Creio que o grande mal da cultura ocidental é a solidão.
As pessoas rodeiam-se de diversos meios de comunicação para estarem sempre em contacto com o mundo. Mas no meio de tantos tarifários tentadores, no meio de tanta rede social, no meio de tudo à distância dum click, no meio do fácil e rápido, as pessoas sentem-se sozinhas. Vivemos simultaneamente em contacto com todo o mundo e afastados de tudo.
Nunca antes foi tão rápido atravessar continentes, nem nunca antes foi tão fácil ver ou ouvir alguém do outro lado do planeta. No entanto, ao invés de nos sentirmos mais preenchidos sentimos um enorme vazio. Uma solidão esmagadora que nos invade.
“Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.”
Eugénio de Andrade (1923 - 2005)
Ouvimos mas não escutamos, vemos mas não observamos… As pessoas querem estar em contacto. Não conseguem estar sozinhas. Não conseguem sair do ritmo frenético em que se viciaram. Não conseguem parar! Desfrutar da sua própria companhia. É a fast society em que vivemos. Tudo está perto mas estamos a oceanos de distância uns dos outros. Por as pessoas não conseguirem estar sós são invadidas por uma enorme solidão.
É a sociedade de plástico em que é mais importante termos fotos giras para mostrar aos outros no facebook, do que realmente estarmos nesses instantes a 100%; é mais importante fazermos um casamento em grande e expormos toda a festa, do que termos certeza de quem somos e estarmos certos do que queremos. E no meio de tudo isto continuamos a sentir-nos terrivelmente sós. Ansiamos pela companhia de alguém. Como se alguém nos fosse completar ou salvar-nos desta letargia em que lentamente nos afundamos.
Depositamos expectativas, ânsias, desejos num hipotético alguém. E nas entranhas fundas do olhar de cada um há uma réstia de esperança.
Conseguimos pequenas doses de compreensão ou cumplicidade. Essas esporádicas doses são a droga dos conformistas e a tortura dos insatisfeitos. Queremos sempre mais, mais, mais!
Será possível sentirmo-nos satisfeitos?
Foda-se o facebook! Fodam-se todas as redes sociais! Foda-se quem olha mais para o umbigo do vizinho do que para o seu. Foda-se quem se preocupa com o que os outros fazem. Fodam-se os preconceitos e os preconceituosos. Foda-se quem finge que não vê. Fodam-se os que têm a mania das grandezas. Foda-se quem acha que é melhor do que os outros. Foda-se quem acha que somos o dinheiro que ganhamos.
FODA-SE!!! Tough day hã?!
Tás má como o caraças... Nana, eu acredito que o vazio pode ser completado. Só temos de adaptar o invólucro àquilo com que queres preencher.
ResponderExcluirNão se pode alimentar expectativas em relação a ninguém ou a nada. Assim, tudo o que de bom aparecer saberá como uma agradável surpresa.