ou talvez seja apenas algo inexplicável, que vem quando menos se espera, e não depende de nós.
Não sei!
Mas sei que na vida tudo passa: tudo!
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
A Importância Do Estilo
Nina Garcia é uma reputada Directora de Moda. Nascida na Colômbia em 1965 e formada em Moda pelas Universidades de Paris e Nova Iorque, já foi directora da Elle e é actualmente directora da Marie Claire americana. Reputada júri no programa Runaway Project, que lhe deu a notoriedade necessária para publicar e tornar sucessos quatro volumes: The Little Black Book of Style, The One Hundred, The Style Strategy e The Look Book.
Em cada um destes livros, Nina descreve as peças base intemporais que valorizam um guarda-roupa, indica as directrizes de como encontrar um estilo pessoal e salienta os pontos chave sobre como construir o look em cada ocasião.
Nos livros não transmite qualquer tipo de obrigatoriedade para com uma peça ou um estilo. Salienta a importância da moda e do estilo pessoal de cada mulher, como uma extensão de si própria. De facto, a roupa que vestimos, os sapatos que usamos, a maneira como tratamos o cabelo e a maquilhagem são a primeira evidência que transmitimos. Assim sendo, a maneira como nos apresentamos – mesmo que inconscientemente – nada mais é do que um reflexo de como nos vemos ou o modo como queremos que nos vejam. É a marca que transmitimos ao mundo - numa primeira abordagem.
Acima de tudo, Nina refere a importância de arriscar. Experimentar é a chave para se encontrar um estilo. Não há qualquer tipo de regras no que toca a este campo. As possibilidades são infinitas e tudo o que se queira experimentar é bem-vindo e poderá vir a tornar-se uma marca de estilo. Esta é talvez a única regra neste campo: não ter medo de arriscar e querer sempre experimentar algo novo.
Ao incentivar que as mulheres vão sempre mais além, Nina estimula que as mulheres se conheçam verdadeiramente a si próprias a todos os níveis. O autoconhecimento é imprescindível para valorizar o que se tem e saber o que se quer.
Parece simples, mas não é tarefa fácil. É um longo percurso, que talvez nunca tenha destino, pois na incessante busca é que está o desafio. Já dizia outra grande mulher: ““There are no homely women, only careless women.” “ Estee Lauder
Nina é uma inspiração, pois incentiva as mulheres a sentirem-se livres de agradarem acima de tudo a si próprias e terem sempre coragem de perseguir o seu próprio estilo. E partilhar com todas estes pequenos segredos é um must.
"I want to show as many as I can reach, not only how to be beautiful, but how to stay beautiful." Estee Lauder
Em cada um destes livros, Nina descreve as peças base intemporais que valorizam um guarda-roupa, indica as directrizes de como encontrar um estilo pessoal e salienta os pontos chave sobre como construir o look em cada ocasião.
Nos livros não transmite qualquer tipo de obrigatoriedade para com uma peça ou um estilo. Salienta a importância da moda e do estilo pessoal de cada mulher, como uma extensão de si própria. De facto, a roupa que vestimos, os sapatos que usamos, a maneira como tratamos o cabelo e a maquilhagem são a primeira evidência que transmitimos. Assim sendo, a maneira como nos apresentamos – mesmo que inconscientemente – nada mais é do que um reflexo de como nos vemos ou o modo como queremos que nos vejam. É a marca que transmitimos ao mundo - numa primeira abordagem.
Acima de tudo, Nina refere a importância de arriscar. Experimentar é a chave para se encontrar um estilo. Não há qualquer tipo de regras no que toca a este campo. As possibilidades são infinitas e tudo o que se queira experimentar é bem-vindo e poderá vir a tornar-se uma marca de estilo. Esta é talvez a única regra neste campo: não ter medo de arriscar e querer sempre experimentar algo novo.
Ao incentivar que as mulheres vão sempre mais além, Nina estimula que as mulheres se conheçam verdadeiramente a si próprias a todos os níveis. O autoconhecimento é imprescindível para valorizar o que se tem e saber o que se quer.
Parece simples, mas não é tarefa fácil. É um longo percurso, que talvez nunca tenha destino, pois na incessante busca é que está o desafio. Já dizia outra grande mulher: ““There are no homely women, only careless women.” “ Estee Lauder
Nina é uma inspiração, pois incentiva as mulheres a sentirem-se livres de agradarem acima de tudo a si próprias e terem sempre coragem de perseguir o seu próprio estilo. E partilhar com todas estes pequenos segredos é um must.
"I want to show as many as I can reach, not only how to be beautiful, but how to stay beautiful." Estee Lauder
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Chinela a Divagar
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
I Hate To Fly
Detesto voar. É incrível, visto que dantes eu adorava andar de avião.
Depois duma experiência menos boa, passei a desgostar e tenho vindo a abominar cada vez mais. (Mas acho que são só os aviões de grande porte. Continuo a sonhar com uma agradável viagem de avioneta sobre lindas paisagens…)
E os voos de longo curso são sempre tão cansativos. Pior do que um voo de longo curso, só mesmo um voo de longo curso nocturno, em que todos parecem dormir sossegadamente, excepto nós próprios. É tão maçador… é terrivelmente maçador e desesperante!
E, à noite, o próprio voo ou a estabilidade do avião parece pior. Sentem-se mais vibrações. Sente-se tudo… é péssimo!
Felizmente, graças às inovações tecnológicas, há aviões equipados com mini ecrãs tácteis que nos permitem escolher entre cerca de uma dúzia de filmes e, graças à mente criativa de alguns génios, há filmes que nos tiram do chão, (ou neste caso do ar), e uma pessoa - quase - que se esquece do sítio onde está, de tão embrenhada que se encontra na história – eventualmente só um ou outro abanão nos relembram do nosso famigerado medo.
