quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O amor é roma ao contrário

- O que é o amor?
- Já muito foi dito e escrito sobre o amor. Escritores e poetas e cientistas e homens do mundo tentaram em vão definir algo que – provavelmente – é indefinível. É algo que não se explica, sente-se. Talvez a melhor definição de amor – ou aquela cujas palavras estão mais próximas de transmitir o indefinível – foi a de Blaise Pascal “Le coeur a ses raisons, que la raison ne connaît point. On le sent en mille choses. C'est le cœur qui sent Dieu, et non la raison. Voilà ce que c'est que la foi parfaite, Dieu sensible au cœur.” Para além do amor, trata-se duma tentativa de explicar a fé por palavras. Mas como se explica o inexplicável?
- O amor pode ser definido. É a capacidade que uma pessoa tem de colocar o bem-estar de alguém à frente do seu. É a capacidade que duas pessoas têm de olhar juntas na mesma direcção e caminharem de mão dada com os mesmos objectivos. O amor é algo que se constrói. É algo que nasce no coração e se vai fortalecendo; porque à semelhança da rosa do Principezinho o que torna alguém tão especial são as vivências que se partilham. É um sentimento que nasce dum carinhoso tempo dispensado a regar algo que não se distingue, até se tornar no mais belo jardim.
- Não pode ser. O amor é algo que aparece! É algo que se sente! Poderá e deverá vir a ser fortalecido, mas – numa primeira instância - não cresce: surge! É como se de repente uma miragem dum jardim se nos deparasse à nossa frente e o que se vivencia tornará ou não esse jardim mais rico, mais variado e mais nítido do que a primeira visão.
- Acho que estás a falar de paixão…
- Mas o amor e a paixão andam de mãos dadas!
- Não creio. São duas coisas distintas. A paixão poderá evoluir para um amor duradouro, mas também se pode construir um delicioso jardim, sem que para tal tenha de haver borboletas no início…
- Não me parece. O amor tem de partir de algo mágico como a paixão. Não é algo que se possa construir, porque senão estaria a desmistificar-se a tal sensação inexplicável que só o coração compreende e a razão (por muito que se esforce) nunca conseguirá perceber. Amor é fazer sexo com quem se gosta.
- Então como explicas que seja possível gostar tanto - mas tanto, tanto - de alguém; quando no início apenas se sentia uma determinada empatia? Como explicas que surja essa tal loucura apaixonante, ao fim de tanto tempo em que se conhece alguém?
- Não sei. Não se explica. Mas eu acho que o amor – aquele amor romântico de que falamos – é uma avalanche! É algo que surge do nada e - se realmente surge duma construção - creio que as pessoas se apercebem assim de repente, como se se deparassem com um magnifico castelo. Podem até ter sido elas a construir pedra por pedra, mas só quando ele está colossal é que as pessoas se apercebem e, depois, claro, que a partir daí poderão e deverão melhorar cada pedra, cada flor, cada bocadinho do que constitui o castelo. Não sei…
- Nem eu! Lá está não se percebe, não se explica, sente-se! Percebeste?
- Hum, nem por isso! Mas percebi que vocês também não percebem…

Um comentário:

  1. Nana:

    tendo a ser adepto do chamado "amor construído".
    É que nas coisas da paixão e borboletas iniciais, as pessoas esquecem que por muito forte que seja, sem um projecto de vida comum, sem entre ajuda entre o casal, a paixão e as borboletas vão-se num instante.

    Por isso, embora admita que uma paixão possa dar certo, se der, é por sorte e não por uma escolha consciente de que o outro é a pessoa ideal para passar o resto da vida...

    Claro que aqui o objectivo é escolher uma pessoa com quem construir uma vida em comum... Esse objectivo não é geral a todos. Há quem queira só andar apaixonado, nem que seja por 15 dias...

    Por isso há tanta diversidade na definição de amor...

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