Há dias deixei uma sábia frase de Anais Nin sobre o incessante movimento a que todos estamos sujeitos ao longo do percurso e sobre a vontade que temos em eleger um estado e permanecer nele.
A propósito dessa escolha, surge a questão se é possível escolhermos ser felizes.
Para tentar responder a uma questão desta envergadura é, antes de mais, necessário compreender o que é a felicidade. A felicidade não será um estado permanente a que se aspira, mas sim pequenos momentos de intensidade.
O que caracteriza então a sensação de felicidade?
Diria que o principal ingrediente seria a uma certa sensação de liberdade que só conseguimos sentir em determinados momentos ou situações ou com determinadas pessoas.
A liberdade pura transmitir-se-ia por uma ausência de dependência de tempo e de bens materiais. No mundo em que vivemos é extremamente difícil que não nos sintamos com frequência escravos duma ou outra coisa. Daí que o estado de felicidade se traduza em pequenos cumes numa vivência.
Quando se aspira à felicidade plena e permanente, aspira-se na realidade a um estado de serenidade. Para atingir esse estado de serenidade ou paz interior é, acima de tudo, necessário aceitar o mundo tal como este se nos apresenta. Aceitar cada experiência que nos atravessa tal como ela é. Vivê-la intensamente, despojados daquele desejo de que a mesma permaneça. Porque cada experiência é isso mesmo: uma experiência, ou seja, não permanecerá no tempo e espaço; apenas ficará na nossa mente, no nosso ser, como parte intrínseca de quem somos.
É frequentemente difícil a aceitação deste facto.
As incertezas que acompanham a caminhada no mundo actual aliadas ao frenesim diário e à frequente ausência de auto-conhecimento transmitem sensações de angústia e, por vezes, até incapacidade face ao que nos acontece. Essas angústias e receios levam-nos a desejar a tal permanência num determinado estado.
A única maneira de nos libertarmos dessa sensação é aceitação. A aceitação é a chave de tudo. A aceitação leva-nos a conhecermo-nos melhor a nós próprios e ao mundo que nos rodeia e, consequentemente, leva-nos a que a caminhada diária seja feita com tranquilidade.
E a melhor maneira nos tornarmos mais tolerantes, mais conscientes do mundo que nos rodeia é viajar. Pode ser uma viagem através dum livro, dum filme, da nossa própria mente. Viajamos com o olhar, com as sensações que nos atravessam.
As viagens são pontos de encontro connosco próprios.
“People are as happy as they make up their minds to be.” Abraham Lincoln
De conversas inspiradoras surgem bons posts. :) Na realidade acho que se feliz depende de nós e de tudo o que nos rodeia. Daí mudarmos de acordo com o que nos envolve, sejam pessoas, locais ou acontecimentos. A busca da nossa essência é algo interminável, logo nunca atingimos o topo da pirâmide, pelo menos não de uma forma constante, apenas por momentos. Acho que a certa altura da vida, todos precisamos de um retiro género "Into the Wild", a idade não interessa, pode ser a qualquer altura. E acho que a minha altura é mesmo esta...uma viagem de 6 meses onde mudou muita coisa, suponho que tenha acontecido com toda a gente, e o fim de tudo isto assusta, mais do que assustar o que se impõe agora: "E agora? Que quero fazer? Onde quero estar?"...
ResponderExcluirGostei muito. E sim, podemos escolher ser felizes.
ResponderExcluir