Esta é uma das fobias mais comuns e aterradoras e só mesmo a vontade – a enorme vontade de ir visitar sítios novos - consegue derrotar (ou pelo menos refrear) este medo e fazer com que todos os temerosos consigam pôr os pés nas nuvens.
Voar supostamente seria – ou já foi – uma experiência alegre: entrar no avião, sentir as vibrações, a descolagem e a aterragem eram a melhor parte (como é que é possível???). Entrar num avião era como ir num carrocel… E, entretanto, assim do nada, o divertimento foi dando lugar ao nervosismo, que foi dando lugar a uma angústia quase incontrolável sempre que se põe os pés fora do chão.
Estranho! Estranho como algo que adorávamos pode passar dum momento para o outro – aparentemente sem razão – a ser algo que odiamos.
Bom, para vencer esta fobia, só mesmo a grande paixão por viajar e descobrir tudo o que este mundo tem para oferecer. E é tanto!
Depois duma experiência menos boa, passei a desgostar e tenho vindo a abominar cada vez mais. (Mas acho que são só os aviões de grande porte. Continuo a sonhar com uma agradável viagem de avioneta sobre lindas paisagens…)
E os voos de longo curso são sempre tão cansativos. Pior do que um voo de longo curso, só mesmo um voo de longo curso nocturno, em que todos parecem dormir sossegadamente, excepto nós próprios. É tão maçador… é terrivelmente maçador e desesperante!
E, à noite, o próprio voo ou a estabilidade do avião parece pior. Sentem-se mais vibrações. Sente-se tudo… é péssimo!
Felizmente, graças às inovações tecnológicas, há aviões equipados com mini ecrãs tácteis que nos permitem escolher entre cerca de uma dúzia de filmes e, graças à mente criativa de alguns génios, há filmes que nos tiram do chão, (ou neste caso do ar), e uma pessoa - quase - que se esquece do sítio onde está, de tão embrenhada que se encontra na história – eventualmente só um ou outro abanão nos relembram do nosso famigerado medo.
Esta é uma das fobias mais comuns e aterradoras e só mesmo a vontade – a enorme vontade de ir visitar sítios novos - consegue derrotar (ou pelo menos refrear) este medo e fazer com que todos os temerosos consigam pôr os pés nas nuvens.
Voar supostamente seria – ou já foi – uma experiência alegre: entrar no avião, sentir as vibrações, a descolagem e a aterragem eram a melhor parte (como é que é possível???). Entrar num avião era como ir num carrocel… E, entretanto, assim do nada, o divertimento foi dando lugar ao nervosismo, que foi dando lugar a uma angústia quase incontrolável sempre que se põe os pés fora do chão.
Estranho! Estranho como algo que adorávamos pode passar dum momento para o outro – aparentemente sem razão – a ser algo que odiamos.
Bom, para vencer esta fobia, só mesmo a grande paixão por viajar e descobrir tudo o que este mundo tem para oferecer. E é tanto!
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Chinela a Divagar
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
A Cidade Que Nunca Dorme
Quem gostar de mil e uma possibilidades, mil e uma coisas para ver, mil e uma coisas para fazer… Quem gostar de prédios altíssimos – tão altos que as ruas se tornam sombrias e raramente se vê o Sol… Quem gostar de jardins enormes com inúmeros recantos, um pequeno paraíso dentro da cidade… Quem gostar de ruas e cafés com imenso significado, vistos em mil e um filmes… Quem gostar de sentir que está no centro do mundo… Quem gostar de apartamentos pequenos, cuja paisagem será sempre sobre as indiscretas janelas do prédio em frente ou sobre os telhados dos edifícios circundantes… Quem gostar de paisagens cinzentas… Quem gostar de metros em decadência empestados de sujidade onde habitam enormes e alegres ratazanas (só faltavam mesmo as tartarugas ninja aparacerem)… Quem gostar de se sentir completamente livre para ser ou parecer aquilo que realmente quer… Quem gostar de trânsito intenso e poluição constante… Quem gostar de descobrir um mundo novo ao virar de cada esquina… Quem gostar de estar rodeado dum consumismo desenfreado… Quem gostar de se sentir vivo num mundo cinematográfico…
Vai adorar a cidade onde tudo acontece. Já dizia Sinatra: “If you can make it there, you’ll make it anywhere.”
It’s up to you!
Vai adorar a cidade onde tudo acontece. Já dizia Sinatra: “If you can make it there, you’ll make it anywhere.”
It’s up to you!
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Chinela pelo Mundo
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Pensamento do Dia
Se não consegues salvar o mundo, pelo menos salva-te a ti a próprio.
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Chinela a Divagar
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
A Eterna Guerra dos Sexos
A sociedade tem mudado. O papel do homem e da mulher na sociedade e no mundo têm vindo a mudar. Mesmo assim e, apesar do longo percurso que as mulheres têm vindo a percorrer, ainda há resistências, sobretudo transmitidas por uma geração em que as coisas eram diferentes.
Ao ler uma entrevista da iraniana Shirin Ebadi (Nobel da Paz 2003) não podia deixar de estar mais de acordo que tem de partir (também e sobretudo) das próprias mulheres a afirmação para que haja mudanças. É difícil, sobretudo em gerações nas quais é dever e obrigação da mulher tratar da lida doméstica, independentemente de trabalhar fora ou não, gerações nas quais as meninas devem pôr a mesa e ajudar a limpar a louça, sendo que os meninos são “desculpados” dessas tarefas, ou não são tão “advertidos” que deverão ajudar nesse sentido.
