Já não sei se adoro as paisagens áridas do filme ou se essa minha paixão nasceu depois de o ver.
Colossal! Uma das melhores adaptações cinematográficas dum gigante da literatura. O filme supera o livro de tão belo que é. Cada gesto, cada expressão, cada diálogo são esmagadores. Todo o filme é feito de deliciosos pormenores acompanhados pela divina banda-sonora.
A intensidade do filme cresce a cada instante.
O olhar perdido do protagonista passa pelo desprezo, paixão, desespero e tristeza. Uma tristeza infinita espelhada num rosto disforme cuja única alegria são memórias de momentos passados a sobrevoar o deserto sob um sol escaldante.
Há algo de mágico no deserto. Um intimismo naquelas ondas de areia que delimitam onde inicia e termina o Céu.
A par do deserto andam as imagens duma Itália num pós-Segunda Guerra. Uma Itália de aldeias rústicas com pequenos jardins e lindas igrejas.
O filme tem cenas inesquecíveis: quando é anunciado o fim da Guerra, a música funde-se com as imagens de forma perfeita; um diálogo terno e esclarecedor e uma certeza amarga no regresso à gruta dos nadadores para cumprir uma derradeira promessa; um Natal escaldante; um tão desejado banho de chuva; uma tempestade de areia absolutamente apaixonante e tantas outras impossíveis de descrever. Todas estas sequências são perfeitamente encaixadas na melodia.
Este é daqueles filmes aos quais vou querer voltar sempre. É um daqueles filmes eternos que não nos cansamos de ver e rever vezes sem conta.
Poucos filmes ficam na memória de forma tão marcante como esta obra-prima.
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