sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Um Brinde aos Novos Começos

O tempo deve deslocar-se num comboio especial que tanto passa muito lentamente, como anda à velocidade da luz.
Às vezes um momento parece uma eternidade. Outras vezes vários momentos, longos anos, parecem breves instantes.
A passagem do tempo é assim: rápida e lenta, vagarosa e veloz.
É nos momentos de mudança que tendemos a olhar para trás e a admirar todo o percurso que percorremos. É nos momentos de mudança que reflectimos sobre a pessoa que éramos e a pessoa que somos agora.
É nos momentos de mudança que nos apercebemos que tudo o que ficou para trás marcou-nos de maneiras que nem entendemos e tornou-nos aquilo que somos hoje.
É nos momentos de mudança que temos a certeza que o tempo voa, mesmo quando parece andar a passo de caracol.
Ele existe. Mas é tão rápido que a maior parte das vezes nem damos pela sua passagem, ora porque estamos demasiado concentrados na sua aparente lentidão ou porque estamos, de facto, entretidos a viver.
Cada novo começo traz consigo um breve olhar sobre o que ficou lá atrás e nos catapultou em direcção a esse momento de mudança.

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.”

Luís de Camões (1524 – 1580)

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