Um destes dias, ao chegar do Supermercado, a minha mãe afirmou com ar escandalizado que tinham colocado congelados juntamente com bolachas, provocando a eventual degradação das mesmas. E afirmou categoricamente: “Ainda por cima era uma mulher… se ainda fosse um homem. Mas uma mulher. É inadmissível.” O quê que isto é suposto querer dizer? Terão as mulheres mais responsabilidade de estar sensibilizadas relativamente às condições de temperatura dos alimentos? Ou estar mais atentas a determinados pormenores? Ou pior, têm mais obrigação de perceber do assunto do que um homem? Um homem estaria desculpado por ser homem “Coitadito… é mesmo cromo como todos os homens. Os homens não percebem nada disto.” É de facto, este sentimento de complacência/tolerância para com os homens e ressentimento/intolerância para com as mulheres que é completamente discriminatório. É exactamente este comportamento que tem de mudar. Que não pode continuar a passar de geração em geração. Há ainda um longo caminho a percorrer, mais nuns países do que noutros. Eu tenho esperança, tal como Shirin que a Humanidade caminhe nesse sentido. Tenho esperança que homens e mulheres se unam nesta luta: terminar com todo e qualquer tipo de descriminação.
E, depois, há ainda a questão de homens que não sabem distinguir igualdade de cavalheirismo. (Eu diria até mesmo, humanidade para com as mulheres). Há homens que acham que igualdade é não deixarem uma senhora entrar primeiro num edifício, como se isso fosse algo mais do que um simples acto de cortesia. Ou acham que uma senhora deverá fazer um percurso numa viagem de pé, como se uma senhora não tivesse uma estrutura física mais frágil e menos resistente do que a de um homem. Piores do que estes espécimes, só mesmo os que sendo “cavalheiros” o são porque acham sempre que a mulher é um ser inferior e que (embora fisicamente seja incomparável) não possa estar à sua altura em qualquer outro desafio. Há mulheres que lêem muito bem mapas, há mulheres que têm uma excelente noção espacial, há mulheres que conduzem impecavelmente. Creio que apenas no plano físico os dois seres são incomparáveis; nos restantes podem – e devem – ser igualizados.
Há um filme muito interessante – embora muito leve – sobre esta temática. Chama-se Down With Love e aborda a eterna guerra dos sexos. O que os divide, as notórias diferenças, a maneira de pensar ou de agir de uns e outros. Como não poderia deixar de ser, o filme aborda também o que os une e em como nessas diferenças, por vezes, estão mais pontos em comum do que se imagina. E apesar de tudo isso - ou por causa de tudo isso - não conseguem viver uns sem os outros.
Ao ler uma entrevista da iraniana Shirin Ebadi (Nobel da Paz 2003) não podia deixar de estar mais de acordo que tem de partir (também e sobretudo) das próprias mulheres a afirmação para que haja mudanças. É difícil, sobretudo em gerações nas quais é dever e obrigação da mulher tratar da lida doméstica, independentemente de trabalhar fora ou não, gerações nas quais as meninas devem pôr a mesa e ajudar a limpar a louça, sendo que os meninos são “desculpados” dessas tarefas, ou não são tão “advertidos” que deverão ajudar nesse sentido.
Um destes dias, ao chegar do Supermercado, a minha mãe afirmou com ar escandalizado que tinham colocado congelados juntamente com bolachas, provocando a eventual degradação das mesmas. E afirmou categoricamente: “Ainda por cima era uma mulher… se ainda fosse um homem. Mas uma mulher. É inadmissível.” O quê que isto é suposto querer dizer? Terão as mulheres mais responsabilidade de estar sensibilizadas relativamente às condições de temperatura dos alimentos? Ou estar mais atentas a determinados pormenores? Ou pior, têm mais obrigação de perceber do assunto do que um homem? Um homem estaria desculpado por ser homem “Coitadito… é mesmo cromo como todos os homens. Os homens não percebem nada disto.” É de facto, este sentimento de complacência/tolerância para com os homens e ressentimento/intolerância para com as mulheres que é completamente discriminatório. É exactamente este comportamento que tem de mudar. Que não pode continuar a passar de geração em geração. Há ainda um longo caminho a percorrer, mais nuns países do que noutros. Eu tenho esperança, tal como Shirin que a Humanidade caminhe nesse sentido. Tenho esperança que homens e mulheres se unam nesta luta: terminar com todo e qualquer tipo de descriminação.
E, depois, há ainda a questão de homens que não sabem distinguir igualdade de cavalheirismo. (Eu diria até mesmo, humanidade para com as mulheres). Há homens que acham que igualdade é não deixarem uma senhora entrar primeiro num edifício, como se isso fosse algo mais do que um simples acto de cortesia. Ou acham que uma senhora deverá fazer um percurso numa viagem de pé, como se uma senhora não tivesse uma estrutura física mais frágil e menos resistente do que a de um homem. Piores do que estes espécimes, só mesmo os que sendo “cavalheiros” o são porque acham sempre que a mulher é um ser inferior e que (embora fisicamente seja incomparável) não possa estar à sua altura em qualquer outro desafio. Há mulheres que lêem muito bem mapas, há mulheres que têm uma excelente noção espacial, há mulheres que conduzem impecavelmente. Creio que apenas no plano físico os dois seres são incomparáveis; nos restantes podem – e devem – ser igualizados.
Há um filme muito interessante – embora muito leve – sobre esta temática. Chama-se Down With Love e aborda a eterna guerra dos sexos. O que os divide, as notórias diferenças, a maneira de pensar ou de agir de uns e outros. Como não poderia deixar de ser, o filme aborda também o que os une e em como nessas diferenças, por vezes, estão mais pontos em comum do que se imagina. E apesar de tudo isso - ou por causa de tudo isso - não conseguem viver uns sem os outros.
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Chinela a Divagar
Sons do Brasil
Sempre achei que uma das maravilhas mundiais - uma verdadeira dádiva ao mundo – é a música brasileira. Os géneros que a música brasileira possui abrangem os mais variados gostos. Há quem tenha a mais pura fobia e aversão à música brasileira. A começar em minha casa, tenho um exemplo vivo de quem deteste ou não seja particular apreciador de todo e qualquer estilo musical que venha da terra das caipirinhas.
Esta aversão às músicas brasileiras sempre me fez uma certa confusão. Como é que alguém gosta da Girl From Ipanema interpretada por Sinatra, mas não ouve a Garota de Ipanema de Vinicius? Como é que alguém adora jazz, mas não suporta bossa nova?
Após conviver com imensas pessoas, cuja aversão à música brasileira é saliente, concluo que a aversão não é a música (pelo menos não dentro do estilo que a pessoa em questão possa apreciar), mas sim à língua ou ao sotaque que a língua portuguesa adquire na boca dos brasileiros.
De facto, o sotaque brasileiro é extremamente meloso. É uma espécie de cantoria com jeito de criança do mais lamechas que há.
Mas atrevo-me a reconhecer que alguns dos melhores compositores de sempre são brasileiros, bem como algumas das letras de canções mais bem conseguidas de que há memória.
O brasileiro tem a capacidade de chorar tristeza como se fosse a maior alegria: um choradinho cantante. Tem a capacidade de pegar nas palavras mais simples e nas coisas mais corriqueiras e fazer delas uma grande canção – que é também, aliás, uma das características do fado.
E, acima de tudo, tem a particularidade que a língua portuguesa lhe dá de usar palavras ou (sobretudo, no caso dos brasileiros) expressões, únicas no mundo. Expressões que não são reproduzíveis em mais nenhuma língua (há sempre algo demasiado precioso que se perde na tradução). As grandes músicas do Brasil são poemas verdadeiramente apaixonantes.
Não tenho dúvidas que muitas das músicas do Brasil seriam melodias que apaixonariam e converteriam estes "resistentes", se interpretadas em línguas mais “familiares”, sendo que na “dobragem” se perderia o que de mais precioso a música brasileira tem.
Esta aversão às músicas brasileiras sempre me fez uma certa confusão. Como é que alguém gosta da Girl From Ipanema interpretada por Sinatra, mas não ouve a Garota de Ipanema de Vinicius? Como é que alguém adora jazz, mas não suporta bossa nova?
Após conviver com imensas pessoas, cuja aversão à música brasileira é saliente, concluo que a aversão não é a música (pelo menos não dentro do estilo que a pessoa em questão possa apreciar), mas sim à língua ou ao sotaque que a língua portuguesa adquire na boca dos brasileiros.
De facto, o sotaque brasileiro é extremamente meloso. É uma espécie de cantoria com jeito de criança do mais lamechas que há.
Mas atrevo-me a reconhecer que alguns dos melhores compositores de sempre são brasileiros, bem como algumas das letras de canções mais bem conseguidas de que há memória.
O brasileiro tem a capacidade de chorar tristeza como se fosse a maior alegria: um choradinho cantante. Tem a capacidade de pegar nas palavras mais simples e nas coisas mais corriqueiras e fazer delas uma grande canção – que é também, aliás, uma das características do fado.
E, acima de tudo, tem a particularidade que a língua portuguesa lhe dá de usar palavras ou (sobretudo, no caso dos brasileiros) expressões, únicas no mundo. Expressões que não são reproduzíveis em mais nenhuma língua (há sempre algo demasiado precioso que se perde na tradução). As grandes músicas do Brasil são poemas verdadeiramente apaixonantes.
Não tenho dúvidas que muitas das músicas do Brasil seriam melodias que apaixonariam e converteriam estes "resistentes", se interpretadas em línguas mais “familiares”, sendo que na “dobragem” se perderia o que de mais precioso a música brasileira tem.
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Chinela Musical
domingo, 19 de setembro de 2010
PI
Vou fundar um partido. Aceitam-se assinaturas!
Partido Inconformado!
Partido de quem acredita que se pode fazer sempre mais. Partido de quem acredita que nunca é demais lutar por um amanhã melhor. Partido de quem sente que vale sempre a pena. (Já dizia – e bem – Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”) Partido de quem não cruza os braços e finge que não vê. Partido de quem não se conforma que o mundo é assim e temos de o aceitar, sem fazermos um esforço por o tornarmos mais próximo daquilo que gostávamos que fosse. Partido de quem quer ter voz para defender a justiça, a igualdade, a liberdade, a tolerância, a coragem e a boa educação!
Neste partido aceitam-se todos.
Nós temos motivação. É-nos dada todos os dias pela nossa vida! Este partido propõe-se organizar todos os inconformados que vagueiam por este Portugal. Porque é de organização que precisamos. É por não termos organização que a nossa voz não é ouvida!
Juntos e organizados conseguiremos fazer valer a justiça neste país injusto. Conseguiremos fazer valer a nossa voz neste país mudo.
Contamos com todos!!!!!!! Portugal precisa de todos nós. Cada um de nós é imprescindível para que a mudança surja. “As formigas quando se juntam, conseguem derrubar um leão.”
Partido Inconformado – Jamais será travado!
Partido Inconformado – Jamais será lixado!
Partido Inconformado – Jamais será calado!
(De momento procuramos alguém para a Presidência da República. Aceitam-se candidaturas - de preferência de pessoas com menos de 40 anos, para refrescar a democracia.)
PS: Aos eventuais lobbys que possam estar a ler esta missiva a mensagem é esta: “Nós não nos vendemos! Vai comprar outro partido! Partido Inconformado – Jamais será comprado!”
Nota: escrito a quatro mãos numa tarde rica em trabalho criativo.
Partido Inconformado!
Partido de quem acredita que se pode fazer sempre mais. Partido de quem acredita que nunca é demais lutar por um amanhã melhor. Partido de quem sente que vale sempre a pena. (Já dizia – e bem – Pessoa: “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”) Partido de quem não cruza os braços e finge que não vê. Partido de quem não se conforma que o mundo é assim e temos de o aceitar, sem fazermos um esforço por o tornarmos mais próximo daquilo que gostávamos que fosse. Partido de quem quer ter voz para defender a justiça, a igualdade, a liberdade, a tolerância, a coragem e a boa educação!
Neste partido aceitam-se todos.
Nós temos motivação. É-nos dada todos os dias pela nossa vida! Este partido propõe-se organizar todos os inconformados que vagueiam por este Portugal. Porque é de organização que precisamos. É por não termos organização que a nossa voz não é ouvida!
Juntos e organizados conseguiremos fazer valer a justiça neste país injusto. Conseguiremos fazer valer a nossa voz neste país mudo.
Contamos com todos!!!!!!! Portugal precisa de todos nós. Cada um de nós é imprescindível para que a mudança surja. “As formigas quando se juntam, conseguem derrubar um leão.”
Partido Inconformado – Jamais será travado!
Partido Inconformado – Jamais será lixado!
Partido Inconformado – Jamais será calado!
(De momento procuramos alguém para a Presidência da República. Aceitam-se candidaturas - de preferência de pessoas com menos de 40 anos, para refrescar a democracia.)
PS: Aos eventuais lobbys que possam estar a ler esta missiva a mensagem é esta: “Nós não nos vendemos! Vai comprar outro partido! Partido Inconformado – Jamais será comprado!”
Nota: escrito a quatro mãos numa tarde rica em trabalho criativo.
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Chinela a Divagar
Morder Como Quem Beija
"Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!"
Florbela Espanca (1894-1930)
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!"
Florbela Espanca (1894-1930)
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Chinela em Leitura
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Hit the Road
A estrada é um lugar perigoso - o cinto de segurança já me deixou escapar incólume de certa -
e apesar de todo esse perigo - ou talvez pela iminência desse perigo - adoro conduzir. Adoro (como se diz) fazer-me à estrada. Não há nada mais relaxante do que pegar no volante e dirigir com a estrada livre à minha frente.
Gosto de viajar de carro. Gosto da liberdade que se tem quando se viaja de carro e se sabe que se pode parar onde e quando quisermos. Gosto de observar a paisagem à medida que decorre a viagem. Gosto de saber notícias do mundo através das familiares vozes que me acompanham diariamente mas cujos rostos nunca vi. Gosto de ouvir a música altíssimo como se só existisse eu e aquele ritmo frenético que me entra pelos ouvidos à velocidade com que passo pela estrada. Gosto da possibilidade de gravar um ou outro pensamento porque na impossibilidade de o escrever digo-o em voz alta. Gosto da dança de pensamentos que me assolam quando conduzo. Gosto da liberdade e do controlo… Gosto!
e apesar de todo esse perigo - ou talvez pela iminência desse perigo - adoro conduzir. Adoro (como se diz) fazer-me à estrada. Não há nada mais relaxante do que pegar no volante e dirigir com a estrada livre à minha frente.
Gosto de viajar de carro. Gosto da liberdade que se tem quando se viaja de carro e se sabe que se pode parar onde e quando quisermos. Gosto de observar a paisagem à medida que decorre a viagem. Gosto de saber notícias do mundo através das familiares vozes que me acompanham diariamente mas cujos rostos nunca vi. Gosto de ouvir a música altíssimo como se só existisse eu e aquele ritmo frenético que me entra pelos ouvidos à velocidade com que passo pela estrada. Gosto da possibilidade de gravar um ou outro pensamento porque na impossibilidade de o escrever digo-o em voz alta. Gosto da dança de pensamentos que me assolam quando conduzo. Gosto da liberdade e do controlo… Gosto!
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Chinela a Divagar
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Pérolas Encantadoras
Há cidades inesquecíveis. Já falei da minha preferida entre todas, no entanto, há outras que me fascinam e me encantam de forma muito especial.
A Europa é talvez o continente mais rico em cidadezinhas únicas na sua beleza histórica, em que a cada esquina há um novo mundo por descobrir.
De todas a que mais me encantou foi Viena com a sua elegância e sofisticação. Trata-se duma cidade absolutamente distinta. Possui amplas praças, recheadas de estátuas imponentes. É extremamente delicada, com toda a sua irrepreensível limpeza e civismo. Amei esta cidade! Se tivesse de escolher outra para ser o meu lar, provavelmente seria esta pérola.
Outra cidade completamente apaixonante e única é Veneza! Os seus canais enfeitados por gondôlas aliados ao particular encanto das cidades italianas - com a sua melodiosa linguagem, os seus irresistíveis gelados, as suas pastas divinais e a sensação que a cada passo estamos mais perto dum rico passado histórico – tornam esta cidade suprema. O admirável Rialto e a grandiosa Piazza di San Marco são - talvez - duas das visões mais lindas do mundo.
Não podia deixar de elogiar os canais de Veneza, sem mencionar outra cidade, assente em água, que me seduziu: Amsterdão. Esta cidade também é única por motivos bem diferentes. Dona duma beleza invulgar, não são os seus cenários que tanto cativam turistas, mas sim um ambiente livre e despido de complexos. Isto aliado a extrema simpatia dos locais torna esta cidade um lugar imperdível. Respira-se alegria, festa e desejo!
Outra cidade festiva que eu adoro é Sevilha! Aquela que é – para mim – a mais bela de Espanha. Seja a Catedral, seja a Torre, sejam os Palácios, esta cidade possui uma riqueza histórica extremamente importante na Ibérica. Foi palco de grandes acontecimentos e oferece um agradável e animado ambiente tipicamente andaluz. À sua beleza adiciona-se a excelente gastronomia da região.
Já que falamos em gastronomia tenho de voltar a Itália e a outra cidade que eu amo: Roma! Roma é das mais belas cidades que já vi. Rica historicamente, a cidade tem muito mais do que toda a beleza do centro dum grande Império.
And last but not least we have London! De todas a que mais me surpreendeu. Era daquelas cidades pelas quais não dava um tostão (vá-se lá saber porquê). Até que lá fui e fiquei siderada! A cidade é incrível! Em Londres respira-se história, arte, cultura, elegância, ciência e sentido de humor. A cidade oferece uma variedade de tudo. Anything you want you’ll find it in London. A Abadia de Westminster é o mais fascinante monumento religioso que já visitei e o British Museum tem uma colecção inigualável de tudo de todas as partes e épocas do mundo. Absolutely fabulous!
E termino assim o meu - ainda muito precoce e inacabado - colar de pérolas europeias.
A Europa é talvez o continente mais rico em cidadezinhas únicas na sua beleza histórica, em que a cada esquina há um novo mundo por descobrir.
De todas a que mais me encantou foi Viena com a sua elegância e sofisticação. Trata-se duma cidade absolutamente distinta. Possui amplas praças, recheadas de estátuas imponentes. É extremamente delicada, com toda a sua irrepreensível limpeza e civismo. Amei esta cidade! Se tivesse de escolher outra para ser o meu lar, provavelmente seria esta pérola.
Outra cidade completamente apaixonante e única é Veneza! Os seus canais enfeitados por gondôlas aliados ao particular encanto das cidades italianas - com a sua melodiosa linguagem, os seus irresistíveis gelados, as suas pastas divinais e a sensação que a cada passo estamos mais perto dum rico passado histórico – tornam esta cidade suprema. O admirável Rialto e a grandiosa Piazza di San Marco são - talvez - duas das visões mais lindas do mundo.
Não podia deixar de elogiar os canais de Veneza, sem mencionar outra cidade, assente em água, que me seduziu: Amsterdão. Esta cidade também é única por motivos bem diferentes. Dona duma beleza invulgar, não são os seus cenários que tanto cativam turistas, mas sim um ambiente livre e despido de complexos. Isto aliado a extrema simpatia dos locais torna esta cidade um lugar imperdível. Respira-se alegria, festa e desejo!
Outra cidade festiva que eu adoro é Sevilha! Aquela que é – para mim – a mais bela de Espanha. Seja a Catedral, seja a Torre, sejam os Palácios, esta cidade possui uma riqueza histórica extremamente importante na Ibérica. Foi palco de grandes acontecimentos e oferece um agradável e animado ambiente tipicamente andaluz. À sua beleza adiciona-se a excelente gastronomia da região.
Já que falamos em gastronomia tenho de voltar a Itália e a outra cidade que eu amo: Roma! Roma é das mais belas cidades que já vi. Rica historicamente, a cidade tem muito mais do que toda a beleza do centro dum grande Império.
And last but not least we have London! De todas a que mais me surpreendeu. Era daquelas cidades pelas quais não dava um tostão (vá-se lá saber porquê). Até que lá fui e fiquei siderada! A cidade é incrível! Em Londres respira-se história, arte, cultura, elegância, ciência e sentido de humor. A cidade oferece uma variedade de tudo. Anything you want you’ll find it in London. A Abadia de Westminster é o mais fascinante monumento religioso que já visitei e o British Museum tem uma colecção inigualável de tudo de todas as partes e épocas do mundo. Absolutely fabulous!
E termino assim o meu - ainda muito precoce e inacabado - colar de pérolas europeias.
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Chinela pelo Mundo
Principle 8: Part II
A felicidade depende de nós próprios. É uma escolha diária.
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Chinela a Divagar
Eu Amo o Porto
Não é por ser a cidade onde eu nasci. Pronto! Pronto! Talvez seja um bocadinho por ser a cidade onde eu nasci: eu amo o Porto! Reconheço-lhe um encanto muito peculiar. Gosto desta cidade! Gosto da atmosfera da cidade. Gosto da altivez da Foz, da alegria colorida da Ribeira e do seu cubo futurista, dos cheiros a fruta e verduras do Bolhão, da imponência cinzenta dos Aliados (aliás gosto do nome Aliados por tudo o que simboliza e por ser único no país), das figuras exóticas que vivem no Jardim Botânico, das sombras frescas nos jardins do Palácio de Cristal ou Pavilhão Rosa Mota, do ambiente nocturno na Praça dos Leões e consequentes ruas, ruinhas e ruelas que se enchem de gente a cada novo anoitecer. Gosto da Sé, dos Clérigos, das pontes, da muralha Fernandina, da praça do Marquês, da marina e Palácio do Freixo… Gosto do Douro, este belo rio que banha a nossa cidade - que sobe ou desce ao sabor da chuva. Há duas coisas que não sendo do Porto, estão mesmo ao seu lado e tornam este lugar ainda mais especial: a admirável e apelativa costa de Vila Nova de Gaia com as suas intermináveis praias e a incomparável visão que se obtém da zona ribeirinha de Gaia, da qual se pode admirar o Porto no seu esplendor. Vila Nova de Gaia tem muitos outros encantos, mas creio que a maior riqueza de ambas as cidades é que se complementam.
Para além de toda esta beleza cénica, temos também outras maravilhas. A que mais me delicia tem nome de estrangeiro – mas é absolutamente irresistível: francesinha! Haverá algo mais gostoso do que deliciarmo-nos com uma apetecível francesinha? Parece que já estou a ver o molho a borbulhar, as batatas fritas quase imersas no molho, o queijo derretido a tapar completamente o pão espesso, uma garfada enorme com o apetite gigante na boca. Nham!!!
Este nosso Porto de abrigo encantador, deslumbra todos os que por aqui passam.
Para além de toda esta beleza cénica, temos também outras maravilhas. A que mais me delicia tem nome de estrangeiro – mas é absolutamente irresistível: francesinha! Haverá algo mais gostoso do que deliciarmo-nos com uma apetecível francesinha? Parece que já estou a ver o molho a borbulhar, as batatas fritas quase imersas no molho, o queijo derretido a tapar completamente o pão espesso, uma garfada enorme com o apetite gigante na boca. Nham!!!
Este nosso Porto de abrigo encantador, deslumbra todos os que por aqui passam.
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Chinela Portuguesa
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Principle 8: Life and The Pursuit of Happiness
Dos princípios básicos norte-americanos consta algo que considero excepcional: o alienável direito que cada cidadão tem to The Pursuit of Happiness.
De acordo com artigos científicos recentes, são de salientar alguns aspectos essenciais para atingir a tão desejada (e utópica?) felicidade.
Assim sendo, de acordo com os ditos, saliento o seguinte:
- Sentido de humor.
O humor ajuda a libertar do stress. A capacidade de rir-se de si próprio é libertadora. Não levar a vida demasiado a sério é uma atitude positiva e inteligente. O humor é capaz de curar.
Sempre achei incrível o poder de uma gargalhada e, se de facto, os estudos que têm vindo a ser realizados estão correctos, o sentido de humor é – talvez – o mais poderoso elixir de felicidade. Está provado que rir ou apenas sorrir provoca a libertação de endorfinas, também conhecidas por hormonas da felicidade, tornando – efectivamente - as pessoas mais felizes.
(Isto é uma descoberta magnífica! Ora então, se uma pessoa está triste, apenas tem de sorrir para afastar os sentimentos menos agradáveis. (Já dizia Walt Whitman: Alegria! Alegria! Alegria sempre!) Ou como defendeu Espinosa: o segredo para superar um determinado sentimento é interiorizarmos e/ou concentrarmo-nos no sentimento que se lhe opõe. Verdade ou não só mesmo experimentando e, se for, como quase tudo na vida, só ao fim de muito treino se atinge a perfeição.
E, para dar umas valentes gargalhadas ou esboçar um enorme e luminoso sorriso, nada melhor que uma boa comédia, uma música animada e rodearmo-nos de pessoas que se riem connosco dos tudos e nadas da vida.
- Praticar exercício físico.
Ora muito bem, a par dumas gargalhadas também o exercício físico ajuda a libertar as hormonas da felicidade (ou do prazer; isso agora depende do exercício).
Aparentemente rir parece mais fácil. E podemos fazê-lo em qualquer lugar.
No entanto, trabalhar os músculos e o ritmo cardíaco tem um efeito mais duradouro na garantia de felicidade.
Isto é mais um fantástica descoberta. Talvez os ginásios até possam usar esta base para angariarem mais pessoas. Aliás, essa poderia ser a derradeira campanha de marketing que faltava e a motivação para a inscrição no ginásio não passar do mês inicial - e mais meia dúzia de vezes só para dizer que se lá se põe os pés.
Bem, mas uma coisa que (a maioria) dos ginásios não têm e que - de acordo com os artigos científicos - é mais benéfico, é a realização duma actividade ao ar livre. O nosso pequeno país à beira-mar é rico em locais onde podemos dar uso a este conselho.
- Aprender a desligarmo-nos.
Ser felizes no dia-a-dia. A solução somos nós próprios e a atitude que escolhemos ter perante a vida. Cultivar pequenas actividades que nos dão prazer e ajudam a mente a espairecer.
Dito assim parece tão fácil. Porque será que naqueles dias cinzentos em que temos uma hidra a perseguir-nos (e de cada vez que lhe cortamos a cabeça, nascem duas no seu lugar) não parece ser tão acessível pôr este conselho em prática???
Há quem tente trabalhar numa magnífica descoberta que consiste num botão que se aloca à mente dum humano, através do qual ele liga ou desliga, ou seja, um interruptor no qual podemos estar WORRY/NO WORRY. Isso sim seria genial.
O aprender a desligarmo-nos pode passar por mantermos a mente distraída com inúmeras actividades: quanto mais ocupada estiver, menos pensará nos (pseudo) problemas e hidras que nos perseguem.
- Saber respirar.
Esta acho admirável. É algo que fazemos diariamente em cada momento, algo do qual estamos dependentes para viver, mas – aparentemente – a maioria de nós não sabe como respirar ou não sabe respirar correctamente ou, mais importante, não sabe usar a respiração em seu benefício para se acalmar em momentos de nervosismo ou pânico.
Antes de mais é necessário ter consciência de nós próprios, no nosso corpo e sentir a respiração. Depois é aprender a fazê-lo de forma suave e intensa, sentindo cada partícula de ar a entrar nos nossos pulmões e a percorrer o nosso sangue.
Da respiração à paz interior é apenas um pequeno passo - pelo menos é o que os especialistas dizem.
- Praticar meditação.
E esta é a minha preferida: controlar o pensamento de modo a que nos seja possível a total ausência de pensamento. Creio que de todas é a mais difícil de atingir. A que exige mais disciplina e árduo trabalho.
Entrar num estado de concentração e consciência tal que se consegue apagar todo e qualquer pensamento que assole a nossa mente. Estar consciente. Estar em paz.
Os cientistas dizem que meditar ajuda, simultaneamente, o descanso e a estimulação do cérebro.
Bem, e apresentados os principais métodos para atingir o alienável direito à felicidade, nada melhor do que meditar sobre o assunto e descobrir a melhor maneira de pôr cada um dos conselhos em prática.
De acordo com artigos científicos recentes, são de salientar alguns aspectos essenciais para atingir a tão desejada (e utópica?) felicidade.
Assim sendo, de acordo com os ditos, saliento o seguinte:
- Sentido de humor.
O humor ajuda a libertar do stress. A capacidade de rir-se de si próprio é libertadora. Não levar a vida demasiado a sério é uma atitude positiva e inteligente. O humor é capaz de curar.
Sempre achei incrível o poder de uma gargalhada e, se de facto, os estudos que têm vindo a ser realizados estão correctos, o sentido de humor é – talvez – o mais poderoso elixir de felicidade. Está provado que rir ou apenas sorrir provoca a libertação de endorfinas, também conhecidas por hormonas da felicidade, tornando – efectivamente - as pessoas mais felizes.
(Isto é uma descoberta magnífica! Ora então, se uma pessoa está triste, apenas tem de sorrir para afastar os sentimentos menos agradáveis. (Já dizia Walt Whitman: Alegria! Alegria! Alegria sempre!) Ou como defendeu Espinosa: o segredo para superar um determinado sentimento é interiorizarmos e/ou concentrarmo-nos no sentimento que se lhe opõe. Verdade ou não só mesmo experimentando e, se for, como quase tudo na vida, só ao fim de muito treino se atinge a perfeição.
E, para dar umas valentes gargalhadas ou esboçar um enorme e luminoso sorriso, nada melhor que uma boa comédia, uma música animada e rodearmo-nos de pessoas que se riem connosco dos tudos e nadas da vida.
- Praticar exercício físico.
Ora muito bem, a par dumas gargalhadas também o exercício físico ajuda a libertar as hormonas da felicidade (ou do prazer; isso agora depende do exercício).
Aparentemente rir parece mais fácil. E podemos fazê-lo em qualquer lugar.
No entanto, trabalhar os músculos e o ritmo cardíaco tem um efeito mais duradouro na garantia de felicidade.
Isto é mais um fantástica descoberta. Talvez os ginásios até possam usar esta base para angariarem mais pessoas. Aliás, essa poderia ser a derradeira campanha de marketing que faltava e a motivação para a inscrição no ginásio não passar do mês inicial - e mais meia dúzia de vezes só para dizer que se lá se põe os pés.
Bem, mas uma coisa que (a maioria) dos ginásios não têm e que - de acordo com os artigos científicos - é mais benéfico, é a realização duma actividade ao ar livre. O nosso pequeno país à beira-mar é rico em locais onde podemos dar uso a este conselho.
- Aprender a desligarmo-nos.
Ser felizes no dia-a-dia. A solução somos nós próprios e a atitude que escolhemos ter perante a vida. Cultivar pequenas actividades que nos dão prazer e ajudam a mente a espairecer.
Dito assim parece tão fácil. Porque será que naqueles dias cinzentos em que temos uma hidra a perseguir-nos (e de cada vez que lhe cortamos a cabeça, nascem duas no seu lugar) não parece ser tão acessível pôr este conselho em prática???
Há quem tente trabalhar numa magnífica descoberta que consiste num botão que se aloca à mente dum humano, através do qual ele liga ou desliga, ou seja, um interruptor no qual podemos estar WORRY/NO WORRY. Isso sim seria genial.
O aprender a desligarmo-nos pode passar por mantermos a mente distraída com inúmeras actividades: quanto mais ocupada estiver, menos pensará nos (pseudo) problemas e hidras que nos perseguem.
- Saber respirar.
Esta acho admirável. É algo que fazemos diariamente em cada momento, algo do qual estamos dependentes para viver, mas – aparentemente – a maioria de nós não sabe como respirar ou não sabe respirar correctamente ou, mais importante, não sabe usar a respiração em seu benefício para se acalmar em momentos de nervosismo ou pânico.
Antes de mais é necessário ter consciência de nós próprios, no nosso corpo e sentir a respiração. Depois é aprender a fazê-lo de forma suave e intensa, sentindo cada partícula de ar a entrar nos nossos pulmões e a percorrer o nosso sangue.
Da respiração à paz interior é apenas um pequeno passo - pelo menos é o que os especialistas dizem.
- Praticar meditação.
E esta é a minha preferida: controlar o pensamento de modo a que nos seja possível a total ausência de pensamento. Creio que de todas é a mais difícil de atingir. A que exige mais disciplina e árduo trabalho.
Entrar num estado de concentração e consciência tal que se consegue apagar todo e qualquer pensamento que assole a nossa mente. Estar consciente. Estar em paz.
Os cientistas dizem que meditar ajuda, simultaneamente, o descanso e a estimulação do cérebro.
Bem, e apresentados os principais métodos para atingir o alienável direito à felicidade, nada melhor do que meditar sobre o assunto e descobrir a melhor maneira de pôr cada um dos conselhos em prática.
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